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Vitor Camargo: Cinco destaques e observações da semana que passou na NBA

LeBron James disputa bola com Jayson Tatum - Paul Rutherford/USA TODAY Sports
LeBron James disputa bola com Jayson Tatum Imagem: Paul Rutherford/USA TODAY Sports

11/03/2022 04h00

Para fechar a semana, é hora da minha coluna-homenagem ao melhor analista de basquete do planeta, Zach Lowe, que toda sexta feira faz uma coluna de "10 Coisas Que Eu Gosto Ou Não" da NBA.C omo eu não sou nem de longe tão bom quanto ele, eu me contento em trazer a metade disso: cinco destaques ou observações dos últimos dias na NBA, assuntos que não valem uma coluna inteira mas ainda merecem algum destaque.

Vamos a isto.

Jayson Tatum está imparável

Ontem, eu escrevi sobre o que diferentes modelos estatísticos dizem sobre as chances de títulos dos times da NBA, e destaquei que os três tinham o Boston Celtics em muita alta conta. Parte disso é porque Boston tem a melhor defesa da NBA e o melhor saldo de pontos do Leste, e parte porque a equipe tem sido excepcional com seus principais jogadores saudáveis. Mas um aspecto gigante dessa ascensão que não pode ser ignorado é que Jayson Tatum está jogando como um dos melhores jogadores da NBA.

Depois de um começo ruim na temporada, Tatum está imparável; nos seus últimos 10 jogos (oito vitórias de Boston) Tatum tem médias de 34 pontos, 7 rebotes, 5 assistências por jogo, arremessando 50-41-89 de quadra. Sua obra-prima veio no domingo passado, quando Tatum explodiu para 54 pontos em uma vitória gigantesca sobre o Brooklyn Nets, superando Kevin Durant e dominando o jogo no quarto período. Essa jogada, em particular, explodiu cabeças - uma mistura surreal de leitura de jogo, domínio de bola, capacidade atlética e refinamento técnico. Da para contar em uma mão os jogadores da NBA que tem mais recursos técnicos para pontuar que Tatum.

Um ano atrás, essa jogada não aconteceria. Tatum teria segurado a bola para atacar no 1 vs 1, e vendo a dobra chegar, provavelmente subiria para o arremesso. Mas não mais; a agilidade em tomar a decisão, a noção de espaços e da defesa, tudo isso contribui. O jogo desacelerou consideravelmente para Tatum, e isso é notável.

Tatum seguiu esse jogo com 44 pontos na partida seguinte sobre o Charlotte Hornets, dando a ele 98 pontos em um período de dois jogos seguidos - a maior marca de qualquer jogador nessa temporada da NBA (Curiosamente, apenas um outro jogador profissional nos EUA superou essa marca: Nik Stauskas, que anotou 100 pontos no período de dois jogos na G-League; Stauskas que, por coincidência, acabou de assinar com o Boston Celtics). Se JT mantiver esse nível de jogo, os Celtics definitivamente estão na conversa de candidatos ao título.

Apreciando Nikola Jokic

Eu não preciso te dizer que Nikola Jokic, o atual MVP da NBA, é um dos melhores jogadores de basquete do planeta - quiça da história da NBA. Sua temporada possui números nunca antes vistos nos 75 anos da NBA, sua combinação de volume e eficiência é quase impossível, e ele até mesmo vem tendo seu melhor ano defensivo. A sua grandeza não deveria mais nos surpreender.

Ainda assim, eu admito que deixei escapar uma risada quando olhei os seus números nos últimos três jogos, desde sua ausência no confronto contra o Houston Rockets, todas vitórias de Denver:

46 pontos, 12 rebotes e 11 assistências contra os Pelicans;
32 pontos, 15 rebotes e 13 assistências contra os Warriors;
38 pontos, 18 rebotes, 7 assistências contra os Kings.

É surreal sua capacidade de colocar números sem paralelo mantendo uma eficiência única (69% nos arremessos!), ao ponto de que as pessoas quase nem mais piscam ao ver essas obscenidades. Mas talvez o número mais incrível de todos seja esse: Denver está +400 (ou seja, anotou 400 pontos a mais que o adversário) com Jokic em quadra, mas -200 (!!!) com ele no banco. Ele É Denver, e com Murray e Porter Jr fora, ele é o único motivo pelo qual Denver continua competitivo.

Isso faz dele o MVP? Eu não sei, porque a competição é extremamente forte, mas Jokic definitivamente precisa estar na conversa mais uma vez.

Os Knicks voltaram a vencer

Isso não é uma simulação! Depois de uma sequência de singular incompetência na qual perderam 14 de 16 jogos - incluindo CINCO consecutivos com viradas no quarto período - os Knicks finalmente voltaram a vencer; e não apenas a ganhar, mas foram três vitórias seguidas, todas por mais de 15 pontos, sendo duas delas contra times de playoffs em Clippers e Mavericks!

Essa última, em particular, foi uma surpresa: foram TRINTA pontos de vantagem sobre Dallas, uma vitória que quase triplicou (!!) as chances de playoffs dos Knicks, de menos de 1% para 2,5%... o que ainda é muito pouco, é claro. A verdade é que essa sequência dos Knicks provavelmente chega tarde demais para fazer a diferença; com 16 jogos por disputar, a franquia está 4 derrotas atrás da décima colocação do Leste. Para uma franquia que sonhava em voos mais altos, a temporada 2022 não poderia ser uma decepção maior, tanto dentro como fora das quadras.

E se as vitórias tecnicamente afastam a equipe de escolhas melhores de Draft, o consolo para o torcedor dos Knicks é que pelo menos esses jogos estão dando a chance dos seus jovens talentos de se soltarem e testarem seus limites. Immanuel Quickley, em um ano muito decepcionante, explodiu para 21 pontos contra os Clippers, depois 27 contra os Kings; Cam Reddish, que mal vinha jogando, finalmente ganhou minutos e anotou 17 pontos contra LA; e RJ BArrett foi o grande destaque das vitórias, com 24-8-5 de médias. Mais do que subir uma ou duas posições em um Draft fraco, dar a esses jovens jogadores alguma liberdade no que foi essencialmente uma temporada perdida para seu desenvolvimento é fundamental se o time quer resgatar um pouco da mágica de 2021.

Pelicans e Warriors em queda

Perdão, torcedores dos Pelicans, mas a zica é forte; desde que eu escrevi sobre o bom momento dos Pelicans e suas chances de aprontar no play-in, New Orleans perdeu três jogos seguidos e seu bom momento desapareceu. E se duas dessas derrotas foram compreensíveis, contra candidatos ao título como Denver e Memphis, a terceira delas contra o Orlando Magic não tem essa desculpa - embora vale citar que, contra Orlando, a equipe jogou sem Brandon Ingram. Já sem Zion, ter seus DOIS melhores jogadores de fora talvez seja demais para os Pels superarem.

Talvez mais preocupante seja a derrocada dos Warriors, que finalmente interrompeu com uma vitória sobre os Clippers uma sequência de 5 derrotas consecutivas; ainda assim, a equipe está 3-9 nos últimos 12 jogos, e sua defesa despencou desde a lesão de Draymond Green. Uma vez seguros na segunda posição do Oeste, agora os Warriors já estão em terceiro - caminhando para enfrentar os Nuggets - e ameaçando cair ainda mais na tabela. Nós vimos alguns reflexos disso na coluna de ontem, e como os modelos estatísticos não gostam das chances desse time no Oeste.

As pessoas divergem, no entanto, sobre se isso é motivo de se preocupar ou não. Embora Klay ainda não ter recuperado a forma (e as dúvidas se ainda vai) e Steph não esteja acertando as bolas longas no ritmo que nos acostumamos, vale destacar que tudo isso está acontecendo sem seu segundo melhor jogador em Draymond Green. O trio Curry-Klay-Green, aliás, ainda não jogou uma única partida junta. E, embora a ausência de Green obviamente atrapalhe, essas ausências deram aos Warriors a chance de colocar os jovens do seu time em quadra com mais responsabilidade que de costume; Kuminga, em especial, tem aproveitado a chance, com 15 ppg de médias em 57-37-75 nos arremessos desde a saída de Draymond, algo que pode ser fundamental em uma série de playoffs. Então, pelo menos por ora, me coloquem na lista dos que não estão preocupados.

LeBron James, o pontuador

No último sábado, dia 5 de março, LeBron James deu uma declaração reclamando que seu nome nunca era citado quando se discutiam os grandes pontuadores de todos os tempos, embora ele acreditasse estar na conversa. E a verdade é que LeBron tem toda razão: o jogador com mais pontos da história da NBA (temporada regular e playoffs somados), LeBron está chegando a DEZOITO temporadas consecutivas com pelo menos 25 pontos por jogo, e sempre com boa eficiência.

Parte dessa falta de percepção vem de que LeBron é um jogador tão completo, e tão impactante em diversas áreas do jogo - principalmente com seus passes - que a pontuação nem sempre está em primeiro plano; a falta de um jogo ofensivo mais visivelmente diversificado (percepção, não necessariamente a realidade) também ajuda a "esconder" esse aspecto. Mas LeBron está totalmente certo em sua crítica, pois ele definitivamente pertence a esse Panteão.

Mas, mais do que palavras, o Rei sempre acha um jeito de fazer seus argumentos. Dessa vez foi, naquela mesma noite, anotar simplesmente CINQUENTA E SEIS pontos para cima do Golden State Warriors. Eu já falei que esse homem tem 37 anos e está em sua décima nona temporada de NBA?

A temporada dos Lakers pode ser (e é) uma gigantesca catástrofe dentro e fora das quadras, mas LeBron continua um craque absurdo do basquete.