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França promete acabar com 'cracolândia' e reduzir filmagem de policiais

Henrique Sales Barros e Jessica Bernardo

Colaboração para o UOL, em São Paulo

02/05/2022 10h58Atualizada em 02/05/2022 12h59

O pré-candidato ao governo de São Paulo Márcio França (PSB) declarou que, se eleito, vai acabar com a "cracolândia" em dois anos, zerar a população em situação de rua em um ano e reduzir o tempo de filmagem das câmeras acopladas a uniformes policiais.

As declarações foram feitas durante sabatina UOL/Folha, conduzida pela apresentadora Fabíola Cidral, pelo colunista do UOL Leonardo Sakamoto e pela jornalista da Folha de S.Paulo Carolina Linhares.

França prometeu mudar a forma como funcionam as câmeras instaladas nos uniformes de policiais. "Só vai ligar a câmera quando o profissional estiver em ação", explicou o pré-candidato, que afirmou que os equipamentos ficam ligados durante todo o turno do policial e deixam agentes em situações constrangedoras, filmando idas ao banheiro, por exemplo.

"Quem gostaria de ter 12 horas a sua vida filmada? Vocês aceitariam uma câmera filmando a gente na casa da gente, durante todo o dia? É um abuso", afirmou Márcio França.

As mortes cometidas por policiais militares de São Paulo despencaram nos 18 batalhões que passaram a utilizar câmeras acopladas ao uniforme dos agentes. Dados obtidos pelo UOL revelam queda de 87% nos seis meses após a ampliação do programa Olho Vivo.

O pessebista prometeu que vai acabar com a "cracolândia" em dois anos e zerar o número de pessoas vivendo nas ruas de São Paulo em um ano. Para isso, afirmou que vai apostar no tratamento das pessoas com dependência química utilizando, inclusive, a internação compulsória como ferramenta.

"É um caso de tratamento médico, as pessoas são doentes", disse o pré-candidato. "[Vou fazer] internação compulsória, sim. Há pessoas que não têm condições de avaliar."

França também defendeu a contratação de vagas em hotéis para abrigar as pessoas em situação de rua. "Várias pensões e hotéis estão vazios no centro de São Paulo", disse.

Ele prometeu aumentar a oferta de vagas na Univesp (Universidade Virtual do Estado de São Paulo), oferecendo "faculdade gratuita sem vestibular" para todos os jovens, e disse que vai investir em programas voltados para a juventude.

"Todos os jovens com 18 anos em São Paulo que não tenham emprego e que estejam alistados, todos dispensados, poderiam vir trabalhar conosco durante um ano. Fazem o curso, ficam cinco horas para a gente, tem um salário uniformizado."

O político afirmou, ainda, que não irá aumentar o valor da tarifa de transporte público no estado. Atualmente, a passagem dos trens e do Metrô está em R$ 4,40. Também disse que vai separar a Polícia Civil da Polícia Militar. "Uma vai para a Secretaria de Segurança Pública, outra vai para a Justiça."

Questionado sobre as obras inacabadas do período em que foi governador e vice-governador no estado, disse que "não eram de minha competência" e criticou a falta de entregas de João Doria (PSDB). "Qual foi a obra que o Doria entregou? Que eu lembre, nenhuma."

França disse que faria tudo "completamente diferente" de Doria durante a gestão do estado na pandemia e que o tucano falhou ao permitir a realização do Carnaval em março de 2020 e não fechar aeroportos.

"O Doria errou em tudo. São Paulo teve o maior número de mortes do país", disse. Desde o começo da emergência sanitária, mais de 168 mil pessoas morreram por causa da covid-19 em São Paulo.

Apoio de Lula

O ex-governador de São Paulo Márcio França (PSB) disse hoje que "é natural" que ele busque voltar a ocupar o Poder Executivo paulista, ainda mais por ter perdido em 2018 por uma "diferença pequena" de votos.

"Desde o início eu falei que, como eu havia sido o segundo colocado nas eleições passadas, com uma diferença pequena, e, como as pessoas que votaram no [João] Doria [PSDB] se arrependeram, é natural que eu pleiteasse voltar para a cadeira que ocupei por pouco tempo", afirmou.

Ele foi governador por oito meses, após Geraldo Alckmin sair do cargo para disputar a Presidência em 2018.

França disse que propôs ao PT um levantamento em maio para avaliar qual candidato tem mais chances de trazer votos para a esquerda neste ano. Ele e Fernando Haddad (PT) estão na disputa hoje pela vaga na corrida ao Palácio dos Bandeirantes.

"Está nas mãos do Haddad um acordo correto: topo antecipar um primeiro turno, fazendo uma pesquisa de opinião, em que levaríamos em conta o votar e o que poderia votar. Quando esses componentes estão juntos, vemos números muito próximos entre eu e ele."

Segundo ele, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e a presidente do PT, Gleisi Hoffmann, aceitaram a sugestão sobre a pesquisa de desempenho dos candidatos. O problema, segundo ele, estaria no diretório estadual do partido. "Lula topou, Gleisi topou, mas o diretório do PT em São Paulo ainda quer analisar", afirmou o pré-candidato.

Questionado se esconderia o apoio a Lula ao falar com eleitores do interior do estado, Márcio França disse que nunca faria isso.

Eu sou Lula facinho. Para derrotar o Bolsonaro, eu sou Lula dez vezes."
Márcio França, pré-candidato ao governo de SP pelo PSB

Datafolha

Márcio França (PSB) aparece em segundo lugar na última pesquisa Datafolha, com 20% das intenções de voto, atrás de Fernando Haddad (PT), que registrou 29%. No cenário sem França, Haddad chega a 35% das intenções de voto.

O instituto ouviu 1.806 moradores de 62 cidades paulistas entre 5 e 6 de abril. A margem de erro é de dois pontos percentuais, para mais ou para menos.

Calendário das sabatinas em SP

  • Felício Ramuth (PSD) - 02/05 - 16h
  • Abraham Weintraub (PMB) - 03/05 - 10h
  • Elvis Cézar (PDT) - 03/05 - 16h
  • Rodrigo Garcia (PSDB) - 04/05 - 10h
  • Vinicius Poit (Novo) - 04/05 - 16h
  • Tarcísio de Freitas (Republicanos) - 05/05 - 10h
  • Altino de Melo (PSTU) - 06/05 - 10h
  • Fernando Haddad (PT) - 06/05 - 16h