Topo

Pole Position

F1: Após anos de negociação, todos os 10 times assinam para ficar até 2025

Toto Wolff é chefe da Mercedes na F1 -
Toto Wolff é chefe da Mercedes na F1

Colunista do UOL

19/08/2020 04h00Atualizada em 19/08/2020 06h28

Receba os novos posts desta coluna no seu e-mail

Email inválido

A Fórmula 1 vai continuar com os 10 times atuais pelo menos até 2025, com a confirmação de que todas são signatárias do Pacto da Concórdia. McLaren, Ferrari e Williams, as três equipes mais antigas ainda presentes no grid da Fórmula 1, foram as primeiras a divulgar que assinaram o contrato, seguidas pelas demais nesta quarta-feira. Foram anos de negociações até chegar a um denominador comum de um acordo que rege a divisão do dinheiro dos direitos comerciais e até o último prazo dado para que todos assinassem o acordo teve de ser estendido porque nem todos os times estavam contentes com os últimos detalhes.

Entrave final foi a Mercedes

O principal entrave parece ter sido deixar os atuais hexacampeões da Mercedes contentes. O chefe, Toto Wolff, reclamou publicamente da falta de união das equipes para o que ele vê como o bem comum para o esporte. E, na semana seguinte, mudou o discurso e disse, na sexta-feira passada, que a Mercedes estava pronta para assinar.

chase carey - Charles Coates/Getty Images - Charles Coates/Getty Images
Chase Carey, CEO da Fórmula 1, está no centro das negociações
Imagem: Charles Coates/Getty Images

"Foi muito claro ao dizer que precisávamos de esclarecimentos para seguir adiante", disse Wolff em coletiva de imprensa durante o GP da Espanha, no último final de semana. "Mas mudei minha opinião. Não acho que as equipes vão se unir, nunca. Todo mundo tenta fazer seus próprios acordos por fora. Então decidimos seguir adiante nas conversas com a Liberty. Tive conversas muito construtivas com Chase [Carey, CEO da F1] e a maior parte dos esclarecimentos que queríamos ter foram discutidos. Sinto que estamos em um bom momento para assinar e seguir adiante."

Wolff não deu mais detalhes sobre quais seriam esses esclarecimentos. Mas seu aliado Otmar Szafnauer, da Racing Point, disse que os pontos eram mais relacionados "com a área de governança, mas um pouco também sobre dinheiro."

Acredita-se que as bases financeiras do Pacto da Concórdia, que são sua parte principal, tenham sido definidas já há algum tempo e não sejam radicalmente diferentes das atuais, ou seja, a Ferrari é quem ganha mais, mesmo se não for campeã.

Não surpreende, portanto, que a Scuderia tenha divulgado logo no primeiro dia do prazo para que as equipes assinem, que vai continuar na F1 pelo menos até o final de 2025. O prazo seria até o final de agosto, mas tudo foi divulgado antes disso.

"Dissemos no começo do ano que, devido à natureza fluída da pandemia, o Pacto da Concórdia demoraria mais tempo para ser fechado e estamos contentes por ter conseguido isso em agosto, com todas as equipes, a respeito dos planos para a F1 a longo prazo", salientou Carey. "Nossos fãs querem ver disputas mais próximas, ação roda a roda e todas as equipes tendo a chance de ir ao pódio. O novo Pacto da Concórdia, juntamente com as regras que esteiam em 2022, vão ser as fundações para tornar isso realidade e criar um clima financeiramente mais justo e que aproxime as equipes na pista."

Já o presidente da FIA, Jean Todt, salientou a importância de a F1 ter estabilidade em um momento de tantas incertezas devido ao coronavírus. "Estou orgulhoso de que todos na F1 trabalharam juntos nos últimos meses pelos interesses do esporte e desenharam um caminho para uma competição mais sustentável, justa e empolgante no topo do automobilismo."

Quais eram as outras dúvidas?

Nos últimos meses, a Renault foi outra equipe que conviveu com muitas dúvidas a respeito de seu comprometimento na Fórmula 1. Mas a adoção de um teto orçamentário que significa que os franceses não terão de mexer muito em sua estrutura foi o último entrave para o chefe Cyril Abiteboul conseguir o apoio total da montadora. O teto será de 145 milhões de dólares inicialmente, caindo paulatinamente nos anos seguintes, e tendo como exceções gastos como o salário dos pilotos. Somado a isso, o fato de os franceses terem contratado Fernando Alonso para voltar ao grid em 2021, e a confirmação de que eles estavam a bordo do Pacto da Concórdia.

A outra dúvida era a Haas, a caçula do grid da Fórmula 1. Porém, com a sinalização de que as regras caminham para uma colaboração maior entre as equipes, o modelo de negócio dos norte-americanos, que têm uma operação muito menor que a concorrência, faz sentido. E o chefe Guenther Steiner disse recentemente que o time, também, estava perto de assinar.

"Só preciso repassar tudo com o dono e os membros do conselho, como se faz normalmente, explicando que mais uma vez tudo foi compreendido e acertado. Mas não há nenhuma inclinação de que não vamos assinar."

O que é o Pacto da Concórdia?

place de la concorde - © Paris Tourist Office - Photographe : Amélie Dupont - © Paris Tourist Office - Photographe : Amélie Dupont
A sede da FIA fica na Place de la Concorde, cartão-postal de Paris
Imagem: © Paris Tourist Office - Photographe : Amélie Dupont

A F1 vem adotando o nome tradicional para os contratos que regulam a Fórmula 1 como negócio e também determinam as atribuições de suas três partes: as equipes, a empresa detentora dos direitos comerciais e a Federação Internacional de Automobilismo. E o nome Pacto da Concórdia tem a ver justamente com a federação, localizada na Place de la Concorde, área bastante nobre de Paris, na França. O primeiro destes contratos foi assinado em 1981. E, de lá para cá, houve outros em 1987, 1992, 1997, 1998 e 2009.

Esse contrato ganhou o nome por ser tradicionalmente assinado lá, mas isso já não aconteceu na última vez, em 2013, quando o então detentor dos direitos comerciais, Bernie Ecclestone, fechou acordos bilaterais com as equipes, todos eles com final em 2020.

Com novo acordo em mãos, e mudanças importantes já definidas para 2021, com o teto orçamentário, e 2022, com as novas regras, a F1 já pode focar em sua próxima grande briga nos bastidores: determinar com qual motor vai correr a partir de 2025.