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F1 teve demonstração de força nos EUA mesmo com bastidores conturbados

Colunista do UOL

24/10/2022 04h00

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O GP dos Estados Unidos foi outra demonstração de força da Fórmula 1 no país ao mesmo tempo que a sensação geral dos bastidores é de que há muitos erros e pouca transparência, principalmente por parte da Federação Internacional de Automobilismo. Nunca o circuito tinha recebido tanta gente quanto no sábado, dentro da estratégia de Austin de atrair torcedores com grandes atrações musicais. Para se ter uma ideia, depois da classificação o trânsito era grande tanto para sair, quanto para entrar na pista e curtir o show do cantor inglês Ed Sheeran.

Essa estratégia vencedora começou quando o GP começou a dividir as atenções com a corrida do México em 2015. Percebendo que as vendas de ingressos tinham diminuído, os organizadores foram atrás de artistas, conseguiram Taylor Swift e mudaram a história da prova. Austin passou a ficar lotada, e passou também a ter horários diferentes, com a classificação bem tarde no horário europeu, só para reter o público dos show. E deu certo. Mesmo agora que eles dividem as atenções com Miami e, no ano que vem, com Las Vegas, a prova segue lotada. O que se falava em Austin é que, se os organizadores pudessem colocar mais 100 mil ingressos à venda, eles seriam vendidos.

Circulando pelo paddock desde a sexta-feira estava Brad Pitt, juntamente do produtor, diretor e roteirista de Top Gun: Maverick. Eles apresentaram para as equipes os planos de usar o mesmo tipo de cena de ação do sucesso de bilheteria, usando carros reais. A comitiva foi muito bem recebida e vai ter tapete vermelho quando a produção começar no ano que vem. Vamos ter até pilotos dando uma de atores, no melhor estilo 'Grand Prix', filme clássico dos anos 1960.

Quem também chamou a atenção foi Mario Andretti que, aos 82 anos, andou com uma McLaren no Circuito das Américas. Saiu reclamando da posição em que estava no carro, pouco confortável e com a cabeça presa de um jeito que prejudicava sua visibilidade. Ao redor dele, no entanto, a empolgação era enorme. "Lenda" era a palavra que mais se repetia no paddock, e os funcionários do circuito, que não podiam abandonar seus postos, pediam aos jornalistas que mandassem as fotos que tinham feito de Mario para terem uma recordação.

mario andretti - Julianne Cerasoli/UOL Esporte - Julianne Cerasoli/UOL Esporte
Mario Andretti andou com a McLaren no Circuito das Américas, aos 82 anos
Imagem: Julianne Cerasoli/UOL Esporte

Pilotos da Red Bull ouvem que são "trapaceiros"

O Circuito das Américas também foi testemunha do crescimento da F1 nos EUA nos últimos 10 anos. O público pode até vir atraído também pelos shows, mas tem muito conhecimento da categoria. Pior para os pilotos da Red Bull, que foram vaiados e ouviram berros de "trapaceiros" quando interagiam com a torcida.

Tudo por conta da espiral de notícias acerca do teto orçamentário, alimentada pela falta de informações oficiais e o bate-boca na mídia nas últimas semanas. A Red Bull, que conquistou o título de construtores em Austin, passou os últimos dias, desde que suas contas de 2021 não foram aprovadas, conversando com a FIA sobre as diferenças entre o que eles estão considerando no teto e o que a entidade computou. Se a equipe entender que não tem como fugir de uma punição, o melhor será entrar em acordo para minimizar a pena.

Até o presidente da FIA, Mohammed ben Sulayem, voltou ao paddock após duas corridas de ausência, e se certificou que as câmeras focariam nele, como de costume. Andou no paddock junto de Christian Horner, depois visitou os boxes da Mercedes. Até parecia que a decisão de fechar o acordo ou não com a Red Bull é competência dele. Mas não é. Cabe ao painel do teto orçamentário.

Toda a conversa no paddock dá conta de que esse acordo teria uma multa financeira e perda de tempo de desenvolvimento aerodinâmico no ano que vem. Lembrando que a Red Bull já é a equipe que tem menos tempo porque eles estão na frente no campeonato desde o final de junho, quando as proporções foram redefinidas.

Essa decisão, contudo, vai demorar um pouco mais, depois que a morte do co-fundador da Red Bull, Dietrich Mateschitz, provocou uma pausa nas discussões.

Os pilotos foram ouvidos após as reclamações sobre o GP do Japão e a FIA teve de fazer um mea culpa reconhecendo que o trator não deveria ter entrado na pista quando os carros corriam risco de aquaplanar e também vão rever o texto da regra que, todos só perceberam durante ou mesmo depois da corrida, estava escrita de maneira errada, permitindo que uma corrida com 50% das voltas dê 100% dos pontos. E os pneus de chuva, há tempo criticados internamente pelos pilotos, também passarão por uma revisão.