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Texto baseado no relato de acontecimentos, mas contextualizado a partir do conhecimento do jornalista sobre o tema; pode incluir interpretações do jornalista sobre os fatos.

Renovação por um ano quer dizer que Hamilton está perto da aposentadoria?

Lewis Hamilton e Toto Wolff celebram sétimo título mundial da Mercedes - Steve Etherington/F1 Pool
Lewis Hamilton e Toto Wolff celebram sétimo título mundial da Mercedes Imagem: Steve Etherington/F1 Pool

Colunista do UOL

08/02/2021 11h55

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Ainda que o anúncio de que Lewis Hamilton vai correr pela Mercedes em 2021 não tenha sido uma surpresa, o fato de a duração do novo contrato ser de apenas um ano levantou algumas dúvidas a respeito do comprometimento do maior vencedor da história da F1 com a categoria a médio e longo prazos. Em entrevistas ao longo de 2020, o piloto de 36 anos afirmou que a questão da duração era uma incógnita para ele. Porém, de acordo com seu chefe, Toto Wolff, a assinatura por apenas uma temporada não indica que o heptacampeão esteja perto de parar.

A questão central, de acordo com Wolff, é a dúvida a respeito dos impactos da pandemia no esporte. Cada equipe recebe uma premiação anual da Liberty Media, detentora dos direitos comerciais da categoria, cujo valor depende diretamente do lucro geral do campeonato, somando-se patrocínios, taxas de realização das provas (que derivam da possibilidade de vender ingressos) e direitos de TV, entre outras fontes de renda. Em 2020, havia a expectativa de que o repasse caísse em até 50% em relação a 2019. E não se sabe o quanto a pandemia vai seguir influenciando negativamente no campeonato deste ano.

Paralelamente a isso, a Mercedes está focando em tecnologias elétricas, além de ter um objetivo de cortar gastos mundialmente nos próximos anos. E estes são dois fatores que podem diminuir o interesse da marca alemã na F1. No final do ano passado, inclusive, a Mercedes já anunciou a venda de um terço da equipe para a empresa britânica do ramo de petroquímica INEOS.

Há ainda questões internas na Fórmula 1: o teto orçamentário começa a valer neste ano e a Mercedes é uma das equipes que mais têm de enxugar sua operação para não passar dos 145 milhões de dólares anuais (descontando-se os gastos com salários de pilotos e dos outros três profissionais mais bem pagos, marketing, manutenção da fábrica, entre outros). E também está sendo adotada uma regra pela qual as melhores equipes têm direito a menos tempo de desenvolvimento aerodinâmico ao longo do ano. Isso não deve ter um impacto imediato, mas tende a deixar a categoria mais competitiva (ou seja, tende a ir diminuindo a vantagem da Mercedes).

''Há algumas incertezas no mundo que afetam a maneira como o esporte pode operar e que têm influência em nossa receita, dinheiro de TV e no dinheiro que vem de patrocínio'', citou Toto Wolff em coletiva de imprensa realizada após a confirmação da renovação.

''A Daimler e a Mercedes estão passando por uma enorme transformação visando a eletrificação da mobilidade e isso depende de investimentos. Então estamos vivendo em uma realidade financeira que é muito diferente em relação ao que vivíamos anos atrás. Dito isso, estamos totalmente alinhados: Lewis, eu e o grupo como um todo.''

Wolff, que é dono de um terço da equipe Mercedes, explicou ainda que a ideia é fechar o contrato de 2021 e depois discutir o futuro, deixando em aberto a possibilidade de Hamilton seguir na F1 após o final deste ano, quando todo o cenário técnico e principalmente financeiro estará mais claro.

Em 2021, as regras técnicas da F1 ficam relativamente estáveis, então é bem provável que o domínio da Mercedes continue, colocando Hamilton em uma ótima posição para fazer o que nenhum piloto conseguiu até hoje na F1: conquistar oito títulos mundiais e passar das 100 vitórias na carreira. Para 2022, contudo, haverá uma mudança bastante extensa nos carros, o que é mais um fator para o inglês avaliar para decidir seu futuro.