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Contra aliança com Lula e Alckmin, grupo de filiados deixa o PSOL

Lula se encontra com dirigentes de partidos aliados em Belo Horizonte - Ricardo Stuckert
Lula se encontra com dirigentes de partidos aliados em Belo Horizonte Imagem: Ricardo Stuckert

Lucas Borges Teixeira

Do UOL, em São Paulo

01/06/2022 17h28

Um grupo de filiados do PSOL criou um movimento de dissidência do partido em protesto contra a adesão à pré-candidatura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e do ex-governador Geraldo Alckmin (PSB) ao Palácio do Planalto.

Com cerca de 160 participantes até o momento, o grupo divulgou uma carta de desfiliação que prega ruptura pela proximidade com o PT e adesão a movimentos menos à esquerda. Até então, não há nenhum assinante com mandato.

O giro político e ideológico que representa a adesão à candidatura Lula-Alckmin e à federação com a Rede representa um golpe irreparável ao projeto original e aos militantes que construíram o partido como um instrumento de luta dos trabalhadores"
Carta de dissidentes do PSOL

"O PSOL que construímos e no qual militamos com tanta dedicação foi destruído. O partido criado para combater a ordem burguesa deixou de ser um espaço de organização da luta pelo socialismo e pela liberdade", diz o texto, com 20 tópicos. O nome mais relevante entre os filiados é o de nome de Plínio de Arruda Sampaio Júnior, filho do ex-deputado Plínio de Arruda Sampaio, fundador do partido.

Segundo o UOL apurou, o grupo de dissidentes é composto majoritariamente de filiados antipetistas e mais radicais à esquerda e que sempre se postou contra qualquer relação com o PT e contra a federação com a Rede, considerada por eles de centro.

Trata-se de um grupo de oposição ao segmento majoritário no partido hoje, liderado por Guilherme Boulos (PSOL). O ex-candidato à prefeitura de São Paulo foi o principal fiador do apoio à chapa de Lula desde que o ex-presidente deixou a prisão, em 2019.

Os ânimos esquentaram ainda mais quando Boulos, virtual pré-candidato ao governo do estado, decidiu retirar seu nome em prol de Fernando Haddad (PT), em um acordo que, entre outras coisas, inclui o apoio petista ao seu nome à prefeitura paulistana em 2024.

O movimento não foi bem visto em parte do partido, que queria um palanque próprio em São Paulo. Muitos filiados e pré-candidatos ao legislativo reclamaram de subirem em um "puxadinho do PT".

À reportagem, Juliano Medeiros, presidente do partido, afirmou que "não há motivo para preocupação" com a saída de "um pequeno grupo que não entende a gravidade do momento que vivemos sob [o presidente Jair] Bolsonaro".

"O PSOL está no seu melhor momento. São mais de 250 mil filiados, uma bancada combativa na Câmara dos Deputados, presença cada vez mais relevante nos movimentos sociais e perspectivas animadoras para as eleições deste ano", argumenta Medeiros, que fez uma postagem ironizando o grupo nas redes sociais.

"É hora de buscar novos rumos. Na luta política é impossível não cometer erros. Que sejam novos erros", diz a carta.