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Diego Garcia

REPORTAGEM

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Conselheiros do São Paulo pedem afastamento de cartolas denunciados pelo MP

Douglas Schwartzmann, secretário-geral do São Paulo - Divulgação/São Paulo
Douglas Schwartzmann, secretário-geral do São Paulo Imagem: Divulgação/São Paulo

com Pedro Lopes e Thiago Braga

30/09/2021 17h14

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Após o UOL revelar que o Ministério Público do Estado de São Paulo tornou réus Leonardo Serafim, ex-diretor-jurídico e atual homem-forte da gestão encabeçada pelo presidente do São Paulo, Julio Casares, e Douglas Schwartzmann, atual secretário-geral, por corrupção, conselheiros de oposição se articulam para que os dois alvos do MP deixem suas funções no dia a dia do clube.

Segundo requerimento ao qual a reportagem teve acesso, os conselheiros pedem o afastamento provisório de Serafim e Schwartzmann para que a imagem do São Paulo seja preservada, dando aos dois o direito de se defenderem longe dos holofotes.

A ideia é entregar o requerimento ao presidente do Conselho Deliberativo do clube, Olten Ayres de Abreu Junior, tão logo as 63 assinaturas necessárias para protocolar o documento no órgão sejam colhidas. A expectativa da oposição é que isso possa ocorrer ainda nesta semana. Ainda não foi discutido entre os conselheiros oposicionistas a possibilidade de um eventual pedido de exclusão de Serafim e Schwartzmann do quadro de sócios do São Paulo. Mas a discussão pode vir à tona na medida em que as investigações no MP avancem.

Além de Serafim e Schwartzmann, o Ministério Público de São Paulo denunciou o ex-presidente do clube Carlos Miguel Aidar, sua ex-namorada Cinira Maturana, o advogado José Roberto Cortez, além de Maria Eugenia Cortez e mais duas pessoas.

O inquérito apura se houve os crimes de organização criminosa, estelionato ou furto mediante fraude e lavagem de capitais cometidos por dirigentes tricolores.

A representação investigou a contratação de Iago Maidana, que lesou os cofres do São Paulo, e ainda comissões ilegais na negociação com a Under Armour e na contratação do escritório de advocacia José Roberto Cortez Advogados.

Segundo a denúncia, Leonardo Serafim teria cometido crime patrimonial e lavagem de capitais durante a gestão Aidar no São Paulo. O advogado foi denunciado por furto qualificado com abuso de confiança e mediante concurso de duas ou mais pessoas. A pena é de reclusão de três a oito anos.

Douglas, por sua vez, era diretor de marketing de Aidar e hoje é o atual secretário-geral do clube. O MP aponta que pairavam suspeitas de irregularidades no exercício de Schwartzmann no cargo de diretor de marketing da gestão Aidar. O órgão ainda encontrou indícios de participação de Schartzmann em manobra de lavagem de capitais.

Em decisão publicada pela juíza Marcia Mayumi Okoda Oshiro, foi determinado que os acusados respondam às acusações em até dez dias e ainda ofereçam documentos para especificar as provas pretendidas. Também podem indicar testemunhas. Serafim diz que vai se manifestar no processo, assim como Aidar, enquanto Douglas prometeu provar inocência.


Leia a íntegra do documento:

Ao Sr. Presidente do E. Conselho Deliberativo do São Paulo Futebol Clube
Olten Ayres de Abreu Junior

Prezado Presidente,

Nos termos do art. 75 do Estatuto Social do São Paulo Futebol Clube, os abaixo subscritores vêm por meio deste requererem o encaminhamento da solicitação abaixo ao sr. Presidente da Diretoria, Sr. Julio Cesar Casares.
Tendo em vista o oferecimento de denúncia pelo Ministério Público do Estado de São Paulo ora anexada, pedimos por meio desta o afastamento provisório dos denunciados das atividades oficiais e extraoficiais da gestão do São Paulo Futebol Clube para principalmente (a) proteger a imagem da instituição já que os crimes sugeridos pelo MPSP são relacionados ao clube e (b) que os denunciados possam ter a liberdade do exercício da ampla defesa e o contraditório na referida denúncia.