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Com 180 pontos em jogo em 9 dias, Fórmula E tenta driblar covid em Berlim

Pilotos da Fórmula E se preparam para maratona de 6 provas em nove dias - Formula E/Divulgação
Pilotos da Fórmula E se preparam para maratona de 6 provas em nove dias Imagem: Formula E/Divulgação

Colunista do UOL

05/08/2020 04h00

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A pandemia do coronavírus levou a Fórmula E a encontrar uma saída inusitada para terminar seu campeonato, diretamente afetado uma vez que a categoria só corre em pistas de rua em grandes centros urbanos: encontrar um "oásis" em Berlim, na Alemanha, para realizar seis corridas em nove dias. O campeonato começou no final do ano passado e, após cinco etapas disputadas, tem o português Antonio Felix da Costa como líder, com 11 pontos de vantagem para Mitch Evans. Mas, com 180 pontos em jogo, o piloto da equipe chinesa DS Techeetah coloca "14 ou 15 pilotos" na disputa pelo título.

As seis corridas em três configurações diferentes no Tempelhof, antigo aeroporto militar, serão disputadas por três brasileiros: Lucas Di Grassi, que está na Fórmula E desde sua criação, em 2014, e já foi campeão da categoria na temporada 2016-2017; Felipe Massa, que faz seu segundo ano na FE e um estreante, Sergio Sette Camara, que vem atuando como piloto reserva da AlphaTauri e Red Bull neste ano na Fórmula 1 e foi chamado recentemente pela Dragon para substituir Brendon Hartley nestas seis corridas finais. Ele havia testado pela equipe no começo do ano, em sua única experiência com um carro da Fórmula E até aqui.

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Sette Camara faz sua estreia na Fórmula E nesta quarta-feira
Imagem: Formula E/Divulgação

"É ótimo ter mais um brasileiro. Espero que isso dê mais espaço para a categoria no Brasil e espero que ele vá bem. A equipe dele não é de ponta, mas a diferença entre os times aqui é bem menor e, de repente, a gente tem uma surpresa boa. É importante a gente ter cada vez mais brasileiros para motivar mais gente a ter uma carreira no automobilismo."

"Ajoelhar em movimento antirracista não é suficiente"

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Pilotos protestam contra o racismo antes do GP da Inglaterra, em Silverstone
Imagem: Divulgação

Perguntado se os pilotos da Fórmula E consideram fazer algum protesto antirracista neste retorno às pistas, assim como outras modalidades esportivas e a Fórmula 1 tem feito em todas as corridas disputadas até aqui, Di Grassi lembrou que a principal causa da categoria é a eletrificação dos carros como resposta ao aquecimento global, mas salientou que se juntaria a qualquer ação antirracista que a Fórmula E vier a promover, ainda que não acredite que o ato de ajoelhar-se ou não, que vem causando tanta polêmica na Fórmula 1, faça diferença.

"Acho muito importante que pessoas públicas mostrem sua posição. No caso da Fórmula E, o foco é a mudança climática e a diminuição da poluição nas cidades - e eu inclusive sou embaixador na ONU para a qualidade do ar porque, para mim, esse é o principal fator para o carro elétrico", afirmou o brasileiro ao UOL Esporte. "Mas, sobre o racismo, acho que simplesmente se ajoelhar como movimento antirrasicta não é o suficiente. Eu me ajoelharia numa boa - se tivermos um movimento do tipo, o que não sei se vamos fazer - e acho que qualquer ser humano deveria se ajoelhar se essa fosse realmente a solução para o racismo. Se tiver algo, estou disposto a fazer o que for possível para melhorar nesse aspecto e usar nossa imagem para promover qualquer tipo de luta contra o racismo no mundo."

Massa concordou com o piloto da Audi. "Estou totalmente de acordo com o Lucas. E acrescentaria que o esporte é muito bacana porque é onde todos são iguais. Não é só a questão de racismo: temos de mostrar que somos a favor de mulheres correndo e diferentes tipos de pessoas trabalhando no esporte. Acho que é isso é o importante: demonstrar que todos têm possibilidade e todos temos que ser iguais. Usar o esporte para isso é o mais importante."

Teste anti-covid foi tenso

Os pilotos revelaram que passaram por momentos de tensão devido ao teste de coronavírus ao qual tiveram de se submeter na Alemanha. Isso porque um teste positivo significaria perder todas as etapas restantes do campeonato. "Mesmo tendo ficado em casa o máximo possível, vai ver você pega em uma cotovelada que dá em alguém para cumprimentar. Nas últimas semanas, eu fiz vários testes e todos deram negativo, mas acho que todos os pilotos viveram essa tensão, porque ninguém quer perder seis corridas!"

Da Costa só reclamou da espera pelo resultado: os pilotos tiveram de ficar dentro de seus quartos de hotel por mais de 30h. "Quando eu fiquei sabendo, vim preparado e trouxe meu computador para jogar Call of Duty. Tinha combinado com outros pilotos de jogar online. Mas enquanto eles devem estar jogando lá o meu jogo ainda deve estar carregando de tão ruim que é a internet do meu hotel!"

Em 1423 testes feitos, apenas dois deram positivo. A Fórmula E não divulgou quem são os infectados.

A primeira corrida da maratona da Fórmula E será nesta quarta-feira, com classificação às 11h e corrida às 13h pelo horário de Brasília. As demais provas serão na quinta-feira, no sábado e no domingo, e nos dias 12 e 13 de agosto, na semana que vem.