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Tebet propõe 'pacto de não agressão' entre campanhas após morte de petista

Simone Tebet com o ministro Alexandre de Moraes - Divulgação/Campanha Simone Tebet
Simone Tebet com o ministro Alexandre de Moraes Imagem: Divulgação/Campanha Simone Tebet

Paulo Roberto Netto

Do UOL, em Brasília

13/07/2022 17h03Atualizada em 13/07/2022 17h57

A senadora e pré-candidata à Presidência Simone Tebet (MDB-MS) propôs hoje (13) um "pacto de não agressão" entre as campanhas eleitorais após o assassinato do guarda municipal petista Marcelo Arruda, baleado no fim de semana durante sua festa de aniversário por um agente peniteniciário apoiador do presidente Jair Bolsonaro (PL).

A proposta foi levada em um manifesto entregue ao ministro Alexandre de Moraes, que assumirá a presidência do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) no próximo mês. Além de Tebet, assinaram o documento o senador Confúcio Moura, vice-presidente do MDB, e os presidentes do PSDB, Bruno Araújo, e do Cidadania, Roberto Freire.

Na saída da reunião, Tebet afirmou que a campanha eleitoral "já se iniciou mais violenta" que as anteriores. "A violência política começa cedo, e começa mal, porque ela já começa com um atentado que culminou no assassinato de um manifestante de uma corrente ideológica", disse.

"Mais importante que declararmos que somos a favor da paz, é assumirmos todos nós a responsabilidade de um pacto de não agressão nessa eleição, seja nas ruas, nos palanques, seja nas redes sociais", disse.

Tebet acrescentou que impedir a manifestação de um pré-candidato durante as eleições pode configurar crime eleitoral.

Segundo a pré-candidata, Moraes teria assegurado que a Justiça Eleitoral "estará atenta" durante as eleições. O gabinete do ministro ainda não se pronunciou sobre a reunião.

O manifesto entregue ao TSE não cita diretamente a morte de Arruda, mas afirma que o Brasil registra "episódios muito preocupantes de agressividade", e que é dever das campanhas rechaçar esse tipo de violência.

"Cabe-nos, uma vez mais, reiterar nosso firme compromisso com princípios de boa convivência, civilidade, respeito e tolerância mútuos, ainda que mantenhamos nossas diferenças políticas e ideológicas, como deve ser numa democracia. Assim, propomos um pacto de não agressão entre todas as campanhas, de todos os candidatos, de todos os partidos e coligações", afirma o manifesto.

O documento diz ainda que a campanha assume o compromisso "inegociável" de confiança na Justiça Eleitoral e no reconhecimento do vencedor das urnas.

Preocupação

No domingo (10), após o assassinato do petista, presidenciáveis e autoridades dos três Poderes manifestaram preocupação com uma possível escalada da tensão nas eleições deste ano e condenaram a violência durante a pré-campanha, que terá início oficialmente em agosto.

A repercussão do episódio movimentou grande parte do mundo político em um contexto de disputa polarizada e de acirrada tensão entre petistas e bolsonaristas. Lula declarou solidariedade aos familiares e amigos de Arruda e disse que o agressor, Jorge José da Rocha Guaranho, foi influenciado pelo "discurso de ódio estimulado por um presidente irresponsável".

Bolsonaro, por sua vez, reproduziu mensagens de 2018 nas quais dispensar apoio de quem usa da violência contra opositores, mas acusou a esquerda de recorrer a essa prática. Ontem, o presidente ligou para dois irmãos de Arruda e pediu que ambos participassem de uma coletiva no Planalto com o objetivo de dissociar o crime à sua imagem.

O ato desagradou familiares do petista. Ao UOL, a viúva de Marcelo Arruda, a policial civil Pâmela Suellen Silva, criticou o gesto de Bolsonaro e disse que os dois irmãos não estavam presentes na festa que terminou no assassinato do petista. Ambos são simpatizantes do presidente, mas mantinham uma relação respeitosa com Arruda.

"Não imaginei que Bolsonaro chegasse ao ponto de deturpar a real história, dizer que o cara não foi por motivos políticos lá", lamentou Pâmela. "Então, por que ele foi? Se a gente não conhecia ele, se a gente não sabia quem ele era? Ele tirou a vida do meu marido porque Marcelo era gordo, barrigudo? Óbvio que foi por motivo político".

O ex-presidente Lula considerou ir ao velório de Arruda, mas deixou a ideia de lado em razão de dificuldades logísticas e de segurança. O crime acendeu um alerta ainda maior na campanha do petista e a segurança de Lula em eventos de campanha.

Na semana passada, uma bomba caseira foi lançada contra a multidão que acompanha a participação de Lula em um ato no Rio de Janeiro. O artefato foi lançado por André Stefano Dimitriu Alves de Brito, que teve a prisão em flagrante convertida para preventiva no sábado (9).