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Amigo de Robinho mostra burrice e misoginia ao falar da noite do crime

Um homem cai no sono na balada. Um amigo o acorda, chamando para acompanhá-lo à chapelaria da boate. Ele entra e vê seus amigos transando com uma jovem que ele conhece (e nunca viu participando de orgias). Ambos decidem transar com ela também.

O sexo acaba.

Ela esquece a bolsa e diz que está tonta. O amigo do cochilo carrega a bota e o casaco da mulher, leva-a para outro lugar e tenta transar com ela no carro. Enjoada, ela passa mal.

Esse é o relato de Clayton Florêncio dos Santos, amigo de Robinho, explicando como o que aconteceu em 2013 não foi estupro. Basicamente descrevendo cenas de estupro. Ele afirma que ela não estava embriagada, ao mesmo tempo em que conta que a jovem saiu da boate descalça, sem a bolsa e que vomitou no seu carro por causa da bebida.

Mas por que então, em um dos grampos obtidos pela polícia italiana, Robinho diz que "a mina estava extremamente embriagada"? Ah, ele tem muita coisa na cabeça, né? De marketing e tal. Não sabia o que estava falando.

E por que o Robinho disse que "comeu a mina" se supostamente não aconteceu nada? Ah, ela só "fez uma chupeta nele", né.

Nove juízes analisaram as provas e ouviram o próprio ex-jogador dizer, nos grampos, que tinha "rangado" uma mina que não sabia nem o que estava acontecendo e que ia "dar um soco na cara dela". Os nove decidiram por sua condenação. Mais duas instâncias confirmaram a decisão. Finalmente, a Justiça brasileira homologou a sentença e o prendeu.

Mas é o pobre Claytinho quem não dorme direito. Que sai em defesa do amigo que falou aquele monte de coisa "brincando". Afinal, foram todos vítimas de uma aproveitadora (que nunca pediu dinheiro, diga-se), que obviamente escolheu transar com todos eles, ao mesmo tempo, na chapelaria de uma boate. Tadinhos.

Ouvindo o depoimento que o amigo de Robinho resolveu dar tantos anos depois, espontaneamente, ao excelente repórter Adriano Wilkson, fica difícil analisar se é dívida, ingenuidade ou pura misoginia mesmo.

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Em todo caso: alô, polícia! Ao que tudo indica, além de estupradores, muitos desses caras são burros também. E estão de bobeira logo ali, na Baixada Santista.

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Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL.

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