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Milly Lacombe

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Que pena, Jô

Jô comemora gol no jogo do título do Corinthians, no Brasileirão de 2017 - MIGUEL SCHINCARIOL / AFP
Jô comemora gol no jogo do título do Corinthians, no Brasileirão de 2017 Imagem: MIGUEL SCHINCARIOL / AFP

Colunista do UOL

09/06/2022 15h20

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Chega ao fim a história entre Corinthians e um de seus "Filhos do Terrão", o atacante Jô.

Como toda boa história de amor, essa foi mais uma feita de encontros, paixão, êxtase, afastamento e desencontros. Jô foi bi-campeão brasileiro e bi-paulista vestindo as cores do clube que o revelou. Saiu do Corinthians para voar pelo mundo, fazer um nome e a ideia era voltar para casa e encerrar sua carreira usando a camisa que dizia amar. Mas o destino tinha outros planos.

Jô foi afastado depois de dar mais um perdido em um treinamento. Não foi a primeira vez.

Na mais recente delas, Vitor Pereira chamou o atleta e teve com ele um papo muito reto. O pacto foi estabelecido: as duas partes queriam esse reencontro.

Jô se dedicou, emagreceu, voltou a ser titular e a ajudar o time a buscar resultados importantes. Mas teve uma recaída e VP seguiu sua cartilha de valores éticos. Como diz o meme, errado não tá.

Uma pena, Jô.

Uma pena que a falta de comprometimento tenha colocado fim nessa história que parecia não ter acabado ainda.

Não é mesmo fácil a gente se dedicar de corpo e alma a alguma coisa na vida. Comprometimento exige disciplina, responsabilidade afetiva, entrega.

É através do comprometimento que a gente tece relações, que a gente descobre do que é feito de verdade. É uma prática diária. Todos os dias. Um dia depois do outro.

É puxado, mas se não houvesse recompensas não haveria gente comprometida no mundo. E há.

Quando a gente se entrega a uma relação ela vai tirar da gente essa responsabilidade afetiva e, em troca, oferecer parcerias, afetos, amor. É muita coisa que ela dá em troca. E é por isso que disciplina está mais perto de liberdade do que de servidão, embora não seja essa a sua fama.

Mas alguns homens demoram a amadurecer, e outros se recusam simplesmente a chegar lá.

É uma pena.

Jô tinha ainda muitos capítulos a escrever vestindo a camisa do Corinthians, que ele usava com elegância máxima. Parecia ter sido um reencontro, mas foi o avesso. "A vida é a arte do encontro, embora haja tanto desencontro pela vida". Viva Vinicius.

Vai com Deus, Jô. E obrigada por tudo.