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Copa do Mundo: nos Esports, conceito precisa amadurecer

Brasil Copa do Mundo de PUBG - Divulgação/PUBG Corp
Brasil Copa do Mundo de PUBG Imagem: Divulgação/PUBG Corp

Colunista do UOL

29/06/2022 04h00

Estamos em 2022, ano de Copa do Mundo. Aquele evento mágico que mexe com todo mundo. Mesmo que você não goste de futebol, acaba impactado pelo planeta inteiro respirando a modalidade mais popular que existe. No esporte eletrônico, torcer pelas equipes que representam nosso seu país é algo normal, mas o conceito de "seleções" é algo ainda pouco difundido e que, em meio à volatilidade dos cenários competitivos, ainda não se consolidou de uma forma convincente.

Em setembro de 2020, o Rainbow Six Siege confirmou a realização de uma Copa do Mundo própria para o ano seguinte, com a participação de 45 países e ninguém menos que um ídolo do basquete, Tony Parker, como embaixador. Por conta da pandemia do COVID-19, a ideia não foi para frente, mas ainda há a ideia de que o torneio seja realizado em 2023. À época, localmente, o projeto animou especialmente pela chance de ver grandes jogadores que não atuam nas mesmas equipes lado a lado, em prol do Brasil.

Como exploramos constantemente aqui no GGWP, ideias que parecem óbvias e palpáveis nas modalidades tradicionais nem sempre engrenam nos Esports. É necessário entender que algumas ideias, como a torcida efusiva por uma organização específica, por exemplo, não é uma regra. Óbvio: há, sim, casos que se aplicam, mas as peculiaridades (e as variações de game para game, inclusive) contam muito na hora da produção de conteúdo ou da promoção de campeonatos, por exemplo.

O Overwatch, sobre o qual falamos recentemente aqui no blog, é um caso curioso. Teve quatro edições de uma Copa do Mundo, entre 2016 e 2019. Tudo indicava um Esport revolucionário, com fortes ligações a nível global, e uma competição (a Overwatch League) diferente de tudo que já havíamos visto. No texto linkado na frase anterior, você pode entender maiores detalhes de como, definitivamente, as coisas não aconteceram da maneira esperada.

Neste ano, vimos o PUBG trabalhar muito bem sua própria Copa do Mundo - a Nations Cup - movimentando a comunidade e os ídolos de cada país O Brasil, inclusive, foi o terceiro colocado, atrás apenas do campeão Reino Unido e do vice Vietnã. Nomes de outros Esports também torceram pelo progresso dos representantes nacionais. É uma forma, querendo ou não, de furar a bolha.

A prova de que vender o conceito de Copa do Mundo é bem mais complicado nos Esports é até mesmo o futebol virtual não encontrar toda a facilidade para espalhar sua palavra. O Brasil, por exemplo, recentemente se classificou para a FIFA eNations Cup de FIFA 22, garantindo um segundo lugar nas Eliminatórias da América do Sul para participar do principal torneio global de seleções, que acontece no próximo mês, na Dinamarca. Ainda assim, não há um espaço massivo na mídia - mesmo a especializada.

E, aqui, não se trata de abrir a brecha para que as sempre ineficientes federações de Esports tentem se mostrar necessárias. As publishers têm capacidade de concentrar uma Copa do Mundo para cada um dos games. Porém, ainda se contam nos dedos jogos populares a nível global com "cancha" para levar adiante a ideia. Pode ser algo que, no futuro, vingue. Mas ainda não é o caso.