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Ferrari tinha tudo para dominar em Mônaco, mas admite falha na estratégia

Sergio Perez chora ao comemorar a vitória no GP de Mônaco da Fórmula 1 - Sebastien Bozon/AFP
Sergio Perez chora ao comemorar a vitória no GP de Mônaco da Fórmula 1 Imagem: Sebastien Bozon/AFP

Colunista do UOL

29/05/2022 16h16

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O GP de Mônaco tinha tudo para ser um passeio da Ferrari. Charles Leclerc e Carlos Sainz largavam na primeira fila com um carro que tinha se comportado muito bem nas ruas do Principado desde a sexta-feira, enquanto a Red Bull, mais com Max Verstappen do que com Sergio Perez, tinha sofrido com o comportamento do carro. Mas a chuva que chegou aos poucos quando os carros ainda estavam no grid e depois caiu com força mudou a cara do domingo.

O resultado da prova chegou a ficar em suspenso por 3h30 devido a um protesto da Ferrari, uma vez que ambos os pilotos da Red Bull teriam tocado na linha amarela que delimita a saída dos boxes, o que não é permitido pelas regras. No entanto, após a avaliação do protesto, ficou determinado que o vencedor Sergio Perez não tocou a linha e que Max Verstappen, o terceiro colocado, não chegou a cruzá-la. Portanto, nenhum dos dois infringiu as regras.

A demora ocorreu porque o que é considerado cruzar a linha mudou de 2021 para 2022, mas não havia sido atualizado nas notas da direção de prova. Pela nova regra da FIA, cruzar a linha e ter qualquer um dos pneus passando totalmente para o outro lado da linha. Antes, só era necessário o pneu entrar em contato com ela.

Como a chuva complicou a vida da favorita Ferrari

É fato que, quando se larga em primeiro com este tipo de cenário de tempo incerto, quem está na frente tem a vantagem de não sofrer com o spray de quem vem atrás, mas ao mesmo tempo é quem tem mais a perder na hora de decidir o momento certo de trocar os pneus de pista seca. E foi isso o que Leclerc viveu. Ele teve a mesma leitura de corrida do companheiro Sainz, de que seria melhor trocar os pneus de pista molhada para os de pista seca sem passar pelos intermediários. Assim, eles até seriam mais lentos por algumas voltas, mas economizariam tempo ao não fazer duas trocas.

Mas Leclerc decidiu atender ao pedido da equipe quando foi chamado aos boxes duas voltas depois de dizer que queria ficar na pista, e colocou os intermediários. A Red Bull tinha feito o mesmo pouco antes com Sergio Perez e também chamou Verstappen junto de Leclerc. Sainz, por sua vez, bateu o pé e decidiu ficar na pista.

O espanhol estava certo na sua leitura de corrida. A pista tinha melhorado rapidamente e os pneus de pista seca eram a melhor opção, mostrada por Daniel Ricciardo, o primeiro a arriscar com o composto duro na volta 21. Mas quando Sainz foi chamado aos boxes, ele tinha perdido muito tempo com um retardatário, até porque estava andando mais lento com os pneus de chuva já com a temperatura bem acima do ideal, e voltou atrás de Perez.

Mesmo com os novos carros da Fórmula 1, projetados para que as ultrapassagens sejam mais fáceis, em Mônaco o fator limitante é mais a largura da pista do que a possibilidade de seguir um adversário de perto. Após as pardas, Perez tomou a liderança, Sainz ficou em segundo, Verstappen em terceiro e Leclerc, que teve de esperar pela parada do companheiro porque estava logo atrás, estava em quarto. E, mesmo que os quatro tenham ficado perto um do outro o tempo todo, com Perez sofrendo mais que os rivais com a granulação de seu pneu médio, por tê-lo forçado muito logo de cara, segurando o pelotão.

Focando em abrir da Ferrari de Sainz no primeiro setor, Perez conseguiu se manter na ponta e venceu a corrida. Foi algo importante para o mexicano, mais forte que Verstappen por todo o final de semana, após um GP em que se sentiu prejudicado por ordens de equipe.

Por um lado, o campeonato não está tão desequilibrado entre Verstappen e Perez em termos de pontuação: são 15 pontos de diferença entre os dois. Por outro, Verstappen teve um abandono a mais, por problemas técnicos.

Já para a Ferrari, que admitiu o erro de estratégia com Leclerc, resta novamente destacar o desempenho melhor do que o da Red Bull ao longo do final de semana. Pela segunda corrida seguida desde a atualização do carro em Barcelona, eles estiveram superiores. Porém, também pela segunda prova em sequência, não conseguiram converter isso em pontos. Depois de três etapas no campeonato, Leclerc tinha 46 pontos de vantagem. Agora, após sete, está a nove de Verstappen.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL