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Bolsonaro faz novo ataque a Fachin após ser rebatido: 'Dono da verdade?'

11.jun.2022 - O presidente Jair Bolsonaro durante encontro com apoiadores em Orlando (EUA) - Alan Santos/PR
11.jun.2022 - O presidente Jair Bolsonaro durante encontro com apoiadores em Orlando (EUA) Imagem: Alan Santos/PR

Beatriz Gomes e Weudson Ribeiro

Do UOL, em São Paulo, e colaboração para o UOL, em Brasília

13/06/2022 18h34Atualizada em 13/06/2022 22h34

O presidente Jair Bolsonaro (PL) rebateu hoje o presidente do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), ministro Edson Fachin, que havia dito mais cedo que questionamentos ao sistema eletrônico de votação são indevidos. "Ele é o dono da verdade? Ele quer que eu acredite nele? Foi ele que colocou Lula para fora da cadeia. Ele deveria se julgar impedido de estar à frente do processo eleitoral [em que há] um candidato [por quem] ele tem mais que simpatia e deve favores", disse Bolsonaro a jornalistas.

Ontem, em participação na CPAC (Conferência de Ação Política Conservadora), Bolsonaro afirmou que a Comissão de Transparência Eleitoral, liderada pelo TSE, não aceitou uma proposta que teria sido feita pelas Forças Armadas, a fim de viabilizar mecanismo para a contagem simultânea dos votos.

"O próprio TSE convidou as Forças Armadas [a colaborar nas eleições]. Apresentamos sugestões. Apresentamos e no momento ele dizem que aceitaram total ou parcialmente as sugestões. Só que tem uma muito importante que amanhã eu vou me debruçar melhor sobre ela. Eles não aceitaram, ou aceitaram parcialmente, a mais importante, que é a contagem simultânea dos votos", disse Bolsonaro.

Hoje, sem citar Bolsonaro, Fachin disse que as afirmações de Bolsonaro são incorretas. "Disse ontem, dia 12, a alta autoridade que 'a apuração simultânea de votos foi uma alternativa 'muito importante' que ficou de fora'. Com o devido respeito, há um erro de informação. Quem questiona demonstra apenas motivação política ou desconhecimento técnico do assunto", disse Fachin.

TSE esclarece sobre contagem de votos

Em nota, o TSE afirmou que a contagem simultânea de votos já é possível há várias eleições e que implantou novidades para o pleito deste ano, com a publicação dos boletins de urna (BUs) tão logo recebidos após o encerramento da votação. Leia a íntegra:

"Todas as medidas voltadas para garantir ainda mais transparência e segurança nas Eleições 2022 vêm sendo amplamente divulgadas pelo Portal do TSE e pela imprensa, o que leva a crer que questionamentos sobre o assunto acontecem apenas por desconhecimento técnico ou por motivações políticas.

Segundo consta no artigo 230 da Resolução TSE no 23.669, "o Tribunal Superior Eleitoral disponibilizará os Boletins de Urna enviados para totalização e as tabelas de correspondências efetivadas na sua página da internet, ao longo de todo o período de recebimento, como alternativa de visualização, dando ampla divulgação nos meios de comunicação".

Trata-se, portanto, de ferramenta que permitirá a qualquer pessoa ou instituição fazer contagem simultânea de votos. Para isso, é preciso ter acesso à internet, onde estarão disponibilizados os arquivos dos Bus das seções eleitorais.

Tais arquivos correspondem efetivamente os resultados de cada seção eleitoral, disponibilizados em seu formato original. Isto é, sem processamento adicional, o que assegura a origem e a total integridade em relação aos dados emitidos pelas urnas eletrônicas. Tal autenticidade será assegurada por meio de verificação de assinaturas digitais.

De forma complementar, o TSE reforça que, caso a instituição interessada deseje fazer tal contagem antes mesmo da disponibilização na internet, isso também é possível.

A própria Justiça Eleitoral fornece o aplicativo chamado "BU na Mão", capaz de fazer essa leitura. Esse aplicativo não impede que outras instituições façam seus próprios sistemas de leitura dos QRCodes e, a partir de tais leituras, refaçam a totalização dos resultados.

De posse dos BUs que saem das urnas eletrônicas, qualquer instituição pode fazer suas totalizações. É comum, em eleições suplementares, partidos e candidatos que fazem esse processo de totalização por meios próprios e que, às vezes, muito antes da Justiça Eleitoral, já conhecem os resultados, sem que haja registro de qualquer contestação em relação aos divulgados oficialmente.

Por fim, o Tribunal Superior Eleitoral reforça que a Justiça Eleitoral está preparada para conduzir as Eleições Gerais 2022 de forma limpa e transparente, tal como tem feito há 90 anos."