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Bolsonaro diz não precisar de 'cartinha' para defender democracia

Gabriela Vinhal

Do UOL, em Brasília

27/07/2022 19h02Atualizada em 27/07/2022 21h11

O presidente da República, Jair Bolsonaro (PL), afirmou hoje que não precisa de nenhuma "cartinha" para dizer que defende a democracia e que quer, "cada vez mais, cumprir e respeitar a Constituição". A declaração é uma reposta ao manifesto de empresários, artistas, intelectuais e religiosos em defesa do Estado democrático de Direito.

Durante discurso, no fim da tarde desta quarta-feira (27), na convenção nacional do PP, que confirmou apoio à sua tentativa de reeleição, Bolsonaro afirmou ainda que "não precisa de apoio ou sinalização de quem quer que seja".

"Vivemos em um país democrático, defendemos a democracia. Não precisamos de nenhuma cartinha para falar que defendemos a democracia, e que queremos, cada vez mais, nós, cumprir e respeitar a Constituição. Não precisamos, então, de apoio ou sinalização de quem quer que seja para mostrar que o nosso caminho é a democracia, é a liberdade, é o respeito à Constituição", disse o presidente.

O manifesto que motivou a declaração do presidente vem sendo gestado na Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo, circula nas redes sociais desde a semana passada e ganhou assinaturas de peso no mundo empresarial e financeiro — em menos de 24 horas, obteve adesão de 100 mil pessoas após ser aberto ao público.

Bolsonaro rebateu ainda o resultado de pesquisa Datafolha, contratada pelo jornal Folha de S.Paulo e divulgada hoje, que mostrou o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na liderança da corrida à Presidência entre adolescentes e jovens de 12 capitais brasileiras, com 51%, seguido pelo presidente Jair Bolsonaro (PL), com 20%, e pelo ex-ministro Ciro Gomes (PDT), com 12%.

O presidente disse aos aliados presentes que "os números sempre refletem a verdade, "exceto as pesquisas, que nunca acertaram nada e continuam errando. Um dia quem sabe elas aprendam".

Ele foi acompanhado da primeira-dama, Michelle Bolsonaro, ao Auditório Nereu Ramos, na Câmara dos Deputados, em Brasília para participar da cerimônia que confirmou a coligação entre o PP, partido do presidente da Câmara, Arthur Lira, e o PL.

Jair Bolsonaro entre o ministro Ciro Nogueira (Casa Civil) e a primeira-dama, Michelle Bolsonaro, na convenção do PP que oficializou apoio ao PL e à tentativa de reeleição do presidente  - Gabriela Biló /Folhapress - Gabriela Biló /Folhapress
Jair Bolsonaro entre o ministro Ciro Nogueira (Casa Civil) e a primeira-dama, Michelle Bolsonaro, na convenção do PP que oficializou apoio ao PL e à tentativa de reeleição do presidente
Imagem: Gabriela Biló /Folhapress

Manifesto pela democracia

A ser lançado no dia 11 de agosto. em evento na Faculdade de Direito da USP, em São Paulo, a "Carta às brasileiras e aos brasileiros em defesa do Estado Democrático de Direito" já recebeu a assinatura de nomes como o da escritora e presidente interina da ABL (Academia Brasileira de Letras), Nélida Piñon, e da atriz e imortal Fernanda Montenegro.

Os ex-ministros do STF (Supremo Tribunal Federal) Joaquim Barbosa, Francisco Resek e Nelson Jobim também assinaram o documento.

Entre banqueiros e empresários que apoiam o manifesto estão Roberto Setubal e Cândido Bracher (Itaú Unibanco), representantes da indústria como Walter Schalka (Suzano) e de empresas de bens de consumo como Pedro Passos e Guilherme Leal (Natura).

Da área artística assinam a carta Gal Costa, Zélia Duncan, Maria Bethânia e Frejat, além de atores como Antonio Calloni e Bruno Gagliasso. A lista também traz assinaturas de cineastas, escritores e historiadores. Mas, além dos novos adeptos, outras pessoas tentaram invadir os sites que reúnem os dados. A organização informou que, no mesmo período, precisou bloquear 398 ataques hackers.