Julio Gomes

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Guarani x São Paulo jogam no aniversário de final épica e com erro absurdo

Não foram poucas as polêmicas que marcaram o futebol brasileiro ao longo dos anos. Viradas de mesa, a troca de mando de 74, boicotes, cisões, erros e mais erros de arbitragem. Como o futebol brasileiro teria sido moldado se, digamos, as coisas certas tivessem sido feitas? Se houvesse o VAR? Se os dirigentes tivessem sido líderes honestos, não cartolas?

Entre 1971 (vá lá, desde o Robertão 67) e 2002, o Brasileiro teve diversas formas de disputa de diferentes. E acabava sempre (salvo uma ou outra exceção) em uma final. Para muitos, a mais incrível de todos os tempos sequer foi disputada no mesmo ano do campeonato. Em 25 de fevereiro de 1987, Guarani e São Paulo decidiram no estádio Brinco de Ouro da Princesa o Brasileiro de 86.

O jogo terminou empatado em 1 a 1 e foi para a prorrogação, quando o São Paulo fez 2 a 1, o Guarani virou e Careca, nos instantes finais, fez 3 a 3. Nos pênaltis, deu São Paulo. Mas poucos (que não sejam torcedores bugrinos) se lembram do absurdo erro de José de Assis Aragão, o árbitro que não marcou um pênalti absurdo sobre João Paulo aos 40min do segundo tempo. Poderia ter sido o gol da vitória do Guarani - ainda que seja difícil ter certezas sobre aquela decisão, considerando tudo o que aconteceu.

Neste link aqui, um vídeo no YouTube mostra o pênalti não marcado sobre João Paulo.

São erros que vão ficando pelo caminho. Coisas lembradas apenas pelos torcedores que se sentiram (ou foram, de fato) prejudicados. Histórias que são tratadas como "mimimi". Cada torcida tem a sua, diga-se, mas algumas têm mais do que outras.

Neste domingo, no 37o aniversário daquela partida, os mesmos Guarani e São Paulo se enfrentarão no mesmo estádio. O Brinco de Ouro já não reluz como antes. Cabem menos pessoas, o tempo maltrata as arquibancadas que viram tantos craques jogar com a camisa verde. Se perder no domingo, o Guarani estará praticamente rebaixado no Paulistão.

Se aquele pênalti tivesse sido marcado, o Guarani teria provavelmente conquistado seu segundo título brasileiro. Ficaria empatado com o Palmeiras, atrás somente de Inter e Flamengo, que tinham três. A história do Bugre seria diferente hoje? É arriscado dizer isso. O Guarani seguiu forte por muito tempo, montou esquadrões na primeira metade dos anos 90, revelou craques para o futebol brasileiro. E, depois, definhou, como tantos outros.

Mas é improvável imaginar que os cartolas egoístas e elitistas que criaram a Copa União de 1987 o tivessem feito sem a presença do campeão, o Guarani. Quem teria ficado de fora? Como as coisas teriam se desenvolvido no futebol brasileiro? Será que 87 seguiria tendo a repercussão que tem até hoje?

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Aliás, José de Assis Aragão fez o que fez o ainda foi premiado. Era assim (ainda é?). Apitou naquele mesmo ano de 87, em dezembro, a final entre Flamengo e Inter. O então tetracampeonato do Flamengo. E o Guarani jogava com o Sport a final de um campeonato em que não deveria estar. Poderia ter sido o bicampeonato - não seria visto assim na época, mas seria hoje.

Aqui neste link, a reportagem da época sobre a grande final. Abaixo, está a ficha técnica. Na escalação do Guarani, um certo Tite. Sim, é ele mesmo. Que dupla de ataque formavam João Paulo e Evair! O São Paulo histórico tinha Silas, Pita, Muller, Careca. Os zagueiros? Ricardo Rocha de um lado, Darío Pereyra do outro. Sem dúvida, eram dois dos melhores times do mundo, já que nesta época os times brasileiros eram consideravelmente melhores do que os europeus. Outros tempos.

FICHA TÉCNICA

GUARANI
Sérgio Neri, Marco Antônio, Ricardo Rocha, Valdir Carioca e Zé Mário; Tosin, Tite (Vagner) e Boiadeiro; Catatau, Evair e João Paulo.
Técnico: Carlos Gainete Filho.

SÃO PAULO
Gilmar, Fonseca, Wagner Basílio, Darío Pereyra e Nelsinho; Bernardo, Silas (Manu) e Pita; Müller, Careca e Sidnei (Rômulo).
Técnico: Pepe.

Local: Brinco de Ouro da Princesa - Campinas
Data: 25/02/1987 (Quarta-feira)
Árbitro: José de Assis Aragão
Auxiliares: João Massonetto e Luiz Alfredo Bianchi
Gols: Nelsinho (contra), aos 2min, e Bernardo, aos 9min do primeiro tempo; Pita, aos 2min, e Boiadeiro, aos 7min do primeiro tempo da prorrogação; João Paulo, aos 3min. e Careca, aos 14min do segundo tempo da prorrogação.
Renda: Cz$ 4.221.300,00
Público: 37.370 pagantes
Cartão Vermelho: Vagner, aos 10min do primeiro tempo da prorrogação

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Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL

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