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Morte em Foz tem 'nome e endereço de Bolsonaro' e PT vai ao TSE, diz Gleisi

Marcelo Arruda comemorou aniversário de 50 anos com temática petista em Foz do Iguaçu (PR) - Reprodução/Twitter/@gleisi
Marcelo Arruda comemorou aniversário de 50 anos com temática petista em Foz do Iguaçu (PR) Imagem: Reprodução/Twitter/@gleisi

Lucas Borges Teixeira

Do UOL, em São Paulo

11/07/2022 15h05Atualizada em 11/07/2022 16h36

O PT vai ao TSE (Tribunal Superior Eleitoral) para cobrar dispositivos institucionais que evitem a escalada da violência durante a campanha eleitoral. Segundo a presidente do partido, a deputada federal Gleisi Hoffmann (PT-PR), é preciso criar "contrapontos" em especial contra falas do presidente Jair Bolsonaro (PL).

O assunto foi debatido hoje durante reunião da coordenação da pré-candidatura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em São Paulo. Os partidos da aliança pretendem criar um movimento amplo em prol da pacificação das eleições com outros pré-candidatos, mas não contam com a adesão de Bolsonaro.

A iniciativa se dá após a escalada de violência contra a campanha do ex-presidente, como o ataque ao ato no Rio de Janeiro e o assassinato do guarda municipal Marcelo Arruda em Foz do Iguaçu (PR), no último sábado (9).

O argumento é que atos de violência contra a campanha e apoiadores não são casos isolados e que são estimulados por Bolsonaro em suas falas. Ao grupo, o PT distribuiu um dossiê com quase 20 atentados políticos contra a oposição desde o assassinato da vereadora Marielle Franco (PSOL), no Rio de Janeiro, até o de Arruda —sete deles ocorreram neste ano.

"Estamos pedindo para ir amanhã [12] falar junto ao TSE sobre isso. Acho que o TSE precisa fazer uma campanha alertando para a violência política. Eleição não é um campo de guerra, onde você elimina o adversário, eleição você debate propostas", afirmou Gleisi, após a reunião.

A presidente não listou os pedidos a que serão feitos ao Tribunal, mas deixou claro que, para o grupo, as falas de Bolsonaro têm influência direta nos acontecimentos —e, nesse sentido, ele deve ser responsabilizado por isso. Uma das sugestões é que sejam propostas multas ou até penalidades mais duras.

Nós não vivíamos isso no processo eleitoral brasileiro. Isso é recente, tem nome e tem endereço: é o movimento deflagrado por Jair Bolsonaro. É o movimento do ódio, da eliminação. Ele dá as mensagens nas suas lives, pelos seus atos, ele invoca essas pessoas que o apoiam e não têm firmeza das ideias acabem praticando atos como este."
Gleisi Hoffmann, presidente do PT

Arruda foi assassinado a tiros na noite de sábado enquanto comemorava seu aniversário de 50 anos com temática do PT, usando bandeiras, cores do partido e fotos de Lula. Os disparos foram feitos pelo agente penitenciário Jorge José da Rocha Guaranho, que está internado —autoridades divergem sobre seu estado de saúde. Segundo o boletim de ocorrência, ao invadir a festa, ele gritou "aqui é Bolsonaro".

Na manhã de hoje, Bolsonaro reclamou que liguem o ato de Guaranho a seu nome e voltou a citar Adélio Bispo, responsável pela facada contra ele durante a campanha de 2018.

Além de Lula e Gleisi, que esteve no velório de Arruda, participaram da reunião, o ex-governador Geraldo Alckmin (PSB), vice na chapa, o presidente do PSB, Carlos Siqueira, o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), o ex-governador Wellington Dias (PT), e outros presidentes dos sete partidos que compõem a aliança.

A reunião de campanha, marcada desde a semana passada, ganhou atenção especial após o assassinato em Foz e a bomba caseira no ato do Rio. Antes de iniciar o debate, o grupo fez um minuto de silêncio.

O caso do final de semana levantou uma nova questão: de que não basta reforçar apenas a segurança dos pré-candidatos, como já tem sido feito —atualmente, a Polícia Federal já acompanha a caravana de Lula com até 27 homens, se necessário—, mas que é preciso pensar em uma forma de evitar que a violência se espalhe pela sociedade.

"[É mais fácil] combater a violência com os candidatos, aumentar a segurança, tomar cuidado com eventos mais fechados. Agora, combater a violência dentro do povo, com maluco que sai atirando? Aí não é fácil. Só uma campanha da sociedade civil, daqueles que lutam pela democracia", afirmou o deputado Paulinho da Força (SD-SP), presidente do partido, após sair do encontro.

Gleisi disse que deverá procurar diversos partidos para irem juntos ao TSE, o que pode incluir o MDB da senadora Simone Tebet (MDB-MS), o PDT de Ciro Gomes e o União Brasil do deputado Luciano Bivar (União-PE), mas não conta com o PL de Bolsonaro.

"Isso seria ridículo, porque é a campanha dele que está fazendo todo o movimento de ódio, é ele que está instalando", declarou Gleisi.

PT pedirá federalização das investigações do caso

Gleisi afirmou ainda que o PT vai pedir à PGR (Procuradoria-Geral da República) que as investigações do assassinato em Foz sejam federalizadas, e não tratadas como um assunto regional.

O governo do Paraná confirmou na manhã de hoje a saída da delegada Iane Cardoso do comando da investigação após suspeitas de parcialidade.

Segundo a TV Globo, ela fez postagens contra o PT em 2016. "Petista quando não está mentindo está roubando ou cuspindo", teria escrito a delegada. Outra postagem também atribuída à delegada contém as hashtags "#foralula" e "#forapt". A policial negou parcialidade.

Gleisi nega que seja este o motivo do pedido. "Não é um crime comum, não é um crime de briga de vizinhos, como disse o presidente. Isso implica numa questão política e não é isolado. Então, queremos que a União tome conta disso", afirmou.