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Milly Lacombe

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Qatar: o país que odeia o amor

Vista aérea de Doha, capital do Qatar - Getty Images/iStockphoto
Vista aérea de Doha, capital do Qatar Imagem: Getty Images/iStockphoto

Colunista do UOL

19/11/2022 12h03

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No Qatar, não pode demonstrar afeto em público. Não pode hétero e o gay que tentar corre o risco de ir em cana.

Não pode ficar muito alegre e já não pode mais beber nas cercanias dos estádios.

Dentro de alguns hotéis, quem for rico pode beber sim. Custa um rim e duas córneas, como diria minha mulher, mas pode beber.

O que pode no Qatar?

Pode reter o passaporte do empregado e não deixar ele pedir demissão muito menos sair do país.

Pode pagar menos do que o previamente combinado. Pode até não pagar.

Pode obrigar a trabalhar das quatro e meia da manhã às sete da noite.

Pode labutar sob temperaturas insanas. Pode morrer no trabalho.

Pode não contar que morreu no trabalho e avisar a família que morreu de causas naturais. Pode não pagar indenização para famílias.

Pode casar primo com primo para manter o sangue puro. Pode ser eugenista sem que o mundo se choque.

Pode ignorar direitos humanos e chamar isso de "cultura do local".

Pode transfobia. Pode homofobia. Pode machismo. Pode misoginia. Pode racismo. Pode ser um babaca durante todos os minutos de todos os dias.

Nesse cenário, tem muito jogador de muita seleção que vai se sentir em casa.

Inclusive - e infelizmente - da nossa.

Vai começar mais a Copa do Qatar. Ai, que delícia.