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Bia Haddad Maia campeã em Nottingham: um título que mostra maturidade

Reuters
Imagem: Reuters

Colunista do UOL

12/06/2022 15h31

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Mais importante do que comemorar o título do WTA 250 de Nottingham, o melhor ranking da carreira, ou mais uma vitória sobre uma top 5, é importante comemorar a maturidade de Beatriz Haddad Maia.

O título viria cedo ou tarde, pois Bia já vinha mostrando um nível de tênis alto o suficiente para conquistar um WTA. Ainda assim, levantar o troféu esta semana, em Nottingham, ao bater Alison Riske por 6/4, 1/6 e 6/3 na final, é bom porque tira o peso dos ombros da paulista e a expectativa de sua mente.

Vencer outra top 5, ou, neste caso, bater novamente a grega Maria Sakkari, é ótimo. Inegável. É, aliás, a quinta vitória seguida de Bia sobre uma top 5, uma rara estatística que muitas dos melhores tenistas de hoje não têm no currículo.

O ranking também é importante, evidentemente. Bia se aproxima do top 30 e, com o título desta semana, provavelmente vai ser cabeça de chave em Wimbledon (até porque russas e bielorrussas que estão à sua frente não competirão na grama de Londres), e esse status abre uma janela maior de oportunidade nos slams.

Acima de tudo isso, porém, é importante observar que Bia foi campeã em Nottingham jogando um tênis sólido, consciente, e sem precisar fazer nada espetacular. Calma, leitores. Não é uma crítica. Quando digo que Bia foi campeã "sem fazer nada de espetacular", faço um elogio e não uma reclamação. É importante notar que a brasileira bateu uma top 5, venceu sua primeira final de WTA na grama e o fez sem jogar no limite.

Bia não foi campeã porque teve uma semana extraordinária ou jogou o melhor tênis que ela poderia imaginar. A paulista não fez 500 aces nem 300 winners (como Ostapenko em Roland Garros). Bia foi campeã porque jogou um tênis consistente, inteligente e sóbrio. Bia foi campeã porque soube administrar os altos e baixos. Nos altos, não se deixou empolgar demais. Nos baixos, não se afundou. Soube navegar emocionalmente muito bem nas ondas que normalmente aparecem ao longo de uma semana de partidas.

Bia soube evitar os dois extremos, e isso é mais do que podemos dizer de muitas tenistas da elite de hoje. Por isso, merece muitos elogios pela conquista desta semana. Sim, teria sido fantástico vencer com 437 winners, mas o título de Nottingham, como veio, mostra seu amadurecimento técnico, tático e, sobretudo, mental. Este, para mim, é o maior mérito da semana.

Coisas que eu acho que acho:

- Ponto negativo para a ESPN, que não mostrou a final da brasileira. É obviamente compreensível que o grupo Disney esteja investindo pesado no Star+ e queira atrair para sua plataforma de streaming o maior número possível de assinantes, mas ter a opção de mostrar o jogo de uma brasileira disputando uma final de WTA e não fazê-lo é, para mim, muito pequeno para uma empresa do tamanho da Disney.

- Ainda sobre essa questão, o narrador Fernando Nardini fez este fio no Twitter com ótimas ponderações. Entendo, mas como consumidor (e com acesso ao Star+), sigo discordando. Não é questão de pedir tanto mais, mas o cenário, a meu ver, pedia mais. Uma rara final com uma brasileira. No caso, a primeira final de uma brasileira em um torneio de grama desde 1968. E que terminou com um raríssimo título de uma brasileira na WTA.

- Badalar e mostrar os jogos de Bia, no momento, só faz crescer o interesse do público pelo tênis. O brasileiro, historicamente, gosta mais de vencedores do que de modalidades. Logo, mostrar uma campeã acende essa chama. Aumenta o interesse. E quem ganha com esse interesse, lá na frente, é a plataforma que tem os direitos de quase tudo, ou seja, o Star+. Tenho lá minhas dúvidas se não mostrar a final deste domingo na ESPN (ou seja, em cabo/TV fechada) ajuda a causa do grupo Disney na venda do Star+.

- Como avisei no post anterior, os textos estarão mais curtos por aqui nos próximos dias. Espero voltar a digitar normalmente em breve.

- Som de hoje no meu Kuba Disco: One Step Ahead, de Jack Johnson, porque never mind all the noise going through your head.

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