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Milly Lacombe

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Cansado, Vitor Pereira diz que não pode fazer milagres

Vítor Pereira comanda o Corinthians contra o Inter, pelo Campeonato Brasileiro - JEFFERSON DE AGUIAR/PERA PHOTO PRESS/ESTADÃO CONTEÚDO
Vítor Pereira comanda o Corinthians contra o Inter, pelo Campeonato Brasileiro Imagem: JEFFERSON DE AGUIAR/PERA PHOTO PRESS/ESTADÃO CONTEÚDO

Colunista do UOL

04/09/2022 19h22

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Coletivas depois de resultados ruins são momentos de alguma tensão e constrangimento. Parece sempre que o corpo de jornalistas que faz a entrevista e o treinador que dá a entrevista são adversários.

Fica todo mundo numa posição defensiva e pronto para contra-atacar se se sentir atacado.

Talvez não precisasse ser assim. Claro que algumas perguntas serão incômodas, outras serão dispensáveis, é parte desse jogo. Mas a rivalidade não faz sentido.

Em alguma medida, a postura enfadonha dos treinadores deve ter a ver com a obrigatoriedade da entrevista.

Cada vez mais soterrados por produtos e marcas que, por contrato, devem aparecer nas coletivas, eles têm que falar por alguns minutos e explicar os tropeços (explicar os sucessos é a coisa mais deliciosa, ficam todos de bom humor e amigáveis).

Mas o jornalista é apenas um intermediário entre o clube e o torcedor. É um profissional que está ali para fazer o seu trabalho, assim como o treinador.

Claro que não é preciso aparecer feliz e saltitante depois de um resultado ruim. Não se trata disso, e nem é essa uma crítica a VP diretamente.

Ele não é o único a deixar claro não ter curtido as perguntas, não é o único a dar umas cutucadas, não é o único a aparentar desinteresse por coletivas.

Mas não era nada disso que eu queria dizer, embora já tenha dito.

Quem viu o Corinthians contra o Inter viu o que aconteceu em campo.

Ramiro entrou como titular e eu especularia que 90% dos torcedores não teriam escalado Ramiro de titular.

Ainda assim, o time saiu para o intervalo tendo virado o jogo para 2x1 - e deixando escapar a chance de emendar um 3x1 se Roger Guedes tivesse sido mais maduro na finalização do último lance.

No segundo tempo, Fagner saiu machucado para a entrada de Rafael Ramos que também se machucou e deu lugar a Bruno Mendes.

Quem reclamou de Ramiro teve que engolir Roni ainda no começo do segundo tempo e, inacreditavelmente, sentiu saudade de Ramiro.

A entrada de Cantillo no lugar de Giuliano também não deu para entender. O meio de campo ficou com Fausto, Roni e Cantillo e o meio de campo, claro, sumiu. Nesse contexto, o Inter cresceu e dominou até empatar.

Na coletiva, VP, exausto - não se sabe se pelo resultado ou pelas perguntas que ele claramente detestou -, explicou ponto a ponto por que não poderia ter feito nada de diferente e disse que não tem como fazer milagres, embora milagres às vezes aconteçam.

Desfalques e falta de peças de reposição justificam, para ele, o resultado que, diga-se, VP achou merecido dada a falta de criatividade do Corinthians.

Difícil criticar um treinador que está perto de levar o time à final de uma Copa e que é o único a se manter no G4 desde a primeira rodada. Mas futebol envolve críticas na saúde e na doença. De todos os lados e para todos os gostos.