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Sem data para começar, F-1 fica sem GP de Mônaco e adia novas regras

Colunista do UOL

19/03/2020 12h55

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A Fórmula 1 anunciou os adiamentos de todos os GPs que seriam disputados em maio: Holanda, que tinha sua volta ao calendário programada para o primeiro final de semana do mês, Espanha e Mônaco. Logo depois, contudo, os organizadores da prova do Principado anunciaram o cancelamento definitivo da etapa deste ano. Com isso, a nova data para o início da temporada é o GP do Azerbaijão, dia 7 de junho. O comunicado oficial, contudo, não coloca uma data e diz que "a Fórmula 1 iniciará seu campeonato quando for seguro fazê-lo".

Os adiamentos de Holanda e Espanha já tinham ficado subentendidos quando a categoria anunciou que os GPs de Bahrein e Vietnã teriam novas datas, ainda no sábado passado. Isso porque o comunicado oficial falava em previsão de início do campeonato para o final de maio. No entanto, de lá para cá, o governo de Mônaco passou a tomar medidas mais fortes para tentar frear a pandemia do coronavírus, ordenando o fechamento de serviços não essenciais. O Principado está entre dois dos países mais afetados do mundo: Itália e França. Na Itália, o fechamento de duas semanas do país acabou de ser prorrogado e a França, que tomou medida semelhante nesta semana, também já fala em manter as restrições ao fluxo de pessoas por mais tempo que as duas semanas programadas inicialmente.

Como a pista de Mônaco demora cerca de seis semanas para ser montada, a situação se tornou insustentável para a prova ser realizada no final de maio e a prova foi cancelada. Agora, são cinco as provas que a Fórmula 1 tem de remarcar em um calendário que já era inflado, com 22 corridas, o maior da história;

Por que Mônaco ficou fora?
Dentro desta conjuntura, os dirigentes da categoria admitem que será difícil fazer as 21 provas programadas, uma vez que o GP da Austrália foi cancelado. Atualmente, trabalha-se com a possibilidade de fazer 15 GPs. E a segunda "vítima", depois da Austrália, foi justamente o GP de Mônaco, o mais tradicional da categoria. Isso ocorreu por dois motivos: justamente por conta de sua tradição, Mônaco não paga a taxa para a realização da prova, algo que varia entre 25 e 70 milhões de dólares por ano dependendo do GP. Tal dinheiro é a principal fonte de renda da Fórmula 1 e espera-se que as provas que pagam mais sejam privilegiadas nas remarcações.

Outro motivo foi a data. As equipes concordaram em mudar o fechamento obrigatório das fábricas de agosto para três semanas entre março e abril, a fim de permitir que as provas europeias que forem adiadas possam ser realizadas em agosto. No entanto, trata-se do auge do verão europeu, quando Mônaco recebe muitos turistas, e isso invibializaria a montagem da pista. Este é um dos motivos, afinal, que o GP de Mônaco ocorre tradicionalmente em maio, antes do início do verão no hemisfério norte.

Espanha será a próxima vítima?
A realização do GP da Espanha também é colocada em dúvida. A prova entrou no calendário de última hora, à revelia das equipes, depois que o governo da Catalunha liberou o dinheiro da taxa de realização de última hora, fechando um contrato de apenas um ano com a F-1. Dentro das provas europeias, o GP da Holanda terá prioridade porque é quem está pagando mais entre os três para a realização da prova e porque trata-se de uma das duas corridas que a Liberty Media, que controla a F-1 desde o início de 2017, conseguiu atrair para o calendário. A outra é o Vietnã, que também deve ter prioridade entre as corridas asiáticas adiadas até o momento.

Os adiamentos feitos com antecedência marcam uma mudança na postura da Fórmula 1 em relação ao coronavírus. A categoria estava pronta para sua prova de estreia, na Austrália, quando decidiu cancelar o evento três horas antes dos carros entrarem na pista para os treinos livres. O cancelamento foi forçado pela desistência da equipe McLaren após um de seus funcionários contrair o coronavírus. Isso fez com que outras equipes passassem a pressionar os dirigentes, que decidiram cancelar a prova e, logo depois, anunciaram que as duas corridas seguintes - Bahrein e Vietnã - estavam adiadas. O GP da China que seria o quarto do campeonato, já havia sido adiado em fevereiro.

Novas regras também foram adiadas
As equipes também decidiram adiar as novas regras que estavam programadas para estrear em 2021 e que mudarão completamente o conceito dos carros. Os novos carros vão estrear, portanto, apenas em 2022, mas o teto orçamentário passa a contar a partir do ano que vem, como já havia sido definido. Desta forma, a categoria se prepara para o impacto financeiro que uma temporada com menos etapas causará, e também dá mais liberdade para a remarcação das provas de 2020. Isso porque a continuidade das regras em 2021 faz com que as equipes tenham menos resistência em correr em dezembro ou mesmo no início de 2021, caso seja necessário.