Topo

Deputado bolsonarista diz ser mimimi acusação de agressão em ato com Freixo

Do UOL, no Rio

16/07/2022 17h49Atualizada em 16/07/2022 18h01

O deputado estadual Rodrigo Amorim (PTB) chamou de "mimimi" a acusação de que ele agrediu apoiadores de Marcelo Freixo (PSB), pré-candidato ao governo do estado do Rio. O episódio ocorreu na manhã deste sábado (16), na Tijuca, zona norte do Rio.

"Obviamente que eles começaram o mimimi de sempre, dizendo que eu era o agressor, porque eles só sabem isso: se vitimizar, cavar pênalti, cair dando gritinhos", afirmou Amorim por meio de seu perfil no Twiter.

De acordo com o deputado, apoiadores de Freixo "começaram a fazer ofensas" contra sua família e contra o presidente Bolsonaro durante um encontro na Praça Saens Peña. "O que eu fiz foi responder no mesmo tom", disse Amorim.

O deputado estadual informou que registrou crime contra a honra na Polícia Civil e queixa de propaganda antecipada ilegal no Ministério Público Eleitoral.

Freixo não estava na hora da confusão

Hoje à tarde, Freixo publicou um vídeo em que afirma que os boletins de ocorrência registrados pelos seus aliados foram enviados à Justiça Eleitoral.

De acordo com os pré-candidatos de esquerda, Freixo saiu da praça pouco após a chegada de Amorim e não estava presente na hora de maior confusão. No fim da manhã, o caso foi registrado na 19ª delegacia como ameaça e injúria. A Ciaf (Coordenadoria de Investigações de Agentes com Foro) conduzirá o inquérito, segundo a Polícia Civil.

Os pré-candidatos afirmam que Amorim e seus apoiadores chegaram à agenda da aliança da esquerda -- divulgada publicamente -- gritando "traficantes e marginais". Houve discussão e os relatos indicam que, ao serem chamados de "milicianos", os homens se exaltaram, quebraram bandeiras e mostraram que estavam armados.

No Twitter, a pré-candidata à Alerj (Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro) Elika Takimoto (PT) publicou um vídeo que mostra uma discussão entre Amorim e um militante de esquerda, não identificado. É possível ouvir troca de xingamentos e ver o deputado do PTB acompanhado por um grande grupo de homens, que também faziam filmagens.

Pratinha (PSB), também pré-candidato a deputado estadual, avaliou que foi uma ação premeditada. "Eles chegaram como em um batalhão, encurralaram o grupo no meio da feira e mostraram armas. Eles querem violência e ódio, não querem debater política", diz.

O também pré-candidato à Alerj Rodrigo Mondego (PT) acompanhou o grupo até a delegacia para registrar a ocorrência. Mondego, que é advogado, disse que o grupo em que Amorim estava, além de fazer ameaças verbais, também "apontou dedo" para militantes e quase derrubou barracas de feirantes que estavam no local.

Mondego diz que viu ao menos cinco homens armados, mas que nenhum deles sacou armas de fogo. Os homens limitaram-se a exibi-las junto ao corpo, de acordo com o pré-candidato. "É uma semana difícil. O nosso medo é sermos mais um Marcelo Arruda", disse Mondego.

A menção de Mondego está relacionada ao tesoureiro do PT em Foz do Iguaçu (PR), Marcelo Arruda, morto por Jorge Guaranho, apoiador de Bolsonaro, durante sua festa com temática petista. Ontem, a Polícia Civil do Paraná finalizou o inquérito e afirmou que o crime não teve motivação política.

Quem é Rodrigo Amorim

O deputado estadual ganhou notoriedade na campanha à Alerj em 2018. Na ocasião, junto com o então candidato a deputado federal Daniel Silveira, ele quebrou uma placa de homenagem à vereadora Marielle Franco (PSOL), assassinada a tiros em março daquele ano.

Os deputados estadual Rodrigo Amorim e federal Daniel Silveira repetiram foto conhecida das eleições de 2018 - Reprodução/VEJA - Reprodução/VEJA
Os deputados estadual Rodrigo Amorim e federal Daniel Silveira repetiram foto conhecida das eleições de 2018
Imagem: Reprodução/VEJA

Quatro anos depois, em março deste ano, Amorim e Silveira posaram para uma foto com a placa quebrada. Anielle Franco, irmã da vereadora e diretora do Instituto Marielle Franco, afirmou na época: "A gente tem diversas pautas importantes acontecendo neste momento no país, no estado, na cidade, e o deputado [Rodrigo Amorim], ao invés de estar trabalhando, focado no que ele foi eleito para fazer, perde tempo lamentavelmente disseminando ódio".

Mais recentemente, no início deste mês, Amorim foi denunciado pelo MPF (Ministério Público Federal) por violência política de gênero. A ação é motivada por ataques transfóbicos feitos por ele em plenário contra a vereadora Benny Briolly (PSOL-RJ), de Niterói (RJ).

Em discurso no plenário da Alerj (Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro) em 17 de junho, Amorim chamou a vereadora de "aberração" e "boizebu" pela sua identidade de gênero.

Em outro trecho do discurso, o parlamentar diz: "sou do tempo em que existiam homens, mulheres, bichas e sapatões, nada mais". Por conta dessas declarações, Benny registrou um boletim de ocorrência contra Amorim na Decradi (Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância).