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Lula tem que ousar menos, não pode errar, diz ex-ministro de Dilma

Colaboração para o UOL, em São Paulo

11/05/2022 09h42Atualizada em 11/05/2022 16h14

Para José Eduardo Cardozo, ex-ministro da Justiça, a candidatura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) deve "ousar" menos para não correr o risco de cometer erros.

"A candidatura Lula tem uma dimensão hoje em que o erro é mais perigoso do que a tentativa do acerto", disse ao UOL News - Manhã, programa do Canal UOL, o ex-ministro da Justiça da hoje ex-presidente Dilma Rousseff (PT). "Não precisa ousar tanto", acrescentou.

Na avaliação do ex-AGU (Advogado-Geral da União), isso se justifica pelo fato de Lula liderar todas as pesquisas de intenção de voto sobre as eleições presidenciais de 2022, se colocando à frente do atual presidente, Jair Bolsonaro (PL), que vem logo atrás.

"A impressão é que isso é irreversível: vamos ter ou uma vitória do Lula no primeiro turno, ou uma disputa (com Bolsonaro) no segundo turno", afirmou Cardozo, descartando como relevantes para a disputa qualquer outro candidato, como os da chamada terceira via.

Ainda para Cardozo, situação diferente vive o presidente Jair Bolsonaro, que "tem que ousar e arriscar" para conseguir, em um primeiro passo, no mínimo diminuir a desvantagem em relação ao ex-presidente Lula nas pesquisas de intenção de voto.

"É nessa linha que vejo as declarações que ele faz de deslegitimação antecipada da eleição", pontuou referindo-se às falas em que Bolsonaro, baseando-se em distorções sobre a Justiça Eleitoral e as urnas eletrônicas, ataca a lisura do sistema eleitoral brasileiro.

"Ele começou a movimentar o tabuleiro para desacreditar previamente a eleição para polarizá-la com base nisso e, eventualmente, tentar que, com seus arroubos negadores da institucionalidade, em caso de derrota, ele saia com uma força política", acrescentou.

Além do mais, para o ex-ministro, não foi um erro, mas um acerto a decisão de chamar Geraldo Alckmin (PSB), ex-governador de São Paulo e que construiu uma carreira ligada ao antipetismo e com críticas a Lula, para ser vice na chapa do ex-presidente no pleito que se avizinha.

"Ninguém vai dizer que o Alckmin tem um perfil à esquerda, mas há momentos em que as pessoas têm que conviver com quem não concordam para construir consensos", disse.

Para ele, uma chapa formada por Lula encabeçando-a e Alckmin, historicamente um político ligado a setores mais de centro-direita, "tem uma dimensão simbólica e eleitoral importante".

"Ele virou socialista? Não, mas ele está lá presente num processo de construção democrática contra o fascismo e o autoritarismo", disse, pontuando que, na atual conjuntura, a candidatura de Lula deve buscar consensos com divergentes históricos do projeto político do PT.

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