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Rodrigo Coutinho

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Falta de bom senso e ''goleiro louco''. A classificação da Austrália

Rodrigo Coutinho

Colunista do UOL

13/06/2022 18h08

Pela primeira vez na história a Copa do Mundo não será realizada no meio do ano. O motivo é a temperatura climática no Qatar em junho e julho. Mas o que a FIFA faz? Marca o jogo único de repescagem entre Peru e Austrália justamente neste local. O time da Oceânia superou os 31º em Al Rayyan e a frágil seleção peruana para chegar à sua quinta participação seguida em Copas Mundo. O destaque fica para o goleiro Redmayne e seu jeito peculiar de defender cobranças de pênalti.

A Austrália foi escalada pelo técnico Graham Arnold numa variação entre o 4-1-4-1 com a bola e o 4-4-2 no momento defensivo. Colocou Duke na frente para dar mais peso ao ataque. Já Ricardo Gareca montou o seu time num 4-1-4-1. Cueva e Trauco formaram o lado esquerdo.

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Como Austrália e Peru começaram a respescagem para a Copa do Mundo 2022
Imagem: Rodrigo Coutinho

O time da Oceânia foi superior no 1º tempo. Começou a partida adiantando a marcação e inibindo a tentativa de trocas de passes curtos dos peruanos. Forçava ligações diretas e dominava as ''segundas bolas'' no setor de meio-campo. Com a posse, os australianos mostravam organização. Por vezes tentavam o passe direto, pelo alto, para o centroavante Duke, que chegou a finalizar assim com perigo. Mas também saíam para o ataque com a bola no chão, de pé em pé, e interessante movimentação entre meias e pontas.

Mooy se aproximava do quarteto de defesa para auxiliar na distribuição. Leckie invertia de posição com Irvine pela esquerda. Hrustic flutuava bastante pela intermediária, e Boyle dava força e amplitude pela direita. Faltava uma terminação mais qualificada nos lances. Um pouco pela parte técnica deficiente, mas também por uma boa proteção de área dos sul-americanos.

Quando a Austrália recuou o bloco de marcação, já na segunda metade do 1º tempo, o Peru conseguiu trabalhar a posse no campo rival, mas era lento e previsível nos movimentos. Chegou a ter boas combinações com Carrillo e Advíncula pela direita, mas isso foi raridade. O normal foi um comportamento excessivamente comedido, sem arriscar, sem ter agressividade, preso na marcação rival.

O time peruano voltou um pouco mais agressivo na 2ª etapa. Intensificou os movimentos ofensivos, realizou mais infiltrações na defesa australiana, e só não criou chances pelas ótimas respostas dadas pela retaguarda dos ''Socceroos''. Lapadula fazia bons pivôs. Gareca sacou Carrillo e botou Edinson Flores aos 20'. Cueva invadiu a área pela esquerda logo depois e bateu na rede pelo lado de fora.

Vendo sua equipe cair fisicamente, o técnico australiano sacou Duke e abriu Mabil pela esquerda. Leckie foi jogar no centro do ataque. O time reagiu, reequilibrou as coisas e voltou a ser mais presente no campo de ataque, mas novamente sem precisão. Behich chegou bem perto de marcar aos 39'. Saiu da esquerda para o meio com a bola dominada, passou por dois e bateu colocado rente à trave esquerda. Gallese evitou o gol de Hrustic na sequência, após bela jogada de Mabil pela esquerda.

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Andrew Redmayne, goleiro da Austrália, durante pênaltis na partida contra o Peru
Imagem: Mohammed Dabbous/Reuters

A partida foi para a prorrogação e o calor castigou o físico das duas seleções. Isso prejudicou demais o nível que já não era alto. Flores, entrou ao longo do 2º tempo e tinha as pernas mais ''frescas'' conseguiu construir duas boas jogadas no tempo extra. Primeiro finalizando da entrada da área e depois mandando uma forte cabeçada na trave esquerda.

O jogo acabou indo para os pênaltis e o goleiro Redmayne, com seu estilo folcolórico, entrou em campo no lugar de Ryan. Ele demorou para defender uma penalidade, mas quando fez, foi decisivo. Parou o atacante Valera no sétimo penal cobrado pelo Peru e colocou o seu país no Mundial.