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VP e Sampaoli mostram que futebol exige pouco de quem ganha muito

Fábio Santos contou ontem no podcast MunDuMeneses, da ESPN, como era trabalhar com Jorge Sampaoli. Eles estiveram juntos no Atlético-MG, entre 2020 e 2021. Segundo o ex-atleta, ele era "engraçado de tão insuportável".

Confesso que não consigo achar graça em um treinador que nem sequer cumprimenta as pessoas.

"Eu fiquei quatro meses dando bom dia para ele. Depois do quarto mês, eu desisti. Ele olhava para você e não falava 'bom dia'. Eu falava: 'O que esse baixinho está arrumando? Não é possível. Vou insistir'. Os outros caras largaram com 15 dias. [?] Tinha dia que ele chegava legal para caramba, contava história. Pensava: 'Agora vai'. No outro dia, não falava com ninguém", relatou.

Que tipo de líder é esse? O lateral contou que sentia sua energia drenada ao final de cada dia, concluindo por que seus trabalhos duram pouco: é impossível conviver com ele por muito tempo.

"Que baixinho, cara. E a comissão é muito bacana. Inclusive o que deu um boxe [o soco na cara de Pedro, do Flamengo]. Ele chega a ser engraçado de tão insuportável. Você pensa: 'Ele deve estar de sacanagem, não é possível'. O técnico mais louco [com que trabalhei]. E taticamente, eu aprendi muito, porque ele é bom. Não deu tão certo no Flamengo, mas aprendi muita coisa com ele", completou.

O futebol é a normalização do absurdo. Um cara contratado para comandar uma equipe a ignora solenemente. Um membro da sua comissão dá um murro em um jogador do elenco, dentro do vestiário, e a vida segue normalmente. Nem vou entrar aqui nos casos mais graves (já falei de Tite, Daniel Alves e Neymar ontem).

Fábio Santos também falou sobre o trabalho de Vítor Pereira, segundo ele um "gestor horrível", que dizia uma coisa para o grupo e outra para a imprensa. "Jogador estava voltando de lesão, mal fisicamente, ele falava e empurrava culpa para dois e três."

E dane-se. Os caras queimam pontes, elencos, orçamentos, paciência, projetos. Logo logo estão empregados de novo. Embolsando fortunas e repetindo o ciclo de um sistema que exige tão pouco de quem ganha tanto dinheiro.

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Opinião

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL.