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Com aposta diferente, Haas é primeiro time a mostrar pintura de 2023 na F1

Haas foi a primeira equipe a revelar a pintura do carro para a temporada 2023 da Fórmula 1 - Divulgação/Haas
Haas foi a primeira equipe a revelar a pintura do carro para a temporada 2023 da Fórmula 1 Imagem: Divulgação/Haas

Colunista do UOL

31/01/2023 11h02

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Primeira equipe a mostrar sua pintura para a temporada 2023 da Fórmula 1, a Haas vem se notabilizando em seus sete anos de história por escolher seu próprio caminho. Eles têm um modelo de negócio que usa ao máximo os limites do que se pode terceirizar na categoria, passaram a temporada de 2021 inteira sem mexer no carro para tentar se aproveitar da mudança de regras do ano passado, e agora terão a única dupla de pilotos acima de 30 anos em um grid com média de 27 e recheado de jovens estrelas.

Kevin Magnussen e Nico Hulkenberg terão a difícil missão de conseguir mais do que o oitavo lugar no campeonato de construtores do ano passado. Por um lado, a tendência é que Hulkenberg seja mais regular e encontre o muro menos vezes que seu antecessor Mick Schumacher.

Por outro, a Haas construiu esse oitavo posto muito em função dos pontos obtidos no começo da temporada, usando a vantagem de ter focado totalmente no carro de 2022 antes dos rivais diretos. E também das oportunidades perdidas pela AlphaTauri ao longo da temporada. A diferença entre os dois no final foi de apenas dois pontos a favor do time norte-americano, chefiado pelo carismático Guenther Steiner e que segue contando com Pietro Fittipaldi como piloto reserva e de testes.

Após o lançamento da pintura, o carro de verdade da Haas estará na pista dia 11 de fevereiro para o chamado shakedown, um teste curto para checar os sistemas do carro, que é permitido pelo regulamento. A pré-temporada da F1 terá apenas três dias e será realizada entre 23 e 25 de fevereiro no Bahrein, palco também da primeira etapa no final de semana seguinte.

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Pietro Fittipaldi, piloto de testes da equipe Haas na Fórmula 1 desde 2019
Imagem: Reprodução/Instagram

Haas terá de se preocupar com gastos de uma maneira diferente em 2023

Financeiramente, a posição da Haas é muito mais favorável do que no início de 2021, quando sua melhor opção foi acertar com os patrocinadores do russo Nikita Mazepin, filho de bilionário que vinha com um currículo complicado, e uma dupla de estreantes.

Desde o final do ano passado, o time conta com a parceira Moneygram como patrocinadora principal e deve conseguir gastar perto do teto orçamentário pela primeira vez (antes a grana era tão curta que eles nem tinham que se preocupar com o limite de pouco mais de 150 milhões de dólares). A marca ganha, claro, todo o destaque na pintura revelada nesta terça-feira.

Em termos de estrutura, a Haas hoje está numa posição mais sólida do que três ou quatro anos atrás, quando ficou claro que a F1 não se abriria para ter equipes que não fossem construtoras. Essa era a premissa inicial para a entrada dos norte-americanos, então poderia decretar o fim do time. Mas Steiner manejou bem a situação, e hoje a Haas tem instalações para projetar o mínimo que as regras obrigam (monocoque, carenagem, estruturas de segurança, assoalho, asas, assoalho, difusor e superfícies aerodinâmicas) sob o comando do competente Simone Resta trabalhando em um prédio adjacente à Ferrari, e bem próximo do túnel de vento ferrarista, alugado pelo time.

Assim, eles conseguem competir em pé de igualdade mesmo sendo a menor equipe do grid, com cerca de 200 funcionários.

No final das contas, a Haas está caminhando para ser eficiente em todas as áreas, algo que é premiado pelo teto orçamentário.

Equipe busca início de ano tranquilo após 'chacoalhão' de 12 meses atrás

Voltando a Mazepin, uma aposta certeira é que a Haas terá um começo de ano menos atribulado do que há 12 meses, quando a equipe se viu na necessidade de substituir o russo após a invasão russa na Ucrânia. Não que isso tenha sido de todo ruim para Gene Haas, que aproveitou para ficar com grande parte do patrocínio e se livrou de um piloto que não ajudou nem a imagem, nem os resultados de sua equipe.

A decisão tomada por Gene para substituir Mazepin acabou moldando a Haas para ter sua atual dupla. Ele ofereceu a vaga para seu ex-piloto Kevin Magnussen, de 30 anos, que já tinha deixado o sonho da F1 para trás.

A aposta pela experiência do dinamarquês deu frutos logo de cara, quando ele levou a Haas ao quinto lugar na primeira corrida do ano, então a escolha de outro veterano, Nico Hulkenberg, para substituir o agora piloto reserva da Mercedes Mick Schumacher em 2023 não surpreendeu.

Hulkenberg, de 35 anos, tinha negociado com a Haas algumas vezes no passado, mas as conversas sempre emperraram na parte financeira. Desta vez, o alemão encontrou no time norte-americano sua única chance de retornar ao grid, depois de três temporadas em que foi o "superssubstituto". As quatro provas em que entrou no lugar de titulares sem fazer feio mesmo com pouco tempo para se adaptar (duas em 2020 com a Racing Point e duas em 2022 com a agora Aston Martin, sempre no lugar de pilotos com covid) foram positivas para seu valor de mercado, e carimbaram seu passaporte de volta ao grid.

Hulkenberg é famoso, ainda, pelo recorde pouco positivo de maior número de corridas disputadas sem um pódio sequer. Depois da pole position de Magnussen em Interlagos, quem sabe ele não está no lugar certo para mudar a escrita em alguma prova maluca?