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Julio Gomes

REPORTAGEM

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San Lorenzo ganhou a única Libertadores sem paulistas do século

San Lorenzo campeão da Libertadores de 2014 - Julio Alberto Buffarini, Nestor Ortigoza e Santiago Gentiletti celebram com a taça - Amilcar Orfali/LatinContent via Getty Images
San Lorenzo campeão da Libertadores de 2014 - Julio Alberto Buffarini, Nestor Ortigoza e Santiago Gentiletti celebram com a taça Imagem: Amilcar Orfali/LatinContent via Getty Images

06/04/2021 04h00

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O San Lorenzo, adversário do Santos nesta noite (21h30) pela partida de ida da última fase da Pré-Libertadores, é mais do que o time do Papa. É um grande da Argentina e, em 2014, conseguiu sua maior glória: ser campeão da América.

Era uma pedra no sapato do torcedor do San Lorenzo, já que todos os outros considerados "grandes" na Argentina já haviam tido glórias internacionais. A curiosidade é que o título do San Lorenzo foi conquistado na única Libertadores deste século que não teve presença de clubes paulistas.

Naquela edição, de 2014, os representantes brasileiros eram o Atlético-MG (que defendia o título da Libertadores-2013), Flamengo (campeão da Copa do Brasil), Cruzeiro, Grêmio, Athletico-PR e Botafogo (nesta ordem, os quatro primeiros do Brasileirão de 2013). O melhor paulista no Brasileiro do ano anterior havia sido o Santos, que acabou em sétimo lugar. Já na Copa do Brasil de 2013, o melhor paulista havia sido o Corinthians, eliminado nas quartas de final.

Na Libertadores-14, Flamengo e Botafogo foram eliminados na fase de grupos - o Botafogo caiu justamente no grupo em que passaram Unión Española, do Chile, e o San Lorenzo, que entrou como o segundo pior segundo colocado e não era cotado entre os favoritos. Nas oitavas de final, o Atlético-MG foi eliminado pelo Atlético Nacional, da Colômbia.

Já os outros brasileiros caíram justamente diante do San Lorenzo: Grêmio nas oitavas (nos pênaltis) e Cruzeiro nas quartas. Depois, o time do papa eliminou o Bolívar e foi campeão em cima do Nacional, do Paraguai.

Ao longo do século, os clubes paulistas conquistaram quatro vezes a Libertadores. São Paulo em 2005, Santos em 2011, Corinthians em 2012 e Palmeiras em 2020. Além disso, chegaram a outras quatro finais: São Caetano em 2002, Santos em 2003 e 2020 e São Paulo em 2006. Ainda no fim do século passado, o Palmeiras foi campeão em 99 e vice em 2000. Os times dos outros Estados todos juntos, somados, tiveram desempenho parecido no mesmo período: cinco títulos e quatro vices.

Antes desta Libertadores de 2014, a última edição do torneio sem presença de um clube paulista sequer havia sido a de 1998, ainda na época em que apenas dois representantes de cada país se classificavam para a disputa - além do detentor do título do ano anterior. Em 98, os brasileiros na Libertadores foram o Cruzeiro (campeão da Copa de 97), Grêmio (campeão da Copa do Brasil) e Vasco (campeão brasileiro, que ganharia a América naquela edição).

Nos anos 90, somente em 97 e 98 não houve paulistas na Libertadores. Nas duas décadas anteriores, a ausência era bem mais comum, e o Estado não conquistou nenhuma vez o título continental. Nos anos 60, Santos e Palmeiras foram presenças constantes - o primeiro ganhou duas taças, o segundo perdeu duas finais.

Adversários nesta noite no estádio "El Nuevo Gasómetro", San Lorenzo e Santos estiveram simultaneamente em três Libertadores, mas nunca se enfrentaram na competição. Isso ocorreu em 2005, 2008 e 2017 (nestas últimas duas, ambos foram eliminados nas quartas de final). O Santos, com 16 presenças, é o sexto clube brasileiro que mais vezes jogou a Libertadores (chegou pelo menos às quartas em 13 das 15 participações anteriores). O San Lorenzo é o quarto argentino que mais vezes disputou a Copa, com 17 presenças.

Em competições oficiais, os clubes se enfrentaram nas oitavas da Copa Sul-Americana de 2006, e o San Lorenzo avançou ao vencer a primeira por 3 a 0, em Buenos Aires, e perder a segunda, na Vila, por 1 a 0. O técnico santista era Vanderlei Luxemburgo. Em amistosos, jogaram uma vez em 1954 (empate por 3 a 3) e outra em 1977 (vitória do Peixe por 1 a 0).