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Um Messi vale mais que uma seleção brasileira vazia e sem rumo

Difícil discordar de que Messi jogou mais em 10 minutos ontem do que o Brasil em toda a desastrosa partida contra o Uruguai, em Montevidéu.

Mais de cem minutos com duas finalizações, uma delas de bola parada, nenhuma delas no gol. Um espetáculo que por pouco não trouxe saudade de Dunga.

O mapa de calor mostrava o cerne do problema: uma enorme concentração de posse bola no próprio campo de defesa. Passes certos e inúteis. Sem rumo. Desnecessários.

Neymar nada fez antes de sofrer o que parece uma séria lesão no joelho. Casemiro, Marquinhos e companhia também não brilharam nem antes, nem durante, nem depois. Uma constância de ruindade e ineficiência.

Dunga talvez seja um exagero, mas saudade de Tite até dá para ter. Com igual inexperiência em seleções, Adenor emendou nove vitórias seguidas em sua estreia no ciclo de 2018.

No que pode representar dois terços do seu comando da Amarelinha, Diniz ostenta duas vitórias (uma sobre o saco de pancada ainda zerado que é a Bolívia e uma sobre o Peru, com o gol salvador aos 45 do segundo tempo), um empate contra a Venezuela em casa e essa derrota enfastiante para o Uruguai. Tomou quatro gols em quatro partidas.

Pouco depois, Messi entrava em campo contra o Peru. Aos 31 minutos, deu início a uma jogada ainda no meio-campo e apareceu como num passe de mágica no espaço aberto dentro da área para finalizar com uma categoria que só a ele pertence. Aos 41, Enzo Fernandes cruzou, Alvarez errou a bola e Lionel surgiu novamente para arrematar de maneira indefensável. Como se praticasse outro esporte.

Sabe aquela história do se juntar tudo isso aí não dá um daquele? Hoje, nosso selecionado europeu é isso aí. Enquanto Soteldo amassava a pelota na vitória da Venezuela sobre o Chile, o meia do River Plate De La Cruz fechava o placar contra o Brasil e a estrela da MLS mostrava por que é o segundo maior de todos os tempos, a Seleção não mostrava nada. Nada, nada mesmo.

É como aquela outra história: de onde menos se espera é que não vem nada mesmo. A CBF se curvou a um treinador que só falta dizer que nunca ouviu falar do Brasil e até agora não mostrou interesse público em assumir o posto dado a um interino, que também treina um clube e que chegou a parecer deslumbrado com o cargo. O que o trabalho de um tem a ver com o do outro? Qual o planejamento? A estratégia? Como é feita a gestão de ego da sua maior estrela?

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A resposta para tudo isso se viu ontem. Como diria Adoniran Barbosa, um jacá de vazieza.

O Brasil vai à Copa. Porque todo mundo vai. E é cedo, muito cedo. Mas a julgar pelo que Messi fez ontem e pelo passeio da Inglaterra sobre a Itália, pode acabar só indo mesmo.

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Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL.

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