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Lito Cavalcanti

GP da Áustria, no começo de julho, pode abrir a Fórmula 1 2020

Max Verstappen no GP da Áustria de Fórmula 1 em 2019 - Joe Klamar/AFP
Max Verstappen no GP da Áustria de Fórmula 1 em 2019 Imagem: Joe Klamar/AFP

04/05/2020 09h22

Ainda não há confirmação, mas são inegáveis os progressos da Fórmula 1 na direção da abertura do campeonato no dia cinco de julho, com a realização do Grande Prêmio da Áustria. A palavra final, segundo o ministro da saúde Rudolf Anschober, depende do protocolo que será apresentado às autoridades.

O plano dos organizadores, liderados por Helmut Marko (que se divide entre as funções de conselheiro da Red Bull, organizador do Grande Prêmio da Áustria e empresário do setor hoteleiro), prevê procedimentos extremamente rígidos.

Pelo calendário oficial, o GP austríaco será no dia 5 de julho, seguido pelo da Inglaterra no dia 19. O novo plano é realizar duas corridas na Áustria, nos dias 5 e 12 de julho, para recuperar o tempo perdido. A seguir, um fim de semana de folga e mais duas corridas na Inglaterra, nos dias 26 de julho e 2 de agosto. Nada foi oficializado até agora.

Nessa etapa inaugural, cada equipe terá apenas 60 pessoas no circuito e 20 de reserva no hotel, de onde só sairão para substituir alguém que tenha problemas de saúde. As escuderias chegarão ao autódromo em horários diferenciados e se manterão separadas uma das outras.

Os motor homes luxuosos ficarão em casa. Só serão permitidos deslocamentos entre os hotéis e a pista, e ao chegar todos irão diretamente para os quartos, já que os bares e restaurantes dos hotéis não funcionarão. Toda a alimentação ficará a cargo das equipes de catering, o que limitará a circulação.

Uma das facilidades da pista austríaca é a presença de um aeroporto e estrutura hoteleira nas imediações do circuito, que não tem nenhuma metrópole nas cercanias. Serão utilizados voos charters, mas só será permitido o embarque depois de se medir a temperatura de cada passageiro, uma operação que se repetirá diariamente na chegada ao autódromo.

Como já se previa, ambas corridas serão fechadas ao público e à imprensa. Será admitido apenas o pessoal imprescindível à transmissão de TV. Só participará da segunda corrida, no dia 12 de julho, quem trabalhar na primeira.

Soluções de emergência serão novo padrão

Essas medidas estão sendo vistas no meio da Fórmula 1 como modelo para as provas seguintes, pelo menos no continente europeu. A elas, por sinal, pode-se juntar também o GP da Alemanha, que havia sido excluído em 2020. Os organizadores propõem uma etapa em Hockenheim, desde que as despesas sejam bancadas pela Liberty Media, a promotora da F1, que não parece gostar da ideia, mas não se atreve a rejeitá-la de imediato.

As realizações destas etapas, contudo, não parecem tão viáveis quanto a da Áustria, que seria financiada pela Red Bull, a proprietária do autódromo. Stuart Pringle, CEO de Silverstone (sede do GP da Inglaterra), se diz entusiasmado com a intenção do governo de retomar eventos esportivos, mas há problemas a contornar.

Um percentual expressivo dos funcionários do autódromo foi mandado para casa e precisaria retornar ao trabalho em tempo. Além disso, o corpo de voluntários, composto majoritariamente por idosos, representa grande parte da força de trabalho durante os eventos. É pouco provável que estejam disponíveis nas proporções habituais.

A isso se soma também a necessidade de apoio médico na pista e da disponibilidade de hospitais equipados com UTIs, o que pode não ser viável nem bem aceito pelo público em tempos de pandemia.

Teto orçamentário ainda indefinido

Decorrido o mês de abril, a Fórmula 1 ainda não decidiu qual o valor do limite orçamentário que implantará em 2021. Objeto de disputa entre as três equipes grandes e as sete restantes, este teto de gastos já foi reduzido de US$ 170 milhões (cerca de R$ 925 milhões) para US$ 145 milhões (cerca de R$ 790 milhões) no primeiro ano e US$ 130 milhões (cerca de R$ 710 milhões) a partir de 2022.

Depois de duas longas teleconferências com as dez equipes e a Liberty Media, a FIA procedeu a diversas consultas individuais e preferiu adiar uma decisão. Para a McLaren, que lidera as equipes menores, o máximo aceitável é de US$ 100 milhões (cerca de R$ 550 milhões). A Ferrari, principal equipe da Fórmula 1, rejeita um rebaixamento tão intenso.

Jean Todt, que exerce seu último mandato como presidente da FIA, já deixou claro que considera exagerados até mesmo US$ 100 milhões. Chegou a citar uma modificação radical nas regras e abandonar os atuais motores híbridos, apontados como o causador da espiral inflacionária que assola a categoria. Mas até agora não se manifestou.

Segundo fontes da entidade, Todt optou por retardar sua decisão para ter tempo para aperfeiçoá-la. Há quem diga, porém, que a demora provém da necessidade de negociar com a Ferrari. A escuderia italiana tem, por contrato, o direito de vetar modificações nas regras.

Advogados ligados ao automobilismo afirmam que esse veto só pode ser aplicado a alguns temas, e o teto orçamentário não estaria entre eles. Assim, bastaria à FIA ter voto favorável de seis das dez equipes que hoje compõem o grid para aprovar qualquer mudança. E as contagens mais recentes apontam para um 7 a 3 a favor das equipes menores.

Mas se for esse o resultado da votação, existe o risco da Ferrari deixar a Fórmula 1. Não foi a primeira vez que a escuderia italiana fez tal ameaça, mas também não seria a primeira vez que a FIA voltaria atrás.

É esperar para ver.