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F1: Bandeiras vermelhas ao mesmo tempo salvaram e criaram caos na Austrália

Max Verstappen à frente de Lewis Hamilton no GP da Austrália - Robert Cianflone/Getty Images
Max Verstappen à frente de Lewis Hamilton no GP da Austrália Imagem: Robert Cianflone/Getty Images

Colunista do UOL

02/04/2023 08h55

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O GP da Austrália vai ficar marcado pelos acidentes que causaram três bandeiras vermelhas que acabaram salvando uma prova que tinha vários ingredientes para ser bem mais morna. Até Kevin Magnussen ir para o muro e deixar pedaços de seu pneu espalhados pela pista, parando a corrida a quatro voltas do final, Max Verstappen só controlava o ritmo na frente, e Fernando Alonso não conseguia se aproximar o suficiente para ameaçar a segunda colocação de Lewis Hamilton. Mais atrás, as posições também tinham se estabilizado, salvo uma briga ou outra pelas últimas colocações no top 10.

Verstappen tinha perdido a liderança na primeira largada, segundo ele, por ter sido mais cauteloso que os pilotos ao seu redor, as duas Mercedes, porque "eles não tinham nada a perder", diferentemente dele. Líder do campeonato, ele tinha uma grande chance de abrir em relação ao companheiro Sergio Perez, que largou do pitlane e acabou chegando em quinto.

As Mercedes tentavam se defender com o líder George Russell ficando perto de Lewis Hamilton para que ele pudesse abrir o DRS e, com isso, ter qualquer chance de segurar Verstappen. A tática funcionou até que uma batida de Alex Albon trouxe primeiro o Safety Car e depois, pela quantidade de detritos que estavam na pista, a bandeira vermelha.

A Mercedes não antecipou isso, e tinha chamado Russell aos boxes. A parada o tirou da disputa pela vitória já que, com a bandeira vermelha, todos puderam trocar os pneus.

Verstappen colocou a ordem na casa e diz ter só administrado o ritmo

Na segunda largada, Hamilton se manteve na ponta, mas não ficaria ali por muito tempo. Verstappen o passou com facilidade, comprovando o que já tinha ficado claro nas primeiras provas: o DRS da Red Bull é mais poderoso que os demais. Sergio Perez vinha mostrando o mesmo mais atrás. Mesmo tendo sua estratégia atrapalhada pela bandeira vermelha, ele vinha abrindo caminho passando carros que também estavam com o DRS aberto. "Fiquei muito surpreso pela maneira como ele me passou na reta", reconheceu Norris, uma das 'vítimas' do mexicano.

A expectativa era de que Fernando Alonso, com um ritmo de corrida em teoria melhor que o da Mercedes de Hamilton, pudesse atacar o inglês no final. Mas um animado Hamilton, que se disse empolgado por voltar a disputar na frente do pelotão "depois de tantas corridas lutando por quintos lugares", conseguia manter sempre cerca de 2s de vantagem.

Segundo Alonso, era ele quem não conseguia chegar mais perto da Mercedes, em mais uma corrida em que os pilotos sentiram o efeito negativo da turbulência dos carros deste ano. "A verdade é que a corrida foi um pouco chata porque era difícil se aproximar do carro que estava mais na frente. Se não houvessem as bandeiras vermelhas, seria uma questão só de esperar que a bandeira quadriculada chegasse, porque ninguém chegava em ninguém".

São dois fatores aí. Os carros neste segundo ano de regulamento estão se desenvolvendo de maneira a gerarem mais turbulência, e o rendimento entre Mercedes, Aston Martin, Ferrari e, nesta corrida, até mesmo a Alpine, estava bastante parelho.

Mais na frente, Verstappen não escapou tanto quanto nas provas anteriores, mas disse ter optado pela cautela porque "ninguém sabia se os pneus iriam durar até o final", até pela falta de treinos livres significativos.

Relargada com pneus frios gerou final caótico

Ele acabou vendo sua vitória correr risco quando a direção de prova decidiu por uma bandeira vermelha e outra largada parada com quatro voltas para o final. Desta vez, Verstappen largou bem, Hamilton se manteve em segundo, e uma confusão fez algumas vítimas atrás dos dois, incluindo Alonso, tocado por Carlos Sainz. As duas Alpine bateram entre si, Perez foi parar na brita, Sargent encheu a traseira de De Vries. Tudo isso, claro, gerou outra bandeira vermelha e a decisão de fazer outra largada apenas para os carros cruzarem a linha de chegada.

Alguns pilotos questionaram a necessidade da bandeira vermelha pelo acidente de Magnussen, mas querem saber da FIA qual a justificativa. "Havia, sim, um pneu no meio da pista, talvez fosse difícil retirá-lo, ou algum problema na barreira. Vamos ver em Baku com a FIA o que aconteceu", disse Alonso.

Mas a grande reclamação foi pela decisão de fazer uma largada parada, quando a temperatura da pista estava mais baixa no final da prova, em um fim de semana de frio em Melbourne. "Fizemos a largada com pneus frios, o Safety Car deu uma volta super lenta - acho que estávamos a 100, 120km/h, em uma pista em que se sabe que o aquecimento dos pneus é muito ruim. Por isso que, quando todo mundo chegou com pneu frio no ar turbulento de quem estava na frente não conseguia parar o carro. Ninguém estava tentando bater de propósito. Todos estavam com dificuldade", explicou Verstappen.