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Religioso e pai de 9 filhos: Rivers encerra carreira sem jogar o Super Bowl

Joe Sargent/Getty Images/AFP
Imagem: Joe Sargent/Getty Images/AFP

Lucas Tieppo,

colaboração para o UOL, em São Paulo

21/01/2021 04h00

Resumo da notícia

  • Philip Rivers anunciou a aposentadoria após 17 temporadas na NFL
  • O camisa 17 defendeu apenas duas franquias: San Diego Chargers e Indianapolis Colts
  • Rivers nunca disputou um Super Bowl, mas é um dos melhores quarterbacks do século
  • Quarterback disputou 240 jogos seguidos, a segunda maior marca da história da liga

O quarterback Philip Rivers anunciou ontem (20) sua aposentadoria após 17 temporadas como jogador de futebol americano. Selecionado na quarta posição do Draft de 2004 pelo New York Giants e trocado logo em seguida para o San Diego Chargers por Eli Manning, Rivers defendeu os Charges por 16 anos e encerrou a carreira após uma temporada no Indianapolis Colts.

O atleta de 39 anos foi eleito oito vezes para o Pro Bowl - o jogo das estrelas da NFL, levou o prêmio "Comeback Player of The Year" em 2013 e está na quinta colocação nos rankings de jardas passadas (63.440) e passes para touchdown (421), porém, nunca disputou um Super Bowl na carreira. Ainda assim, deverá ser eleito para o Hall da fama da liga nos próximos anos.

O quarterback defendeu apenas duas franquias na carreira: 16 anos no San Diego/Los Angeles Chargers e a derradeira campanha pelo Indianapolis Colts. Rivers disputou os playoffs sete vezes e participou de apenas uma final de Conferência, na temporada 2007, quando foi derrotado pelo New England Patriots, de Tom Brady. No total, ganhou cerca de 244 milhões de dólares em salários (R$ 1,3 bilhões).

"Foi incrível. Uma criança do norte do Alabama que cresceu querendo jogar futebol americano profissional. Eu consegui fazer isso. Este é o primeiro ano em que sinto que está realmente terminando. Isto parece certo", disse Rivers em entrevista ao The San Diego Union-Tribune.

Confira algumas histórias de um dos mais importantes jogadores da NFL no século:

Pai de nove filhos

Rivers é católico fervoroso e tinha na família a base para seguir sua atuação como atleta profissional. O ex-atleta é casado com Tiffany, sua namorada dos tempos de ginásio, e juntos tiveram nove filhos - sete meninas e dois meninos. Isso mesmo, nove filhos. A primeira, Halle, nasceu quando o casal ainda estava na faculdade.

"Eu acho que foi realmente a vontade de Deus. Estávamos abertos a isso. Certamente não tinha um número (de quantos filhos queria ter). Ainda não tenho", disse Rivers em entrevista ao site The Indy Star.

Em uma entrevista ao site oficial dos Chargers, o ex-jogador explicou como os filhos serviam de motivação. "Quando você tem um dia ruim, ou temos uma derrota difícil, mas você chega em casa e há giz na calçada, patinetes e bicicletas, todas essas coisas espalhadas pela calçada, eu pensava: 'Tudo vai ficar bem. Tudo está bem", lembrou.

A família Rivers possui 11 membros no total, o número exato de uma unidade ofensiva da NFL. Assim, o site Madden School, especializado em NFL, disponibilizou jogadores com os nomes da esposa e filhos do quarterback e criou um time só para River.

Católico fervoroso

O agora ex-quarterback nunca escondeu que leva a religião muito a sério. Católico praticante e apoiador do partido Republicano nos Estados Unidos, o veterano disse, em entrevista à ESPN norte-americana, que o dia escolhido para anunciar a aposentadoria não foi ao acaso.

No dia 20 de janeiro é comemorado o Dia de São Sebastião, considerado o padroeiro dos atletas e militares.

"Todo ano, o 20 de janeiro é um dia especial e emocionante. É dia de festa de São Sebastião, o dia em que joguei o campeonato da AFC (Conferência Americana) sem ligamento, e agora o dia que, depois de 17 temporadas, anuncio minha aposentadoria da Liga Nacional de Futebol. Obrigado, Deus, por me permitir viver meu sonho de infância de jogar como quarterback na NFL", afirmou.

Jogou final com lesão grave no joelho

Selecionado no Draft de 2004, Rivers chegou ao San Diego Chargers como reserva de Drew Brees, outro astro que deve se aposentar em breve. Depois de dois anos nesta condição, o ainda jovem atleta aproveitou o espaço deixado pelo concorrente e assumiu a titularidade para a temporada 2006. Foram quatro idas consecutivas aos playoffs, sendo que em 2007 eles chegaram mais próximos de ir ao Super Bowl.

Ainda como San Diego Chargers, a equipe chegou à final da Conferência Americana e enfrentou o New England Patriots. Rivers e seus companheiros acabaram derrotados por 21 a 12, mas o quarterback deixou o campo ovacionado pela torcida.

O camisa 17 sofreu uma grave lesão ao romper os ligamentos cruzados do joelho durante a partida contra os Patriots. Ainda assim, ele seguiu em campo até o fim. Essa atuação foi eleita uma das dez melhores em um documentário produzido pela NFL.

Não deixa de disputar um jogo desde 2006

Além dos números que o colocam entre os melhores quarterbacks da liga no século, a longevidade de Rivers é algo a ser destacado. Ao assumir a titularidade dos Chargers em 2006, o camisa 17 atuou em todos os jogos das 15 temporadas seguintes. São 240 confrontos de temporada regular consecutivos como titular, atrás apenas de Brett Favre, com 297.

Ao somar os jogos de playoffs, a marca sobe para 252 partidas.

Neste período, ele sofreu lesões, como o rompimento de ligamento na final contra os Patriots, e outras mais leves, mas nenhuma o fez deixar de disputar um jogo. No total, ele entrou em campo em 256 partidas de NFL.

Futuro como técnico colegial

O futuro de Rivers depois carreira de jogador profissional já está definido. Ele será o treinador principal da Saint Michael Catholic High School, em Fairhope, Alabama. O contrato estava assinado desde o ano passado e ele deverá treinar o seu filho Gunner, assim como seu pai, Steve, fez com ele anos atrás.

"Eu posso sentar aqui e dizer 'eu posso lançar, eu amo jogar', mas isto (a vontade de treinar um time colegial) sempre estará lá. Eu estou empolgado de ir treinar um time de futebol americano colegial. Foi o que eu sempre quis e a vontade está crescendo. Eu não posso esperar", disse em entrevista ao The San Diego Union-Tribune.