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Julio Gomes

O plano de Rogério Ceni é claro. Mas quando ele terá um Flamengo inteiro?

Rogério Ceni lamenta gol da vitória do São Paulo, após falha de Hugo - André Mourão/Foto FC/UOL
Rogério Ceni lamenta gol da vitória do São Paulo, após falha de Hugo Imagem: André Mourão/Foto FC/UOL

12/11/2020 04h00

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Bastou um treinamento e algumas horas de conversa para que Rogério Ceni já recolocasse o Flamengo nos trilhos. O óbvio, afinal. Resgatar vários elementos (ou todos) do trabalho de Jorge Jesus.

Quando perdeu o português, a diretoria do Flamengo tinha vários caminhos para escolher. Escolheu o mais difícil, o de um técnico sem experiência e que enxergava o futebol de outra maneira. Ceni mostrou, em seus quatro anos de carreira, que gosta de um futebol parecido com o que Jesus implementou no Flamengo. Um jogo agressivo, de pressão sobre o adversário, intensidade e velocidade.

Na primeira partida de Ceni, a derrota por 2 a 1 para o São Paulo, o Flamengo já resgatou alguns daqueles elementos. Em vários momentos do jogo, adiantou a marcação e se posicionou de forma a cortar as linhas de passes do São Paulo.

Os erros são-paulinos foram mais individuais do que coletivos. A pressão não foi tão forte sobre o portador. Mas o bom posicionamento para cortar o passe atrapalhou, funcionou e gerou as boas chances que o Flamengo teve no jogo, principalmente no primeiro tempo. Com a bola no pé, o time de Ceni sofreu mais. Teve pouca mobilidade e abusou de alguns passes longos - mas vamos lembrar que não estavam em campo dois dos principais construtores do time: Filipe Luís e Éverton Ribeiro.

O Fortaleza pressionou mais o São Paulo nas duas partidas entre eles, pelas oitavas. E jogou com mais velocidade. É aí que entra o problemão para Ceni. Para que ele consiga colocar o Flamengo para jogar com a mesma intensidade de seu Fortaleza, ou do Flamengo-19, precisa de um time muito mais inteiro fisicamente.

Gabriel Barbosa e De Arrascaeta, ambos voltando de lesão, estão nitidamente sem ritmo. Diego Alves, fundamental para a saída de jogo, sentiu cãimbras. Rodrigo Caio sofrerá quando voltar, Rafinha e Marí não estão mais. E é preciso ver como voltarão os jogadores de seleção.

O Flamengo não terá uma semana sequer de treinos pela frente. A sequência, sempre domingo-quarta-domingo-quarta, tem: Atlético-GO, São Paulo (fora), Coritiba, Racing (fora), Grêmio (fora), Racing e Botafogo. Ufa! E, se tiver passado na Copa do Brasil e na Libertadores, a sequência continua. Seriam mais dois jogos contra o Grêmio (o mais provável) e dois contra Boca Juniors ou Inter.

É jogo e recuperação, jogo e recuperação. Como treinar? Como ajustar? Rogério precisará contar com a memória de jogo de seu elenco para fazer o mesmo que fazia com Jesus. E o principal: Rogério precisará de um time muito melhor fisicamente para que a pressão na retomada da bola seja mais intensa e mais eficiente.

Será que ele terá um Flamengo assim inteiro nas próximas semanas? Seria quase um milagre da preparação física. Quais as alternativas? Uma opção é deixar alguns jogadores-chave treinando e se recuperando e rodar o elenco nos três jogos supostamente mais fáceis que tem pela frente, pelo Brasileiro: Atlético-GO, Coritiba e Botafogo.

Vamos ver que caminhos Rogério tentará encontrar para que o time tenha a intensidade que ele quer. Mas uma coisa é certa: o Flamengo voltou para a pista, depois de um tempão estacionado no box.