Espanha x França: Atacantes de poucas certezas são chave na semi da Euro
A capa do "L'Equipe", principal jornal esportivo da França, estampa hoje uma espécie de ordem: "No Pasarán". Assim mesmo, em espanhol, mostrando na foto os jogadores que formam a linha defensiva da seleção francesa. É claro que há ali também um duplo sentido, já que a eleição do último domingo teve a vitória da esquerda e um sonoro "no pasarán" dado pela maioria da população à extrema direita do país - os jogadores da seleção foram ativos no processo e boa parte deles se manifestou publicamente pedindo votos contra a coalização de radicais anti-imigração.
O "no pasarán" de hoje tampouco será de fácil execução. A França levou só um gol em cinco jogos na Euro, mas enfrenta uma Espanha que é a única seleção com cinco vitórias no torneio e 11 gols marcados - melhor ataque. Os espanhóis foram os que mais roubaram bolas e os que mais finalizaram, o que mostra bem como joga esse time jovem, batalhador e agudo, que não especula quando tem a bola.
O maior problema da França no torneio é que o ataque não funcionou. O time só tem três gols marcados, ou melhor apenas um, de pênalti, marcado por Mbappé - os outros dois foram contra, presenteados pelos adversários. Encontrar uma maneira de machucar o adversário e "colocar" o mascarado e dolorido Mbappé no torneio é a chave para a França. É um "temos de passar", além do "não passarão". Para isso, além de Mbappé, a França precisa que outros jogadores desempenhem melhor do que fizeram até agora. Notadamente, Griezmann, que fez uma ótima temporada, mas chegou baleado à Euro. Dembélé, Thuram, Kolo Muani... alguém precisa dar um passo adiante.
A Espanha chega para a partida com o desfalque gigantesco de Carvajal, futuro companheiro de Mbappé no Real Madrid e que seria seu cão de guarda. O substituto será o veteraníssimo Jesus Navas. Le Normand, que é francês, não terá a chance de fazer o papel de agente duplo, pois está suspenso. Em seu lugar, joga Nacho. No meio, Pedri, machucado, está fora, e entra Olmo, que foi o grande cara contra a Alemanha.
Classificação e jogos
O nome mais falado dos últimos dias, no entanto, foi o de Álvaro Morata, o atacante que não convence ninguém. Só hoje, eu, que sequer sou espanhol, recebi três meses de Morata. Um mostrava um túnel com um caminhão subindo o morro ao lado do túnel e os dizeres "Se Morata fosse caminhoneiro...". Outro mostrava uma foto de Morata ao lado de John Lennon: "Sabia que... Se Morata houvesse atirado em John Lennon, o artista inglês faria hoje 82 anos?". Ou seja, Morata é a piada por não acertar o alvo nem por decreto.
Sua esposa se revoltou nas redes contra um artigo de um jornal espanhol, pedindo respeito aos jogadores e lembrando que eles têm "pai, mãe, filhos...". Morata é o famoso "é o que temos" no ataque espanhol. Importante, para a comissão técnica, para ajudar a circulação de bola, fazer paredes e incomodar os zagueiros como um verdadeiro 9. Giroud fez o mesmo papel na França, que chegou às finais das últimas duas Copas com ele em campo. São decisões dos técnicos que eu, sinceramente, prefiro respeitar.
A Espanha chega com um time envolvente e um ataque que funciona, mas Morata é tratado como um ET no sistema por muitos cronistas e torcedores. Não chega a ser uma crise. Mas Morata, de fato, vai precisar melhorar a pontaria e ajudar mais contra uma defesa tão poderosa quanto a da França.
Os franceses tentam a quarta grande final em cinco torneios grandes - chegaram na Euro de 16, nas últimas Copas e só falharam na Euro de 2021. Os espanhóis estão na quarta semifinal das últimas cinco Euros. Se, no século passado, Alemanha e Itália foram indiscutivelmente as duas grandes seleções de futebol da Europa, neste atual é a vez de França e Espanha. Uma delas ampliará o ótimo retrospecto quando acabar o confronto de Munique, nesta terça.
Escalação provável da Espanha: Unai Simón; Jesús Navas, Laporte, Nacho e Cucurella; Rodri, Fabián Ruiz e Olmo; Lamine Yamal, Morata e Nico Williams.
Escalação provável da França: Maignan; Koundé, Saliba, Upamecano e Theo Hernandez; Tchouaméni, Kanté e Rabiot; Dembélé (Griezmann), Thuram e Mbappé.
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