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Julio Gomes

Sul-Americana tem duelo de técnicos que humilharam Corinthians e São Paulo

Ronaldo em ação na derrota do Corinthians para o Tolima, na pré-Libertadores 2011 - Daniel Augusto Jr./Ag. Corinthians
Ronaldo em ação na derrota do Corinthians para o Tolima, na pré-Libertadores 2011 Imagem: Daniel Augusto Jr./Ag. Corinthians

27/10/2020 03h11

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Qual foi pior? O "Tolimazo" ou o "Tallerazo"? O Tolima da Colômbia, em 2011, e o Talleres argentino, em 2019, proporcionaram duas humilhações históricas para Corinthians e São Paulo, respectivamente. Eliminações ainda na fase prévia da Copa Libertadores da América, um negócio difícil de engolir para o torcedor.

O Corinthians, em 2011, ainda não tinha o título do continente e Tite treinava um time com Roberto Carlos e Ronaldo. Absolutamente ninguém esperava a eliminação precoce para o desconhecido Tolima, clube que ganhou fama no Brasil desde então. Menos mal para o Coringão que o título veio, afinal, no ano seguinte - e muitos creditam a conquista à não demissão de Tite após o vexame na Colômbia.

O São Paulo, pelo contrário, é tricampeão da Libertadores e nunca havia feito um papelão como o do ano passado, caindo para o Talleres antes mesmo da fase de grupos. Vários dos jogadores do elenco atual estavam naquele time, então comandando por André Jardine.

E o que o Tolima e o Talleres, afinal, têm em comum? Na época, o clube colombiano era comandando por Hernán Torres, que desde o início deste ano está de volta ao clube. Já o Talleres tinha como técnico o promissor argentino Juan Pablo Vojvoda, que no fim do ano acabou assumindo o Unión La Calera, do Chile.

Nesta terça à noite, La Calera e Tolima se enfrentam pela segunda fase da Copa Sul-Americana, jogo com transmissão ao vivo da Conmebol TV (estarei nos comentários da partida, que começa às 21h30).

E por que ver La Calera x Tolima? Só por causa dos dois técnicos, que atrapalharam a vida de Corinthians e São Paulo no passado? Não, não só por isso. Mas porque La Calera e Tolima são atualmente líderes do Campeonato Chileno e do Colombiano, por incrível que pareça.

Chile e Colômbia não têm um representante sequer nas oitavas da Libertadores, e talvez a explicação passe por isso: os líderes estão na Sul-Americana. É verdade que a Universidad Católica e o América de Cali, atuais campeões dos dois países, deram azar ao cair no "grupo da morte" da primeira fase da Libertadores, grupo em que Grêmio e Inter passaram adiante.

Hernán Torres, técnico do Tolima, começou a carreira de goleiro no clube e também de treinador - assumiu em abril de 2007 e ficou até o fim de 2011. Em 2012, tirou o tradicional Millionarios de uma fila de 24 anos e conquistou o título colombiano. Depois ainda tirou o América de Cali da segunda divisão, após anos de penúria. E foi ser campeão peruano com o pequeno Melgar. Agora, está de volta ao Tolima.

Foi eliminado na Pré-Libertadores pelo Inter, de Coudet, ao empatar por 0 a 0 em casa e perder por 1 a 0 no Sul. Desde a volta do futebol na Colômbia, em setembro, o Tolima ganhou cinco jogos, empatou três e perdeu só um. É o líder do campeonato, mas são oito classificados para os quadrangulares que definirão os dois finalistas. É um time que vem forte para a Sul-Americana.

Olhando para a chave, é bem possível que o vencedor deste duelo avance até as semifinais do torneio. O Unión La Calera, do Chile, já foi responsável pela eliminação do Fluminense, ainda em fevereiro. Venceu cinco jogos seguidos e lidera o campeonato nacional com 36 pontos - no entanto, a Católica, com três pontos a menos, ainda tem dois jogos a fazer. No Chile, o campeão sai dos pontos corridos e ainda falta todo o segundo turno para jogar.

O técnico Vojvoda é um "Bielsista". Quando jovem, nos anos 90, ele frequentava o Newell's Old Boys e assistia aos treinos de Marcelo Bielsa. É fã também de Tata Martino, outro discípulo. Vojvoda Foi um zagueiro que passou por times pequenos e cursava a faculdade de medicina quando, alguns anos atrás, foi chamado para treinar o Defensa y Justicia. A medicina ficou de lado e ele engatou na carreira de técnico.

Apesar de falar da influência de Bielsa abertamente, Vojvoda gosta atual dos times de Klopp, de Gallardo e de Coudet. "Gosto de times intensos. Prefiro o compromisso do que o talento".