Topo

Pole Position

Como a F1 se prepara para a sequência de 4 GPs em pistas "desconhecidas"

Vettel (acima) briga com Hamilton na primeira volta do GP da Alemanha de 2013, com Webber logo atrás - Getty Images / Red Bull Content Pool
Vettel (acima) briga com Hamilton na primeira volta do GP da Alemanha de 2013, com Webber logo atrás Imagem: Getty Images / Red Bull Content Pool

Colunista do UOL

07/10/2020 04h00

Receba os novos posts desta coluna no seu e-mail

Email inválido

Um trabalho de meses de estudos sendo feito em meio a um calendário mais atribulado que o normal e com barreiras diferentes, como a dificuldade de ter os pilotos titulares no simulador devido a quarentenas impostas em decorrência da pandemia. É assim que as equipes da Fórmula 1 estão se preparando para uma sequência de quatro pistas que estão de volta depois de muito tempo ou serão usadas pela primeira vez, começando pelo GP deste final de semana, em Nurburgring.

O circuito alemão não é usado pela F1 desde 2013. Duas semanas depois, a categoria faz sua estreia em Portimão, em Portugal, e em seguida terá uma etapa em Imola pela primeira vez desde 2006 e retorna a Istambul após nove anos.

Isso significa que nenhuma equipe tem experiência de correr com os motores V6 híbridos, muito menos com os carros atuais. Em relação aos pneus, a Pirelli só tem informações de carros de F1 usando seu pneu nas pistas turca e alemã, uma vez que é a fornecedora de pneus da categoria desde 2011.

Por conta disso, essa sequência de outubro e novembro vai mostrar quem consegue se adaptar mais rapidamente, tanto entre os pilotos, quanto entre as equipes.

Dados irrelevantes
Os carros atuais são os mais velozes da história, mesmo usando motores híbridos. Tudo, desde os pontos de freada até o torque nas saídas de curva, velocidade de contorno de curva, consumo de combustível e de pneu vai ser diferente em relação a quando os pilotos andaram sete, nove e, principalmente 14 anos atrás nas pistas que vêm pela frente.

Em Nurburgring, por exemplo, a Racing Point aposta que curvas que antes eram consideradas como de alta velocidade, como a 8 e a 9, agora nem podem ser mais consideradas curvas, uma vez que serão feitas de pé embaixo, tamanha a pressão aerodinâmica gerada pelos carros atuais.

Isso faz com que os dados de acerto do passado se tornem pouco relevantes, assim como pontos de freada para os pilotos. Então uma saída é cruzar as informações de outras pistas que se mantiveram estáveis, como Monza, por exemplo, e o que mudou na forma de acertar os carros. Alcançar esse ponto de partida é importante para minimizar o tempo buscando a melhor configuração durante os treinos livres.

Escolha dos pneus é ponto de partida

A escolha dos pneus é central para as equipes entenderem qual direção tomar para o acerto do carro. "Trabalhamos a direção do carro mais baseada neste ponto de vista, seja em um circuito conhecido, seja em uma pista para a qual não vamos há algum tempo", explicou o chefe de engenharia de pista da Mercedes, Andrew Shovlin.

Isso explica a opção da Pirelli pelo conservadorismo, até para ajudar as equipes a se adaptarem à nova situação. Para Nurburgring e Imola, os italianos levarão os mesmos compostos que já foram usados em sete dos 10 GPs disputados até aqui (C2, C3 e C4). Assim, pelo menos uma variável fica mais estável. Para Portimão e Istambul, como há mais curvas de raio longo, que forçam mais os pneus, a opção foi pelo C1, C2 e C3, ou seja, as opções mais duras possíveis.

Em Portimão, inclusive, há um desafio a mais: a pista acaba de ser reasfaltada, então nem mesmo a Pirelli sabe exatamente o que esperar.

Dificuldade de ter pilotos no simulador

Para completar o cenário, toda essa preparação para andar em uma pista "nova", que geralmente leva meses, está sendo feita em poucas semanas, uma vez que estas provas começaram a ser anunciadas a partir do final de julho, em meio a um calendário bem mais apertado do que o normal, com 17 provas sendo realizadas em pouco mais de cinco meses, e com as equipes tendo dificuldades de colocar seus pilotos titulares em seus simuladores.

Isso porque sete das 10 equipes estão baseadas no Reino Unido, que obriga a quarentena de todos que vierem de uma lista de países que têm recebido etapas da categoria. Quando os profissionais viajam para estes lugares dentro da bolha da F1 para os eventos, são isentos da quarentena. Mas o mesmo não acontece entre uma corrida e outra.

"O ideal seria ter os pilotos para testar o acerto no simulador, mas isso está se tornando cada vez mais difícil por conta das restrições relacionadas ao covid. Então está cada vez mais difícil nos prepararmos para essas corridas", admitiu Shovlin.

Isso quer dizer que os primeiros treinos livres para o GP de Eifel, a partir das 6h e das 10h da manhã desta sexta-feira, serão o primeiro contato em muito tempo com o circuito de Nurburgring. E, para completar, a previsão é de chuva para boa parte do final de semana.