Diego Garcia

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Hoje preso, Robinho multiplicou patrimônio e pôs bens em nome de parentes

O UOL apurou que, nos últimos dez anos, o patrimônio familiar de Robinho, ex-atacante preso por estupro em Tremembé, no interior de São Paulo, cresceu. Documentos a que a coluna teve acesso mostram um patrimônio familiar de 20 imóveis e 8 veículos no nome de Robinho, sua mulher, seu pai e sua mãe.

Poucos imóveis adquiridos no período, porém, estão em seu nome diretamente. A defesa de Robinho não comentou o assunto. Vivian Guglielmetti, mulher do ex-jogador, não respondeu aos contatos.

7 apartamentos comprados, só 1 no nome de Robinho

Robinho e a esposa adquiriram sete imóveis em Santos e região desde 2014. Gastaram R$ 6,4 milhões em apartamentos que valorizaram e, hoje, valem mais de R$ 10 milhões.

Seis desses imóveis foram registrados em nome de Vivian. Apenas um, o apartamento onde o ex-atacante foi preso na noite de quinta-feira (21), no bairro Aparecida, em Santos, é exclusivamente dele — o registro em cartório diz que foi "comprado sob os olhares da esposa".

Escritura dos imóveis cita um pacto antenupcial, datado de 2009. O documento prevê que o casamento dos dois foi feito no regime de separação total de bens: ou seja, o imóvel ficaria para a esposa caso alguma coisa acontecesse.

Esse pacto prevê que "não se confunde em hipótese alguma o patrimônio de cada um, sob qualquer pretexto ou presumido direito, não respondendo pelas dívidas um do outro, contraídas antes ou depois do matrimônio". Além disso, "cabe a cada cônjuge a livre administração, os quais não responderão por enganos ou dívidas do outro", dos bens que o casal venha a adquirir durante o matrimônio.

6 novos veículos, nenhum no nome de Robinho

Eles ainda adquiriram seis veículos no período, que custaram quase R$ 1 milhão no total:

  • Toyota Hilux, em nome da esposa, comprada por R$ 235 mil.
  • Van Daily Iveco, por R$ 185 mil, também em nome de Vivian.
  • Fusca antigo, que colocou em nome de sua empresa, pelo qual desembolsou R$ 60 mil.
  • Toyota Corolla, por R$ 100 mil, em nome de sua empresa.
  • Chevrolet Montana, por R$ 55 mil, em nome de sua empresa.
  • Jeep Renegade, por R$ 70 mil, em nome de sua mãe.
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Doações e imóveis no nome dos pais de Robinho

Os demais imóveis que fazem parte do acervo do casal estão no nome dos pais de Robinho, Marina e Gilvan, ou foram doados por eles para Vivian ou Robinho. Essas informações constam em registros e escrituras feitos em cartórios vistos pela coluna.

No nome dos pais de Robinho estão, por exemplo, as duas mansões no Guarujá, no Jardim Acapulco. Uma delas foi adquirida em 2003 por R$ 3,3 milhões e hoje vale cerca de R$ 20 milhões.

No ano passado, a esposa de Robinho vendeu pela primeira vez um dos bens do casal: um sobrado localizado no bairro Parque Bitaru, em São Vicente, por R$ 260 mil. A compra foi feita por um político local e a negociação foi tratada exclusivamente com a mulher, que nas escrituras dos imóveis se define como autônoma, estudante e empresária.

Advogados dizem que movimentação pode configurar fraude

Segundo advogados ouvidos pela coluna, esse tipo de movimentação chama a atenção pois pode causar reflexo nos processos envolvendo Robinho. Segundo os profissionais consultados, colocar bens no nome de parentes próximos quando se sofre uma acusação que pode causar perda de patrimônio se chama "simulação" e pode caracterizar fraude em caso de condenação.

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Por exemplo: uma pessoa que sofreu um estupro pode ter direito a indenização por dano moral. Se o condenado tiver feito a "simulação", o cálculo de seu patrimônio para o cálculo da ação seria prejudicado.

Procurada, a defesa de Robinho disse que desconhece o assunto. A coluna mandou mensagem e tentou ligar para a empresa de sua mulher. A mensagem foi visualizada, mas não houve resposta. Também procurou Vivian pela defesa do ex-jogador, que afirmou não ter ciência sobre o tema.

O caso de estupro

Robinho foi preso na noite de quinta-feira (21), em Santos, após decisão do STJ, que não julgou o mérito do processo, ou seja, se o ex-jogador é culpado ou inocente pelo crime de estupro, mas sim se a decisão estrangeira cumpriu os requisitos que foram estabelecidos na legislação brasileira e se foram observadas as devidas regras do processo.

O estupro aconteceu na madrugada do dia 22 de janeiro de 2013, em Milão, na Itália. Na boate Sio Café, uma mulher albanesa, que comemorava seu aniversário de 23 anos, foi estuprada por Robinho e outros cinco amigos, segundo conclusão da Justiça italiana. Atualmente Robinho está preso em Tremembé, no interior de São Paulo.

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