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Jordan era viciado em apostas? "Meu problema era competir muito", diz astro

Jordan foi com o pai a um cassino de Atlantic City horas antes de enfrentar os Knicks em jogo decisivo - NBAE via Getty Images
Jordan foi com o pai a um cassino de Atlantic City horas antes de enfrentar os Knicks em jogo decisivo Imagem: NBAE via Getty Images

Do UOL, em São Paulo (SP)

05/05/2020 04h00

Quem acompanhou a carreira de Michael Jordan sabe o quanto o astro era competitivo em quadra. A necessidade pessoal de vitórias da lenda do Chicago Bulls é repetida a cada capítulo da série documental "Arremesso Final", produção da Netflix em parceria com a ESPN dos Estados Unidos, que vem sendo exibida nas últimas semanas. Diante de um foco quase intransponível, surpreendeu a notícia de que o camisa 23 deixou o hotel da equipe em Nova York para ir a um cassino antes de um jogo decisivo.

Jordan deixou a "concentração" em NY, alugou uma limusine e foi com o pai para Atlantic City, cidade conhecida pelo turismo ligado a jogos de azar e entretenimento. A atitude inesperada de um dos maiores exemplo de profissionalismo da época levantou uma das grandes dúvidas sobre o "mito": ele era viciado em apostas?

A resposta do ex-ala-armador era a mesma. "Eu tenho um problema de competitividade", disse o astro do Chicago Bulls, que chegou a evitar a imprensa por duas semanas para se afastar das perguntas constantes sobre a relação com as apostas esportivas.

"Nunca apostei em jogos e sim em mim mesmo, e era no golfe. Gosto de jogar blackjack? Sim, eu gosto de jogar blackjack. Não há leis contra isso. A liga me ligou e me fez questões sobre isso e disse a eles exatamente o que estava acontecendo", acrescentou.

O caso, contado justamente nos episódios lançados nesta semana pela Netflix, para se julgar o possível vício de Jordan, ocorreu nas finais de Conferência Leste de 1993. Antes da derrota no jogo 2 da série para o New York Knicks, em 25 de maio, o astro foi com o pai para um cassino próximo a Nova Iorque e retornou menos de 20h antes de entrar em quadra.

"Meu pai disse: 'vamos fugir da cidade de Nova York. Vamos você e eu a Atlantic City. Pegamos uma limusine, fomos jogar por algumas horas e voltamos. Todo mundo ficou furioso: 'ele estava no cassino ontem à noite'. Não era tarde, chegamos por volta de 12h30, 1h...", contou Michael Jordan.

Horas depois da noite no cassino, o Chicago Bulls perdeu pela última vez para os Knicks na série. A equipe embalou uma sequência de quatro vitórias consecutivas, ganhou a conferência e rumou para a final da NBA. O terceiro título em sequência na liga veio diante do Phoenix Suns, semanas depois.

Jordan Pistons - Andrew D. Bernstein/NBAE via Getty Images - Andrew D. Bernstein/NBAE via Getty Images
Série sobre a última temporada de Jordan com os Bulls tem feito sucesso na Netflix
Imagem: Andrew D. Bernstein/NBAE via Getty Images

Esta escapada com o pai para o cassino deflagrou os questionamentos sobre o envolvimento de Jordan com as apostas. A imprensa pressionou ainda mais o astro depois do envolvimento com James "Slim" Bouler, a quem conheceu no ambiente do golfe e emprestou 57 mil dólares para o pagamento de dívidas ligadas ao jogo. O jogador prestou depoimento sobre o caso.

Depois de vencer a NBA com os Bulls em 1993 e conviver com o assassinato do pai, em julho de 1993, o ala se afastou do esporte, em atitude que catapultou algumas teorias da conspiração que envolveriam o astro com as apostas.

A NBA, tanto na época quanto na série documental lançada este ano, negou qualquer envolvimento da grande estrela com um dos lados obscuros do esporte. David Stern, comissário da liga durante a Era Jordan, minimizou as críticas sobre o que o astro chamou de competitividade, inclusive com jogos de cartas valendo 1 dólar no avião dos Bulls durante a temporada.