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Santa Cruz critica Lava Jato e se diz confortável com Lula no palanque

Pedro Vilas Boas e Matheus Mattos

Colaboração para o UOL

16/05/2022 10h20Atualizada em 16/05/2022 15h29

O pré-candidato ao governo do Rio de Janeiro pelo PSD, o advogado Felipe Santa Cruz, criticou a Operação Lava Jato, durante sabatina UOL/Folha realizada hoje, e se disse "confortável" com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em seu palanque.

Ainda como presidente da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil), Santa Cruz se posicionou contra os abusos da operação na época. Hoje, ele reafirmou a posição: "Não há como cumprir a lei fora da lei".

"O Estado age para combater o crime. Se age fora da lei, desautoriza esse processo, e aí o avanço institucional gera retrocesso. Nós tínhamos que ter discutido o aprimoramento das delações."

O ex-juiz Sergio Moro e o ex-coordenador da Lava Jato Deltan Dallagnol também foram avaliados.

"Acho que hoje eles estão no lugar deles, essa arena política é a que optaram. Sinceramente, acho que o grande desserviço do doutor Sergio Moro foi feito lá atrás, distorcendo esse sentimento de combate à corrupção da população em epopeia pessoal."

Palanque com Lula

Ainda sem grandes alianças para sua chapa, ele disse que busca viabilizar um apoio formal, principalmente do PDT.

No âmbito presidencial, disse que o PSD ainda não decidiu quem vai apoiar, após não ter conseguido lançar um candidato próprio, mas se posicionou contra o atual mandatário, Jair Bolsonaro (PL).

"Estou muito confiante no partido e disse, desde o início, que, fora Bolsonaro, eu apoiaria. O Brasil vai escolher entre a democracia ou ter mais quatro anos de erosão das instituições. Vejo com dificuldade hoje a permanência da terceira via forte, acho que a eleição nacional está ficando muito polarizada. Acredito que o primeiro turno pode marcar mais liberdade nos estados, mas, no segundo turno, ser contra Bolsonaro."

Ele manifestou um especial interesse pelo apoio de Lula.

"Ficaria muito confortável com o presidente Lula no meu palanque. Sou filho de fundadores do PT, o presidente foi muito importante na história do Brasil."

Mas também se posicionou a favor de Ciro Gomes: "É um candidato muito bem preparado, que sabe e conhece o Brasil. Ficaríamos todos muito confortáveis".

"Sabemos da seriedade do momento, que o Rio de Janeiro precisa ser resgatado das mãos da mediocridade, decadência, acredito que uma aliança poderá se formar até o prazo final das convenções."

Caso Marielle

A falta de respostas concretas no assassinato da vereadora Marielle Franco e de seu motorista Anderson Gomes ainda é um assunto importante no estado, quatro anos após o crime. Santa Cruz colocou o tema como "prioridade total" em seu eventual governo e revelou um incômodo.

"Passei três anos no Conselho Federal da OAB com a placa da rua Marielle Franco. Me sinto pessoalmente atingido por isso, por esse silêncio que grita aos ouvidos dos cidadãos. No nosso governo será uma prioridade descobrir o mandante do assassinato."

Questionado sobre a efetividade da polícia e as soluções que pretende realizar quando eleito, ele defendeu uma reintegração entre os Poderes.

"Não há saída para o Rio de Janeiro que não passe por uma integração, por arrumar a casa com o Ministério Público, o Poder Judiciário, a Secretaria de Assistência Penitenciária. Ou seja, organizar a polícia e toda área do sistema de Justiça."

Pesquisa Datafolha

Segundo pesquisa Datafolha divulgada em abril, há um empate técnico na liderança entre o deputado federal Marcelo Freixo (PSB) e o atual governador Cláudio Castro (PL).

O terceiro lugar traz oito candidatos tecnicamente empatados: Anthony Garotinho (União Brasil), com 7%; Rodrigo Neves (PDT), com 5%; Eduardo Serra (PCB), com 4%; General Santos Cruz (Podemos), também com 4%; Cyro Garcia (PSTU), com 3%; André Ceciliano (PT), com 2%; Felipe Santa Cruz (PSD), com 2%; e Paulo Ganime (Novo), que tem 1% das intenções de voto.

A margem de erro é de três pontos percentuais, para mais ou para menos.

Calendário das sabatinas no Rio

  • 18/5 - 10h - Rodrigo Neves (PDT)
  • 18/5 - 16h - Anthony Garotinho (União Brasil)
  • 19/5 - 10h - Eduardo Serra (PCB)
  • 19/5 - 16h - Cyro Garcia (PSTU)
  • 20/5 - 10h - Marcelo Freixo (PSB)
  • 20/5 - 16h - Cláudio Castro (PL)

As sabatinas acontecem até o dia 20, sempre ao vivo, com uma hora de duração e com transmissão pela internet nos sites e perfis nas redes sociais do UOL e da Folha. Os entrevistadores serão os colunistas do UOL Kennedy Alencar e Chico Alves e o repórter da Folha Italo Nogueira.