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Diego Garcia

ANÁLISE

Texto baseado no relato de acontecimentos, mas contextualizado a partir do conhecimento do jornalista sobre o tema; pode incluir interpretações do jornalista sobre os fatos.

Caratê de Jesus quase complica Brasil e destrói tática de Tite no 2º tempo

Gabriel Jesus deixa campo cabisbaixo diante do técnico Tite após ser expulso em jogo do Brasil - Wagner Meier/Getty Images
Gabriel Jesus deixa campo cabisbaixo diante do técnico Tite após ser expulso em jogo do Brasil Imagem: Wagner Meier/Getty Images

Colunista do UOL

02/07/2021 22h55

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A seleção brasileira fez um primeiro tempo fraco no Engenhão, esbarrando na sólida defesa chilena e dividindo a posse de bola, algo raro para a equipe de Tite. Mas, após voltar bem com a troca de Firmino por Paquetá, em aposta de Tite para a etapa final, e abrir o placar, o Brasil viu Gabriel Jesus aplicar uma voadora digna de caratê em Mena e ser expulso.

Quase tudo foi por água abaixo. A vitória por 1 a 0 não refletiu o que foi a partida, já que o Chile equilibrou o jogo, e mais ainda depois da expulsão, porque dominou as ações. Só que não foi efetivo. O Brasil recuou e buscou os contra-ataques, apelando até para cera em momentos que tinha a bola em reposições. Venceu na raça.

Para se ter uma ideia, a posse de bola do Brasil caiu de 51% antes do cartão vermelho de Jesus para 33%, aos 25 do segundo tempo, de acordo com dados do Data ESPN. Mas, curiosamente, o time visitante acertou menos o gol brasileiro após a expulsão de Jesus: apenas duas vezes - foram três na etapa inicial.

O Chile vinha de primeiro tempo positivo, conseguindo equilibrar a partida diante de um time bem mais forte. Finalizou quatro vezes, sendo três certas, contra seis chutes do Brasil, mas só dois com direção ao gol chileno. O visitante ainda teve até maior controle das ações do jogo, com posse de bola ligeiramente maior nos primeiros 45 minutos.

Mas a seleção parecia que ia voltar bem do intervalo, com a troca de Firmino por Paquetá. Tanto que, em seu primeiro lance no jogo, tabelou com Neymar e abriu o placar. O meio-campista havia acabado de entrar, depois de primeiro tempo em que o esquema com quatro atacantes de Tite visivelmente fracassou.

Porém, logo no minuto seguinte, em gesto totalmente desnecessário, Gabriel Jesus levantou demais a perna, chegou como um trem em uma bola no alto e acertou o rosto de Mena. O lateral esquerdo do Chile foi abaixo na hora. O juiz sequer pensou duas vezes antes de aplicar o cartão vermelho direto para o jogador brasileiro.

Não foi a primeira vez que Jesus deixou a seleção na mão em um momento decisivo de Copa América. Em 2019, na final contra o Peru, após bom primeiro tempo com gol e assistência, foi expulso aos 24 minutos da etapa complementar e deixou o campo revoltado, dando uma bica em uma garrafa, um soco na cabine do VAR e empurrão em totem da Conmebol. O Brasil venceu no fim por 3 a 1.

Desta vez, Jesus deixou o campo lamentando. Recebeu afagos do técnico Tite, do auxiliar Cesar Sampaio e também do preparador físico Fabio Mahseradjan assim que deixou o gramado.

Com um a mais, o Chile foi para o ataque e chegou a empatar, aos 16, quando Vargas aproveitou ótimo passe de cruzamento na área, mas Pulgar, que ajeitou a bola, estava em posição irregular.

Sem Jesus, Tite não pode fazer novo teste com Paquetá como terceiro homem de meio de campo junto ao trio de atacantes considerado titular, no caso, Neymar, Richarlison e Jesus. A ausência de um jogador fez o Brasil adotar um esquema 4-4-1, apostando no pulmão de Fred e Casemiro para compensar a diferença numérica.

Os chilenos criaram outras chances, mas esbarraram na marcação rival. E o Brasil também criou. Em uma delas, Neymar chamou contra-ataque para si, passou por dois marcadores, invadiu a área e finalizou, mas Bravo fez ótima defesa. No fim, a seleção segurou a vitória por 1 a 0 e avançou até a semifinal, agora contra o Peru.