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Presença de Djokovic é alívio para a USTA (e talvez para a história)

Reuters
Imagem: Reuters

Colunista do UOL

14/08/2020 04h00

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Quando Novak Djokovic divulgou, nesta quinta-feira, sua decisão de disputar o US Open, é muito provável que na sede da USTA, federação americana de tênis e organizadora do torneio, as reações tenham sido mais de alívio do que de comemoração. É óbvio que a essa altura das coisas o slam estadunidense aconteceria de qualquer maneira, mas a presença do atual número 1 do mundo dá peso e sobretudo legitimidade ao torneio. Além disso, pode alterar como será registrado nos livros de história o campeão deste evento disputado em condições nada comuns.

Djokovic levará para Nova York o peso de um tenista campeão de 17 slams em simples e o status de (no mínimo) um dos maiores nomes da história de seu esporte. Constatar isso é um tanto óbvio, só que esse peso se faz ainda mais relevante em um US Open que já não tem a número 1 do mundo, Ashleigh Barty, além dos atuais campeões, Rafael Nadal e Bianca Andreescu. Roger Federer, já se sabia desde antes, não estará lá por causa de lesão. E a USTA, como já comentei aqui, fez o possível - inclusive abrir mão de protocolos mais rígidos - para ter mais nomes de peso.

A consequência que acredito ser a mais importante, no entanto, diz respeito ao tal do asterisco. É a pergunta que mais se faz ultimamente, enquanto a lista de desfalques deste US Open cresce (já são 28 ausências somando homens e mulheres): o campeão vai levar um asterisco? E a resposta, tendo o campeão como Djokovic, precisa ser "não". Por que haveria de ter? Porque Rafael Nadal e Roger Federer não estarão no torneio? Em slams, Nole venceu os últimos seis duelos com Federer e os últimos últimos três contra Nadal. O sérvio não perde para um de seus dois maiores rivais em torneios desse porte desde 2014. Por que agora ele mereceria uma nota de rodapé no capítulo do que pode ser seu 18º título de slam? Não faz sentido. Nem baseado em Rafa e Roger nem no que Wawrinka (outro desfalque) mostrou recentemente. Fora esse trio, os demais "candidatos habituais" estarão no US Open (se é que podemos chamar de "candidato habitual" alguém de fora do Big 3, mas esse é outro papo).

Entretanto, a questão do asterisco precisará ser analisada de outra forma se Djokovic não for campeão porque para o resto do circuito o cenário é radicalmente diferente sem Federer e Nadal. Afinal, o maior obstáculo para as gerações mais novas na tentativa de interromper o domínio do Big 3 (que foi Big 4 na época de Murray) foi quase sempre ter de superar dois dos grandes no mesmo torneio. Dominic Thiem já bateu Nole duas vezes em Roland Garros e superou Rafa em Melbourne este ano, mas perdeu ambas finais em Paris para o espanhol e tombou diante do sérvio na Austrália; Marin Cilic bateu Nadal no Australian Open, mas parou em Federer; Robin Soderling bateu Nadal e Federer em Paris em anos consecutivos, mas perdeu para o suíço e o espanhol, respectivamente, nas finais desses torneios; e Tomas Berdych conseguiu a proeza de eliminar Roger em Wimbledon, mas ficou com o vice, superado por Rafa. Os exemplos são vários e vêm desde 2007-2008, quando o Big Four começou a se formar.

Logo, se alguém de fora do Big 3 conquistar este US Open, é óbvio que cabe imaginar se este "intruso" teria ido tão longe se tivesse precisado superar dois dos maiores da história na mesma campanha. Só que isso leva a outra questão: é justo colocar essa "estrelinha" ao lado do nome do campeão do US Open da Pandemia? Essa é uma conversa para outro post, quem sabe, no dia 14 de setembro... Será?

Coisas que eu acho que acho:

- Para todo mundo ficar atualizado, seguem as listas mais recentes de desfalques do US Open, postadas pelo jornalista português José Morgado. Por enquanto, são 28 nomes. Existe a expectativa de mais abandonos, especialmente entre as atletas que estão competindo na Europa.

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