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COB admite erro e diz que Joel Jota não seria mentor, apesar de anúncio

O Comitê Olímpico do Brasil (COB) assumiu que errou ao anunciar Joel Jota como mentor do Time Brasil nos Jogos Olímpicos de Paris. Na noite de ontem (18), ele informou que estava recusando o convite, mas citou apenas o posto de padrinho.

Como mentor, Joel, um coach que divulga uma carreira esportiva muito melhor do que ele teve, teria acesso aos atletas e se subordinaria, em tese, à área de esportes. Como embaixador, assim como outros famosos, só participaria de ações de marketing.

"Diferentemente do que havia sido anunciado pela diretoria de marketing em entrevista ao canal do influenciador, Joel Jota não prestaria mentoria aos atletas e demais integrantes da delegação em Paris", disse o COB, em comunicado.

A postura é muito diferente da adotada anteontem, quando as redes sociais do COB publicaram vídeo que tinha como imagem representativa o letreiro "mentor do Time Brasil nos Jogos Olímpicos" e a foto de Jota. Este post foi apagado.

Também foi apagada a entrevista do diretor Gustavo Herbetta a Jota. "Quero te convidar para ser mentor do Time Brasil. Não só fazer isso de trazer o público, mas estar com o atleta, frequentar nossas bases de treinamento, falar com os treinadores, fazer o seu trabalho brilhante lá em Paris", disse o porta-voz do COB ao influenciador ali.

Na mesma entrevista, Herbetta afirmou que o convite foi decidido pelo COB por "unanimidade de todas as áreas: desenvolvimento, esporte, marketing, comunicação, diretoria-geral e presidência". Agora, o COB retira esse convite, depois de o próprio Jota já ter dito que não aceitaria. A coluna apurou que o convite feito por Herbetta em nome de várias diretorias não passou pelo conselho de diretores.

Inicialmente o combinado entre COB e Joel é que ele seria um dos membros do "Programa de Padrinhos e Madrinhas do Time Brasil nos Jogos Olímpicos de Paris 2024". Mas isso mudou no anúncio, e toda a comunicação tanto de Joel quanto do COB passou a ser que ele seria mentor e embaixador.

Tanto que foi assim que Joel divulgou a novidade via assessoria de imprensa: "É com enorme satisfação e orgulho que o ex-atleta e empresário Joel Jota anuncia que será Mentor da delegação brasileira do COB nas Olimpíadas de Paris. É a primeira vez que o COB conta com uma mentoria nos Jogos Olímpicos. Já a condição de padrinho, que JJ acumula com este papel, será compartilhada também com nomes que ele preza e reverencia (...)"

Ontem, depois da repercussão negativa do caso, Joel foi ao Instagram para dizer que estava recusando o convite para ser padrinho — não falou nada sobre ser mentor. À coluna, a assessoria de imprensa dele disse hoje que a recusa se estendia "ao trabalho de mentoria que estava sendo feito para os dirigentes e chefes de equipe do COB".

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O convite de Herbetta, porém, foi para ele ser mentor de atletas e treinadores, não dirigentes e chefes de equipe.

De acordo com a nota de hoje do COB, o convite original a Jota, para ser padrinho, foi pela sua atuação nas redes sociais. O comitê disse ainda que "o trabalho de preparação mental dos atletas brasileiros é realizado exclusivamente pela equipe de psicólogos do esporte do COB e das Confederações Brasileiras Olímpicas que possuem uma relação de longo prazo com seus atletas."

O anúncio de que Jota teria acesso a atletas e treinadores como "mentor" causou desconforto naqueles que entendem que Jota, que diz que "foi considerado um dos melhores nadadores do mundo" sem ter sido, não teria espaço para mentorar quem de fato está entre os melhores do mundo.

Além disso, profissionais do COB se incomodaram com o fato de o comitê considerar motivar seus atletas a partir de um coach, o que iria de encontro com o trabalho dos profissionais da psicologia que são pagos para acompanhar atletas e seleções e tentar ajudá-los a chegar no auge na Olimpíada.

Reportagem

Texto que relata acontecimentos, baseado em fatos e dados observados ou verificados diretamente pelo jornalista ou obtidos pelo acesso a fontes jornalísticas reconhecidas e confiáveis.

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