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Milly Lacombe

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

A convocação da seleção masculina e as contradições na luta antirracista

Ramon Menezes durante convocação da seleção brasileira para amistosos em junho - Thais Magalhães/CBF
Ramon Menezes durante convocação da seleção brasileira para amistosos em junho Imagem: Thais Magalhães/CBF

Colunista do UOL

28/05/2023 15h25

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A seleção masculina vai jogar na Espanha. Não houve sequer um debate sobre não ir. Tá em contrato, tem dinheiro em jogo, bora lá. Estamos com você, Vini. Força, garoto. Estamos chegando pra bater uma bola e protestar bastante com nossos cartazes e slogans. Você viu que escurecemos o escudo? É pra você!

Para não começar já dando canelada, dá-lhe marketing contra o racismo: camisetas, escudo em tons de preto, tira o verde e amarelo, escurece esse troço pra depois não dizerem que deixamos de nos importar.

O racismo entendido enquanto falha moral e de caráter. Não pode chamar de macaco. Parem com isso.

Mas pode, por exemplo, num esporte feito por uma classe trabalhadora majoritariamente negra dentro de um país majoritariamente negro, ter só comissão técnica branca dando os recados.

O treinador é branco, os dois ao lado dele são brancos, o assessor de imprensa é branco.

Na imagem, eram quatro homens brancos e uma CBF que se mostra indignada com o racismo.

Não tem jogo, berram em hashtags.

Mas tá tendo jogo sim. Faz tempo que tem jogo com o racismo. Porque deixar de ver a dimensão racista numa diretoria composta quase que integralmente por brancos é sinal de que tem jogo.

A consciência da luta precisa ser alargada.

Chega de hashtag, camiseta, faixa, logomarca em preto. Precisamos de ações, de educação, de punição e de amistosos cancelados.

Lutar contra o racismo implica, também, refazer contratos.