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Tales Torraga

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

River já afastou 314 sócios em 2022; punir racismo será 'questão de honra'

Um torcedor racista do River Plate foi flagrado jogando uma banana nos torcedores do Fortaleza que estavam no estádio para o jogo entre os times - Reprodução Web
Um torcedor racista do River Plate foi flagrado jogando uma banana nos torcedores do Fortaleza que estavam no estádio para o jogo entre os times Imagem: Reprodução Web

Colunista do UOL

14/04/2022 08h18

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O River Plate está em uma verdadeira cruzada contra os torcedores violentos neste ano. E depois de ontem (13), quer usar também o episódio racista diante do Fortaleza para seguir demonstrando que é um clube de "tolerância zero" com comportamentos do tipo.

A coluna apurou que a nova presidência do River, encabeçada por Jorge Brito, em seu quinto mês de mandato, repete sempre "que é o futuro do River que está em jogo" quando acontecem tais atos. O de ontem no Monumental de Núñez soma-se às garrafadas nos jogadores do Boca ao perder o último "superclássico" há 20 dias.

O clima nos estádios argentinos é bélico desde a retomada da presença do público, algo que a coluna vem alertando nos últimos meses. O próprio River x Boca contou também com inúmeros tumultos nos arredores do Monumental e constantes tentativas de invasão daqueles que não tinham ingresso.

É para frear esta animosidade que o River tenta castigar duramente os torcedores encrenqueiros, impedindo suas entradas no Monumental pelos próximos meses. Depois do episódio das garrafadas, por exemplo, 314 sócios foram banidos das "listas de admissão", como a Argentina chama a relação dos sócios habilitados a comprar suas entradas.

O River se considera "um clube mundial com sede na Argentina", e uma resposta à altura para combater o episódio racista será uma "questão de honra" para a nova presidência.

O gigante de Núñez mantém uma custosa estrutura para acolher visitantes estrangeiros em seu museu (um dos mais modernos do futebol sul-americano) e organiza filiais de torcedores em países como Colômbia, Uruguai e Chile, aproveitando o sucesso de ex-jogadores de tais nacionalidades que passaram pelo clube.

Argentinos que vivem na Europa e nos Estados Unidos também têm seus espaços de encontro — nas redes sociais, postagens lamentando o ocorrido e cobrando uma punição invadiram a madrugada, algo que o clube certamente vai levar em conta ao acelerar a identificação e a resposta ao ato racista.

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Enzo Perez, volante do River, divide bola contra o Fortaleza no Monumental de Núñez
Imagem: Fotobairesarg/Fotobairesarg/AGIF

Como foi

O River Plate venceu o Fortaleza ontem (13) por 2 a 0, em casa, em jogo válido pela fase de grupos da Libertadores. Durante o jogo, um torcedor do time argentino foi flagrado praticando ato racista. O homem atira pedaços de banana em direção ao setor onde estavam os torcedores do Fortaleza no estádio enquanto dá risada e provoca os brasileiros.

Outros torcedores do River Plate que estavam ao lado dele também deram risada. O racista, depois de jogar a banana, faz gestos de beijo, dá tchau para a torcida brasileira e mostra uma camisa da seleção argentina. A cena foi registrada por outros torcedores que postaram o vídeo em redes sociais.

Depois do jogo, o Fortaleza postou mensagem em suas redes sociais repudiando o ocorrido na Argentina. "O Fortaleza Esporte Clube repudia, de forma veemente, o ato de racismo e xenofobia ocorrido no Estádio Monumental de Núñez por um torcedor da equipe local. O clube foi bem recebido, a torcida desfrutou Buenos Aires por inteira e o crime, em específico, machuca o esporte.", escreveu o clube.

O River Plate também usou suas redes para repudiar o episódio e confirmar que já está tentando identificar o homem para adotar as punições cabíveis.