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Julio Gomes

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Atlético perdoa, e Scarpa resgata o Palmeiras quase sozinho

Scarpa abre o placar para o Palmeiras contra o América-MG, pelo Brasileirão - Alessandra Torres/AGIF
Scarpa abre o placar para o Palmeiras contra o América-MG, pelo Brasileirão Imagem: Alessandra Torres/AGIF

03/08/2022 23h33

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Eu desconfiava e aconteceu. Abel Ferreira é um monstro navegando em águas conhecidas, mas tem mais dificuldades em mares desconhecidos. Cuca ousou, montou um Atlético Mineiro diferente, com uma formação que não era esperada pelo técnico palmeirense. E quase se deu bem. O problema do Galo é que não conseguiu manter o ritmo para além da metade do segundo tempo.

Gustavo Scarpa é o nome da eliminatória. O melhor jogador do Palmeiras no momento manteve o time vivo enquanto sofria. Praticamente sozinho, não deixou o Palmeiras sucumbir e, quando as coisas melhoraram, na reta final. ele estava lá para ajudar. No fim, 2 a 2 e um placar extraordinário para um resiliente bicampeão da Libertadores, que simplesmente se recusa a perder.

Scarpa bateu a falta que gerou o gol de Murilo no rebote, e, nos acréscimos, bateu escanteio que acabou no gol de empate, de Danilo - um que fez, talvez, seu pior jogo pelo Palmeiras.

Danilo é só um exemplo. Ninguém funcionou no Palmeiras por 60 minutos - exceto, claro, Scarpa. O meia nem mesmo entrou em campo no duelo do ano passado. De lá para cá, ganhou espaço e hoje é um titular absoluto. Fundamental em todos os aspectos do jogo.

De uma falta brilhantemente batida por Scarpa no travessão, surgiu o rebote e o gol de Murilo. Neste momento da partida, o Atlético ganhava por 2 a 0 e pressionava, com chances para "matar" o duelo. Depois do gol do Palmeiras, a dinâmica do jogo mudou, Abel acertou nas trocas e o atual bicampeão da América buscou um empate que parecia impossível. Antes do gol de Danilo, Dudu perdeu um gol inacreditável no fim, após passe de (adivinhe quem?) Scarpa.

Cuca surpreendeu Abel ao sacar Nacho do time, ara dar mais velocidade e verticalidade. Era impossível prever tal "sacrilégio", e o Palmeiras demorou bastante a se ajustar a um jogo rápido, com Keno por um lado, Ademir pelo outro, Zaracho em campo e Hulk inspirado.

Em 15 minutos, o Galo já poderia estar vencendo por 2 a 0. Demorou demais, perdeu chances claras, permitiu ao Palmeiras fazer alguns encaixes. Ainda assim, fez o primeiro gol no fim do primeiro tempo, após um pênalti besta de Marcos Rocha em Jair. Ao contrário do ano passado, Hulk acertou. O segundo tempo começou com um gol contra de Murilo, que deixava o placar de um jeito mais condizente com o que havia acontecido no primeiro.

Perdido em campo, o Palmeiras se livrou de tomar um terceiro gol. E aí veio a falta cobrada por Scarpa - falta besta, diga-se, cometida por Keno no campo de defesa, depois de uma bola perdida.

A partir daí, o Palmeiras cresceu, o Atlético voltou a ser um time mais parecido com o do primeiro semestre - lento e esburacado. O empate saiu. É uma eliminatória ainda abertíssima, pois o Atlético tem material humano para ganhar em São Paulo. Mas Cuca perdeu o fator surpresa, e o Palmeiras tem Scarpa, Abel e uma confiança que poucas vezes vimos um time mostrar na história.