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Texto baseado no relato de acontecimentos, mas contextualizado a partir do conhecimento do jornalista sobre o tema; pode incluir interpretações do jornalista sobre os fatos.

Copa América no Brasil: entenda por que competição não foi cancelada

31/05/2021 12h35

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Por Gabriel Coccetrone

Uma reunião da Conmebol na manhã desta segunda (31 de maio) decidiu: a Copa América será no Brasil. Faltando menos de duas semanas para o início, a entidade anunciou na noite desse domingo (30) que a competição não seria mais realizada na Argentina devido ao agravamento da pandemia da covid-19 no país. O cancelamento da competição esteve em pauta, mas não avançou.

"Essas competições costumam trabalhar com valores de patrocínio muito grandes, e que ajudam a custear uma série de ações pré-evento, relacionadas à publicidade, estrutura de venda de ingressos, transporte, pagamentos por diversos serviços. Cancelar o evento significa muito, porque em geral os patrocinadores pedirão o ressarcimento. Inclusive quem pagou pelos direitos de TV. Por isso o esforço em manter, mesmo postergando, como foram as Olimpíadas de Tóquio, a Eurocopa 2020, e como foram os campeonatos de futebol em 2020", avalia o economista Cesar Grafietti.

"Com a pandemia controlada em uma série de países e o futebol voltando a receber público, a alegação de que a não realização da competição se deve à pandemia perde força. Houve tempo suficiente para o planejamento desde o início dessa situação que vivemos. Muitos governos na América Latina ainda não conseguiram controlar a situação, em razão dos mais diversos motivos. Com isso, aqueles que se sentirem prejudicados pela não realização da Copa América poderão questionar judicialmente a decisão e buscar a indenização prevista em contrato, o que pode gerar um prejuízo significativo para os organizadores", alerta Vinicius Loureiro, advogado especialista em direito desportivo.

Para evitar um prejuízo ainda maior, a Conmebol decidiu por um novo país-sede. A confederação calcula que perderá pelo menos US$ 30 milhões com a ausência de público e a não participação das convidadas Austrália e Catar na Copa América.

"Muitos custos já foram realizados e, inclusive, o cancelamento com mudança de sede gera uma série de duplicação de custos, que precisam ser bancados pelo organizador. Por exemplo, a saída inicial da Colômbia significa que a estrutura de hotelaria e transportes que estava agendada no país deixe de ser usada, e precisaria ser encontrado algo semelhante na Argentina. Em cima da hora representa custos mais elevados, e sem reembolso do que já foi pago anteriormente (ou, pelo menos, com reembolso mais complicado)", completa Grafietti.

Em uma reunião de urgência, na manhã desta segunda-feira (31), o Conselho da Conmebol definiu que o Brasil sediará a competição, após desistências de Argentina e Colômbia. Antes do anúncio oficial da Conmebol, o ministro de Interior da Argentina, Wado de Pedro, já havia declarado que o país não tinha condições de sediar o torneio.

"Estive conversando com o presidente a respeito das situações sanitárias das distintas jurisdições. Analisamos em particular a situação epidemiológica de Mendonza, Córdoba, Buenos Aires, Tucumán e Santa Fé, e algumas delas são sedes para a Copa América. Até hoje são sedes, mas, do nosso diagnóstico sanitário, vemos como muito difícil que se possa jogar na Argentina", declarou Wado neste domingo.

Mesmo diante das indefinições à cerca da realização da Copa América, algumas seleções que participam da competição já começaram a se reunir e iniciar sua preparação, como é o caso da Seleção Brasileira, que está trabalhando na Granja Comary, no Rio de Janeiro, desde a última quinta-feira (27).

De acordo com o planejamento da Conmebol, a Copa América no Brasil está prevista para ser disputada entre os dias 11 de junho e 10 de julho.

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