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Diego Garcia

REPORTAGEM

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Warner pode voltar a transmitir Brasileiro no futuro com liga de clubes

Santos e Athletico eram dois clubes que tinham contrato com a Warner - Fernanda Luz/AGIF
Santos e Athletico eram dois clubes que tinham contrato com a Warner Imagem: Fernanda Luz/AGIF

Colunista do UOL

29/09/2021 06h00

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A Warner anunciou ontem (28) que não vai continuar a transmitir o Campeonato Brasileiro após a edição atual do torneio, exercendo cláusula em contrato previsto com os clubes — alguns acordos iam até 2024. Mesmo assim, a empresa não descarta voltar a brigar pelos direitos do principal torneio do país caso o futebol local passe por mudanças estruturais.

Em entrevista à coluna, o vice-presidente de esportes na América Latina, Fábio Medeiros, afirmou que a criação de uma liga de clubes, hipótese que ganhou força neste ano, mas recentemente esfriou, seria importante para ajudar em futuras negociações pelos direitos da Série A.

"Esse movimento é importante para o futebol brasileiro profissionalizar o produto e sem dúvida para companhia essa negociação centralizada facilitaria muito. Sempre vamos buscar opções de ligas locais e de ter o torcedor brasileiro consumindo seu produto dentro da WarnerMedia", disse Medeiros, citando exemplos de Chile e Argentina, onde a emissora tem os direitos da Liga local.

"Fica mais claro qual produto vai ter, o que prever para o negócio e qual produto oferecer aos patrocinadores. Essa previsibilidade no produto te dá muito mais tranquilidade de um investimento a médio e longo prazo. Esse profissionalismo ajuda muito em decisões do tipo, vai ajudar bastante a qualidade do produto e oferecer algo ao fã do futebol brasileiro", acrescentou.

Ainda presente no futebol brasileiro com a transmissão da Champions League, a empresa acredita que, para voltar ao futebol brasileiro, precisaria ter mais clareza sobre o que poderia ser explorado.

"Tem que ter mais exclusividade para os jogos, modelo mais claro de que jogos vamos ter, qual modelo posso levar ao mercado e streaming, recente no Brasil e importante para a gente. Se for interessante e a gente conseguir se organizar com um business que faz sentido, vamos atrás, desde que seja mais compreensível e tenha mais controle sobre tudo", destacou o VP.

A Warner tinha acordo com os clubes até 2024, mas optou por exercer cláusula que permite a saída da empresa ao término do Brasileirão desse ano. Entre os motivos, estão os blecautes nas praças dos jogos, o modelo de negócio atual, a limitação máxima de jogos por rodada e a concorrência com outras plataformas.

Sete clubes da Série A têm contrato com a empresa até o fim do ano: Palmeiras, Santos, Athletico Paranaense, Juventude, Fortaleza, Ceará e Bahia. Um acordo feito com a Warner no ano passado possibilitou que o acordo fosse desfeito sem que nenhuma multa seja paga.

Medeiros ainda afirmou que a inclusão de uma chamada "emenda Globo" no texto final da Lei do Mandante não influenciou na decisão da Warner em parar de transmitir o Campeonato Brasileiro em 2022, mas que a nova legislação será importante para o futuro.

"É óbvio que se tivesse mais opções para escolher os jogos, sempre melhor o produto que você tem. Mas dadas outras restrições que o contrato já tinha não seria suficiente para mudar o cenário que a gente estava. Continuaria com coisas no contrato que limitavam bastante mesmo com a melhoria e acréscimo de jogos. Mas não foi o que influenciou nossa decisão, já estava indo para esse caminho independente do ajuste na lei", disse o VP.

Medeiros ainda apontou que a chegada de novos players no mercado foi importante para o futebol brasileiro, além do surgimento de novas plataformas.

"Com mais opções e modelos disponíveis, você fica aberto a escolher qual faz mais sentido para você. Tenho três filhos de idades diferentes e é impressionante como consumo de esportes deles é diferente do que eu tinha na infância e adolescência. Se a gente não for capaz de entender isso e como somos relevantes nas plataformas disponíveis nunca vamos oferecer produtos para atrair marcar que vão anunciar. Precisamos estar atentos a essas mudanças e vai ser cada vez mais plural os tipos de empresa que vão investir no esporte".