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Ronaldo tira Cruzeiro da UTI, bilionário assume e torcida segue no hospital

É difícil não definir a chegada de Ronaldo ao Cruzeiro como uma salvação. Uma salvação barata, afinal bastaram 50 milhões de reais à vista para assumir a SAF do clube, além do compromisso de investir mais 350 milhões nos primeiros cinco anos.

Com uma gestão decente, a dívida despencou, o faturamento subiu (com destaque para os contratos de direito de mídia e placas de campo) e as novas receitas geradas foram reinvestidas, evitando que o Fenômeno precisasse tirar mais dinheiro do bolso.

Agora, pouco mais de dois anos depois, ele repassa a Tara Sports Brasil (detentora de 90% da SAF) a Pedro Lourenço, o Pedrinho BH, dono da quinta maior rede de supermercados do país, por 600 milhões.

O negócio de 400 milhões, na prática significou um aporte de 50, com retorno de até 600.

A torcida talvez não esteja satisfeita. Afinal, segue à deriva, sem controle algum sobre o comando do clube. Entra dono, sai dono, fica-se sabendo pela imprensa.

O próprio Ronaldo disse que pegou o Cruzeiro na UTI e o deixa "confortavelmente no quarto de hospital". Ninguém está feliz no quarto de hospital. Mas a Raposa está na Série A. Para uma entidade que podia ter fechado as portas, depois de gestões literalmente criminosas, é difícil reclamar. Não havia poder de barganha.

O mais triste nessa história toda é ver como os investidores se referem a um clube com a história do Cruzeiro. Ronaldo disse que era inevitável não lembrar do tempo em que, "irresponsavelmente", resolveu comprar a SAF. Lourenço, notório cruzeirense e mecenas, afirmou que entrou agora não por motivos comerciais, mas "por amor" e "carinho".

No que isso depõe a favor do clube, que hoje é, sim, um negócio? Como isso valoriza o produto? Para além de amor e dinheiro, seria bom também um pouco mais de respeito — e sagacidade.

Pensando bem, sagacidade foi o que não faltou ao "irresponsável" Fenômeno, que deve se livrar também do Valladolid, na Espanha, e das cobranças de torcidas bastante irritadas. Afinal, ele não precisa disso. Agora, com alguns muitos milhões pingando na conta, mais do que nunca.

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Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL.

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