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Com mudanças no comando da Alpine, quem será o chefe de Alonso de verdade?

Pintura temporária do carro da Alpine para a temporada 2021 da Fórmula 1 - Alpine/Divulgação
Pintura temporária do carro da Alpine para a temporada 2021 da Fórmula 1 Imagem: Alpine/Divulgação

Colunista do UOL

22/01/2021 04h00

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Se há uma equipe que vem roubando as manchetes neste início de ano na Fórmula 1 é a Alpine, novo nome da Renault. Primeiro, foi anunciada a saída do chefe Cyril Abiteboul e a nomeação de Laurent Rossi para um dos cargos que o francês ocupava, como CEO da Alpine. Depois, a nova identidade visual começou a ser revelada, assim como a maneira como as operações de alta performance e esportiva da Renault seriam reformuladas. E, por último, uma contratação de peso, de Davide Brivio, chefe campeão da MotoGP ano passado, foi finalmente confirmada depois de semanas de especulação.

São mudanças importantes na equipe que terá Fernando Alonso de volta em 2021, mas que não parecem estar completas: Marcin Budkowski, que era o diretor executivo da equipe Renault e foi apontado como o novo comandante da operação esportiva da marca francesa em si no início de janeiro, mas cujo papel real no time ainda não está claro.

É importante entender que, embora haja uma sinergia, a Alpine como sub-marca da Renault e a equipe nas pistas são coisas diferentes. Abiteboul tinha um cargo bastante abrangente, tendo sido nomeado, em setembro, CEO da Alpine, ao mesmo tempo em que era o chefe de equipe do time na Fórmula 1.

Abiteboul já trabalhava com Budkowski dividindo as responsabilidades na chefia do time, então a expectativa era de que ele se tornasse, de fato, o chefe da equipe de Alonso e Esteban Ocon nesta temporada. O engenheiro polonês tem ampla experiência, tendo passado por Prost, Ferrari, McLaren e pela própria Federação Internacional de Automobilismo. Na FIA, inclusive, ele tinha um cargo de chefia na área técnica, o que gerou polêmica quando a Renault o contratou, já que ele podia levar segredos dos outros times aos franceses.

O fato é que Budkowski poderia, muito bem, atuar como chefe da equipe Alpine e tem todas as credenciais para isso. Ainda mais porque coube a ele, nos últimos anos, equilibrar novamente uma estrutura que cresceu rapidamente com o investimento alto que a Renault teve de fazer em termos de estrutura depois de comprar o time de volta da Genii em 2016 e porque conhece profundamente a organização. Mas agora os franceses contrataram Brivio que, embora esteja vindo de 30 anos de experiência em uma outra modalidade, também tem conhecimento e expertise de sobra para liderar um time de F1.

Brivio é indicação do novo CEO do Grupo Renault, Luca De Meo, com quem trabalhou em campanhas também vitoriosas na Yamaha, conquistando quatro títulos com Valentino Rossi, e é considerado um dos melhores chefes da história da MotoGP.

O italiano é um administrador, em contraste com a formação de engenharia de Budkowski, então os dois podem ser complementares. Mas em que cargos? Brivio foi anunciado como diretor de corridas e não chefe de equipe, abrindo a possibilidade para esse cargo (se ele existir na organização) ficar com Budkowski. Porém, ao mesmo tempo, foi divulgado que ele 'reporta diretamente a Laurent Rossi'.

O que nos leva à segunda parte dessa complicada estrutura: Rossi é o novo CEO da Alpine, ou seja, de toda a operação, mas o comunicado do Grupo Renault também mencionava que ele comandaria a operação da F1 ('ele vai assumir o comando da Alpine Cars, F1 e demais atividades esportivas', descreveu a Renault em comunicado), reportando diretamente a De Meo. Então, basicamente, ele vai assumir parte do papel de Abiteboul.

Todas essas mudanças apontam para algum evento inesperado de setembro para cá, que seria justamente a saída de Abiteboul, que tem sido ligado à Stellantis, nome de uma fusão de gigantes (Fiat, Chrysler e PSA - Peugeot, Citroen, Opel) aprovada em janeiro e que se tornou a quarta maior montadora do mundo. A Stellantis é comandada por Carlos Tavares, que trabalhou por anos, na Renault, justamente com Cyril.

Então, o que se sabe sobre a nova estrutura, é que o CEO do Grupo Renault é Luca De Meo, o CEO da Alpine é Laurent Rossi, e o diretor de corridas do time Alpine é Davide Brivio. Essa é uma estrutura bastante normal em se tratando de F1. Porém, será interessante ver como Budkowski, que esperava chefiar a equipe, vai entrar nesta organização. E se a Alpine não vai acabar com muito cacique para pouco índio.

Até porque, o time já sabe que tem um piloto que gosta de atuar no maior número de áreas possível. Alonso é conhecido por ser um ótimo piloto na pista e um jogador também nos bastidores, então qualquer brecha para tentar levar vantagem será usada. Mais um motivo para a Alpine estruturar bem sua chefia para não perder o prumo.