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Alicia Klein

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

A decepção dessa vez não é Neymar: Tite vai embora sem brilho e sem Copa

Goleiro da Croácia defende pênalti de Rodrygo na Copa do Mundo - JACK GUEZ / AFP
Goleiro da Croácia defende pênalti de Rodrygo na Copa do Mundo Imagem: JACK GUEZ / AFP

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Neymar fez seu oitavo gol em Copas do Mundo e quase classificou o Brasil para as semifinais, no Qatar.

Méritos do craque, sem dúvida. Jogada sua, tabela sua, gol seu.

O crédito, porém, era majoritariamente de Tite. Aos 18 do segundo tempo, com um jogo truncado e muita bola para rolar, o treinador colocou Rodrygo no lugar de Vinicius Jr. Neymar parecia cansado em campo, voltando de lesão. Sempre crucial para a equipe, mas aparentemente longe do auge.

Pensei: erro. Mais chance de Vini arrumar um lance do nada e resolver a partida. Errada, claro, estava eu. Na prorrogação, Neymar deixou sua marca e parecia estar encaminhando a classificação do Brasil

Só que não. Faltando quatro minutos para o fim, em uma bola roubada na defesa, a Croácia armou um contra-ataque de almanaque e, cruelmente, o chute de Bruno Petkovic desviou em Marquinhos e foi balançar a rede de Alisson.

Pênaltis. Esses, sim, verdadeiramente cruéis. Como provou-se.

A Croácia manteve seu impressionante retrospecto de 100% de aproveitamento em disputas por penais em Mundiais. Avançou sobre Dinamarca e Rússia, em 2018, e, agora, sobre o Japão e o Brasil.

Já são vinte anos sem finais. Duas edições seguidas caindo nas quartas para seleções europeias de segundo escalão.

Nesse caso, de quem é a dívida? A quem culpar?

Tite poderia ter armado melhor o time para enfrentar uma equipe que mesmo contra a Coreia do Sul mostrara pouca intenção de agredir? Provavelmente.

Para além das decisões desta sexta, seu retrospecto na Seleção é bonito apenas estatisticamente. Em termos de resultados, de canecos, é pífio. Uma Copa América vencida sobre o Peru. Uma perdida, em pleno Maracanã. Duas quedas precoces em Copas. Duas decepções.

No final das contas, a história do futebol não tem nuances. Registra apenas vencedores e derrotados. Hoje, Tite foi novamente o comandante da derrota. Duvido que a história olhe com carinho para sua trajetória verde-amarela.

Resta-nos especular sobre o futuro.

Por ora, ali no fundo, já começa o samba a tocar.

Solidão apavora

Tudo demorando em ser tão ruim

Mas alguma coisa acontece

No quando agora em mim

Cantando eu mando a tristeza embora

Errata: este conteúdo foi atualizado
Diferentemente do que foi informado, o Brasil enfrentou a Coreia do Sul e não o Japão nesta Copa. O erro já foi corrigido.
Diferentemente do que foi informado, o Brasil venceu o Peru na final da Copa América de 2019. O erra já foi corrigido.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL