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F1 terá corrida noturna de rua em Las Vegas a partir de 2023

Charles Leclerc e Max Verstappen lideram pelotão nas primeiras curvas do GP do Bahrein de Fórmula 1 em 2022 - Clive Rose - Formula 1
Charles Leclerc e Max Verstappen lideram pelotão nas primeiras curvas do GP do Bahrein de Fórmula 1 em 2022 Imagem: Clive Rose - Formula 1

Colunista do UOL

30/03/2022 23h31Atualizada em 31/03/2022 05h33

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A Fórmula 1 terá um novo GP a partir da temporada de 2023. Trata-se de um circuito de rua em Las Vegas, que entrará no calendário a partir de novembro do ano que vem. A expectativa é de que primeira corrida seja dia 24 de novembro, no final de semana de Ação de Graças, um dos feriados mais importantes dos Estados Unidos.

O novo GP será realizado no sábado à noite. Segundo o CEO da F1, Stefano Domenicali, a largada seria às 22h em Las Vegas. Isso significaria que o GP começaria no início da madrugada no Brasil. Para a Europa isso quer dizer que a largada será às 6h da manhã. O foco, no entanto, é entrar ao vivo na TV norte-americana no horário de pico pela primeira vez.

A pista terá 6.12km e 14 curvas e a reta será no The Strip, a principal rua de Las Vegas.

O anúncio oficial confirmando o retorno da corrida ao calendário da Fórmula 1 no próximo ano foi feito às 23h30 (de Brasília).

Assim, os Estados Unidos passarão a ter três corridas no calendário. A categoria se prepara para estrear em Miami dia 8 de maio, em uma pista também de rua feita nos arredores do estádio do time da NFL Miami Dolphins, e tem, desde 2012, o GP dos Estados Unidos sendo disputado em Austin, em outubro.

Las Vegas já teve uma corrida de Fórmula 1, que ficou no calendário em 1981 e 1982, em uma pista improvisada no estacionamento do Hotel Caesars Palace. O novo circuito será a 12ª casa diferente para a categoria nos EUA, já contabilizando a estreia de Miami neste ano.

F1 quer se agarrar ao show da Netflix para, enfim, vencer nos EUA

São várias concessões para uma prova em um circuito que não é dos mais entusiasmantes à primeira vista e com um horário ruim para grande parte não só da audiência mundial, mas também de quem paga a conta dos direitos de transmissão. Mas a Fórmula 1 enxerga este como um momento decisivo para, de uma vez por todas, conquistar o mercado norte-americano.

Afinal, foi nos Estados Unidos que a categoria teve seu recorde histórico de público no ano passado, em Austin. Foram 380 mil pessoas nos três dias de evento, sendo 140 mil durante a corrida. E a maioria estava indo para uma corrida de Fórmula 1 pela primeira vez.

O grande fator que impulsiona esse crescimento é a série Drive to Survive (Dirigir para Viver, em português) da Netflix, que está em sua quarta temporada. Embora receba críticas por forçar rivalidades e mudar a sequência em que os eventos aconteceram, a série é um sucesso por focar nos personagens que fazem a categoria e por ter um acesso muito maior ao que o público estava acostumado.

Além disso, depois que a F1 foi comprada pela empresa norte-americana Liberty Media, focou-se muito mais na produção de conteúdo para mídias sociais e para a plataforma da própria categoria. Isso também ajudou o crescimento do público mais jovem e especialmente em lugares nos quais não era viável, por conta do fuso horário, ver as corridas ao vivo.

A própria audiência na TV norte-americana vem subindo: na comparação entre o GP dos Estados Unidos de 2019, último antes da pandemia, e de 2021, o aumento foi de 42%.

É por isso que os promotores não se incomodam com a concorrência. Antes mesmo de o GP em Austin acontecer em outubro do ano passado, com casa cheia, já não havia mais ingressos para a estreia de Miami, e a crença é de que os eventos atraiam públicos distintos entre si.

Austin, inclusive, assinou no ano passado a renovação de seu contrato por mais cinco anos e estará no calendário pelo menos até 2026. E o acordo de Miami, prova que a Liberty Media lutou por mais de dois anos para tirar do papel, é de 10 temporadas.

Las Vegas é um caso à parte porque é um GP que não tem um promotor local pagando uma taxa anual milionária para receber a prova, como ocorre com todas as demais no calendário. Toda a negociação foi muito mais rápida do que o normal porque é a própria F1 que está assumindo o risco, promovendo a prova em conjunto com resorts e outras empresas locais. A ideia é que o GP se pague por meio da venda de ingressos e placas de patrocínio. O governo local acredita que o evento vá injetar 1 bilhão de dólares na economia.

Enquanto isso, o calendário da Fórmula 1 vai crescendo: em 2023, o GP do Qatar também entra de forma definitiva (ele foi usado como prova substituta ano passado e deverá voltar neste ano no lugar do GP da Rússia), Las Vegas faz a estreia e o GP da China, que não acontece desde 2019 devido à pandemia, deve voltar. Isso significaria que a temporada teria 25 GPs, mas o contrato da F1 com a FIA e as equipes permite apenas 24. A expectativa é de que a Europa perca uma de suas provas.